
Vem do próprio Patrick uma das mais lúcidas análises sobre seu momento no Inter. Antes do jogo contra o Sport, quando teve uma atuação irregular (assim como todo o time), declarou:
— Não venho fazendo bons jogos. Tenho total ciência disso. Pode ser por uma porção de fatores. Ninguém esperava que eu começasse bem o campeonato e ajudasse o Inter dessa maneira. A gente aumenta a atenção dos adversários, que tentam dificultar muito o nosso jogo. Pode ser um pouco de tudo. Também joguei muitas partidas na temporada. Mas não costumo me apegar a isso não.
A autocrítica de Patrick aborda todos os pontos de vistas possíveis para uma análise do momento do meia. Basta recordar a cronologia. Contratado do Sport sem pompa e anunciado no mesmo dia do lateral-direito Dudu, o volante chegou a ser chamado de "gordinho" nos primeiros dias. Depois, suas atuações empolgaram. A polivalência de atuar tanto como segundo homem como um extrema, aquele meia aberto que se junta ao ataque, mostraram um jogador participativo, combativo na defesa e ousado ofensivamente. Começou a entrar na área e a fazer gols. Em agosto, chegou a assumir a liderança de assistências no time. E passou a ganhar marcação extra dos oponentes. Agora, o atleta que mais atuou em 2018 (ao lado de Iago) tenta se reinventar na equipe de Odair Hellmann.
O melhor momento de Patrick veio na metade do primeiro turno. Contra o Vasco, por exemplo, o camisa 88 teve uma atuação destacada, fez gol e até levou cartão amarelo por comemorar usando a máscara do Pantera Negra, personagem da Marvel que retrata um herói africano. Ganhou o carinho da torcida e o respeito dos adversários. Naquele jogo, por exemplo, acertou 91% dos 56 passes que tentou, sendo um para o gol de Nico. Mais: acertou quatro dos cinco lançamentos, venceu 12 das 19 disputas e recuperou a bola cinco vezes.
Na comparação com sua última atuação, diante do Sport, os números são muito melhores. Diante dos pernambucanos, diminuiu o índice de acertos de passe (85%), não deu passes para conclusões, acertou apenas dois lançamentos, seu único chute foi para fora e perdeu mais da metade das disputas.
Internamente, o Inter também identificou queda de rendimento. Uma das causas é justamente o status de "melhor do time" que o meia conquistou. Patrick não se acomodou, longe disso. E também não "mascarou", para usar a linguagem do futebol. Mas, talvez pelo excesso de confiança, eventualmente enfeitou jogadas ou tentou lances de efeito, o que atrapalhou a sequência de ataques, por exemplo. Há conversas com ele – e com todos os jogadores – para retomar a boa campanha e o bom desempenho na hora decisiva do Brasileirão. Para isso ocorrer, é necessário que haja o máximo de titulares possíveis. O desgaste físico também pesa, já que Patrick jogou 41 vezes na temporada.
Apesar do momento, Patrick segue entre os melhores do Brasileirão. Segundo a premiação Bola de Prata, da ESPN, ele aparece ao lado de Rodrigo Dourado na seleção da competição.
— Patrick é aquele volante "box to box". Canhoto, forte, útil. É o volante pela esquerda do tripé colorado. A armação não é sua principal característica. E, sim, a força. A chegada surpresa ao ataque. A composição pelo lado esquerdo da equipe. Quando não atua, a equipe sente muita falta. Noto uma queda de desempenho, mas avalio mais como uma consequência do time como um todo do que individual — aponta o comentarista da ESPN Arnaldo Ribeiro.