Em 1935, o físico austríaco Erwin Schrödinger propôs uma experiência teórica na qual um gato hipotético, preso em uma hipotética caixa, está - ao mesmo tempo - vivo e morto. Era uma sacanagem - maravilhosamente elaborada e estruturada - do Schrödinger para mostrar como alguns conceitos da mecânica quântica poderiam parecer estranhos quando aplicados a uma situação real. Há um gato, mas não se sabe se ele vive ou se morre.
Em 2015, o então presidente (e que isso não se repita) Vitório Piffero propôs uma mudança real no vestiário colorado. Em busca de um "fato novo" antes daquele que seria o Gre-Nal mais tenebroso dos últimos 100 anos, demitiu Diego Aguirre. Era uma sacanagem - tenebrosamente elaborada - do Piffero para mostrar que não há limites para a falta de inteligência humana.
Desde então, dizem que há algum treinador no comando da casamata do time, mas, assim como na história do gato de Schrödinger, não conseguimos saber ao certo. Ficamos, nós em uma situação de comando "vivomorto". Há alguém ali, à beira do campo, gritando coisas. Mas também parece que não há. Difícil, esse negócio de paradoxo.
Entre a demissão do uruguaio e o dia de hoje, utilizaram o boné de treinador do Sport Club Internacional Argel Fucks, Paulo Roberto Falcão, Celso Roth, Lisca, Antônio Carlos Zago, Guto Ferreira e Odair Hellmann. Todos chegaram com o aval da nunca confiável "convicção" das direções que nesses nomes apostaram (e "aposta" é o termo correto, já que nenhum treinador chegou com status de confiável por aqui).
Somam-se todos os quatro treinadores de 2016 e nada se consegue tirar de resultado em campo. O desempenho pífio na temporada do rebaixamento levantava dúvidas sobre o que demônios se trabalhava durante as semanas e semanas de treinamento no "CT" do Parque Gigante. Mistura-se com todos os três treinadores de 2017 e ainda assim não há caldo. A única conclusão possível a ser tirada na nossa Série B é que este é um campeonato patético, fraco e capenga. Só assim para um time medíocre como o nosso daquele ano conseguir subir com rodadas de antecedência. De futebol, evolução ou estilo de jogo não se salva nada.
Assim, meio que de qualquer jeito e sem reestruturação alguma, voltamos à elite. Fomos eliminados no Gauchão. Fomos eliminados para o VITÓRIA DA BAHIA na Copa do Brasil em uma fase tão inicial que sequer tem nome bonito: 16 avos de final. É maio e, mesmo com pré-temporada, grandes hiatos de jogos e semanas vazias para treinamentos, o Inter não sabe trocar três passes. O Inter não tem aproximação. O Inter não sabe o que fazer com o objeto bola de futebol.
Não há análise possível para uma partida como a que assistimos no último domingo, contra o Flamengo, que não acabe com: mas, tchê, tem alguém treinando esses caras durante a semana?
Honestamente, não tenho resposta. Se desde 1935 o mundo científico elabora saídas e soluções para a sacanagem proposta por Schrödinger, quem sou eu para conseguir resolver um problema criado por Piffero. Assim seguimos, a caixa é a nossa casamata. O gato é o nosso treinador. E, de três anos para cá, não sabemos se ele está ali ou não.
Paradoxo é um troço complicado mesmo.