
Não foi uma atuação brilhante, e o resultado complicou a situação do Inter na Copa do Brasil. Ainda assim, os 90 minutos intensos diante do Corinthians trouxeram boas notícias. Pela primeira vez na temporada, o desempenho foi sólido em todo o jogo, e não apenas em porções entrecortadas por momentos de desajuste.
A seguir, veja em que pontos o Inter evoluiu, em que patamar está o processo de construção do time de Zago e o que pode se esperar do ano a partir do crescimento nas últimas rodadas.
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Modelo tático
– Há quanto tempo não víamos um time atuando em losango?
A pergunta retórica é de Paulo Vinicius Coelho, comentarista dos canais Fox Sports. O 4-4-2 com o meio desenhado em losango (Dourado na primeira função, Edenílson pela direita, Uendel na esquerda e D'Alessandro avançado), firmou-se como opção preferencial do treinador.
A escolha por um tripé de volantes à frente da área ganhou força no Gre-Nal, quando Zago voltou do intervalo em um 4-3-2-1, com o trio ultra ofensivo formado por Dourado, D'Alessandro e Uendel nas posições mais recuadas do setor. Com o retorno de Carlinhos, devolvendo Uendel ao meio, e a chegada de Edenilson, D'Ale já não precisa retornar tanto para ajudar na saída de bola. O trio Dourado, Edenilson e Uendel se encarrega do início das jogadas.
– É um sistema que prioriza o D'Alessandro – completa PVC.
O modelo ganha consistência com a tarefa defensiva de Nico López. Encarregado de retornar para fechar o lado direito da defesa, o uruguaio auxilia no esforço de marcação.
– Me chamou a atenção a participação do Nico López, correndo, voltando e ajudando na marcação – destaca Sérgio Xavier Filho, comentarista dos canais SporTV.

Aproximação
O Inter dos últimos jogos busca trocas de passes curtos, com aproximação entre os jogadores, especialmente dos lados do campo.
– Há a formação de trios pelos lados. Na direita, vimos o Nico López e o D'Alessandro aparecendo como opção, junto com William e Edenilson. Contra o Corinthians, faltou esse terceiro elemento pela esquerda, mas havia a saída com o Carlinhos e o Uendel – analisa PVC.
A movimentação intensa de Edenilson auxilia na evolução. Como não para de se deslocar, o volante se apresenta como alternativa de passe para dar sequência às jogadas.
O trauma está superado?
Para Mauro Betting, comentarista dos canais Esporte Interativo, a busca incessante pelo resultado diante do Corinthians é um sinal de evolução do Inter na questão anímica.
– O Inter mostrou maturidade de buscar o placar. Ano passado, houve jogos em que o time ainda tinha condições matemáticas de se salvar, mas parecia não ter forças. Vimos alguns resultados estranhos, com desempenhos estranhos. Faltava atitude competitiva – lembra.
Xavier, porém, alerta que ainda é cedo para dizer que as repercussões do rebaixamento estão superadas:
– É uma pergunta que ainda não tem resposta. Contra o Corinthians, o Inter empatou logo depois de sofrer o gol. Não ficou muito tempo lidando com a adversidade no placar.
Perspectiva para o ano
Com exceção do Vasco, que penou para subir no ano passado, clubes grandes têm navegado com tranquilidade pela Série B desde que a fórmula de disputa passou a ser em pontos corridos. Ainda assim, comentaristas alertam para a dificuldade de fazer qualquer projeção tão cedo no ano.
– No Brasil, temos três, quatro temporadas dentro da mesma temporada. O Vasco fez um excelente Estadual, disparou no primeiro turno da Série B e depois caiu muito de produção – lembra PVC.
Há preocupação com a irregularidade do Inter, que teve apenas alguns momentos esporádicos de bom futebol em 2017 e não tem resultados convincentes até aqui. Por outro lado, o grupo de jogadores parece ser superior aos dos adversários na segunda divisão.
– O Inter tem um grupo de Série A. Fez contratações de Série A. Basta olhar para a folha salarial para constatar – afirma Xavier.
Onde entra Pottker?
Oscilações à parte, Zago parece ter encontrado uma formação e um time-base. Só que há mais uma peça a desembarcar: o atacante William Pottker, da Ponte Preta. Por ser versátil, o jogador ameaça a titularidade de mais de um atacante.
– Me parece que ele entra naturalmente na vaga do Brenner. É um jogador com mais recurso, veloz e abre espaço para os companheiros – diz PVC.
Xavier discorda:
– Ele pode atuar em três posições: aberto pela direita, pela esquerda ou como centroavante. Mas ele se sente melhor do lado direito. Entraria no lugar do Nico López.
* ZH Esportes