O empate do Inter com o Vila Nova em 1 a 1 foi tão frustrante que terminou com o projeto Guto Ferreira. O técnico e toda sua comissão técnica foram demitidos. Odair Hellmann assume até o final do ano com o objetivo de conquistar o tal ponto que falta para, enfim, o time sair da Série B. Na 35ª rodada, o Beira-Rio voltou a ter o cenário do começo da Segunda Divisão, com protestos de torcedores e ação da Brigada Militar.
Mais de 30 mil pessoas foram ao estádio confiantes. O resultado paralelo ajudou, a equipe só precisava de uma vitória para terminar definitivamente com o sofrimento e retornar à elite, havia sol e temperatura amena. Tudo conspirava pelo resultado que faltava. O início também empolgou: aos 12 minutos, Cláudio Winck fez 1 a 0.
Mas em vez de tranquilizar o grupo, causou efeito inverso. Recuo excessivo, nervosismo excessivo e erros excessivos colorados fizeram os goianos crescerem e chegarem ao empate aos quatro do segundo tempo. Uma partida maluca dali em diante deu chance de vitória para os dois lados.
Danilo Fernandes, que falhou no gol, conseguiu impedir a virada. O travessão evitou o gol colorado nos acréscimos. O apito final acabou sonorizado pelas vaias e pelos protestos do lado de fora.
Pouco mais de meia hora depois, o vice de futebol Roberto Melo apareceu na sala de entrevistas. O assessor de imprensa Gabriel Cardoso informou: primeiro viria um pronunciamento, depois seria aberto a perguntas. Guto estava fora.
— Gostaria de comunicar a todos que a partir de hoje (sábado), decidimos fazer uma troca no comando técnico da equipe. Guto e sua comissão técnica estão deixando o comando. A partir de domingo, Odair (Hellmann) assume — disse.
D'Alessandro: "A maior parcela de culpa é nossa"
Ao mesmo tempo que falava, torcedores comemoravam no pátio, carros buzinavam e houve até aplausos de sócios e conselheiros que, sabe-se lá por que, estavam na sala de conferências.
— Os treinadores são sempre alvo de muito crítica, de muito questionamento. Mas não se toma uma decisão com essa profundidade por causa de vaia ou por causa de uma ou outra derrota. Tem que ter um diagnóstico, tem que ter uma conversa. Caiu o desempenho. Sofremos muito defensivamente contra o CRB, contra o Luverdense, e hoje também. No somatório do diagnóstico, a decisão foi essa — justificou o presidente Marcelo Medeiros, que completou: — O trabalho do Guto nos trouxe até aqui. Mas a gente chegou à conclusão de que, neste momento, esse é o caminho melhor para o clube. O Odair, que já mostrou sua capacidade quando assumiu na transição, será o nosso treinador nos últimos três jogos. Este grupo tem muito a render, como rendeu ao longo da competição. Nossa obrigação é levar o Inter à Série A. Depois nós vamos nos preocupar com o término da tabela.
Houve uma sincronia, inclusive, nos discursos. Antes de Medeiros, Melo já havia declarado que não queria "colocar a culpa toda no treinador, todos têm suas responsabilidade". Depois, D'Alessandro também falou sobre a saída do treinador:
— A situação do treinador é triste, porque, quando cai o técnico, tem uma porcentagem de culpa nossa. Mas a maior parte é nossa, é de cada um de nós. Somos nós que jogamos, numa bola parada nos desconcentramos e fizemos com que o adversário faça o gol. Obviamente ele tem sua parcela, não podemos mentir. Mas a maior é nossa.
Agora, a direção do Inter tratará de estabelecer um nome que agrade a todos os ambientes do clube para o ano que vem, principalmente depois que o acesso à Série A for, enfim, matemático. Há nomes especulados: Abel Braga, Roger Machado, Cuca, Jair Ventura, Paulo César Carpegiani... Segundo Roberto Melo, existe um perfil definido. Resta ver qual será.