Uma audiência marcada para o dia 23 de março promete definir o que acontecerá com os nove detidos na noite de quarta-feira a poucas horas da partida entre Inter x Avaí, no Beira-Rio. Até lá, os torcedores - integrantes das organizadas Guarda Popular e Nação Independente - estão proibidos de frequentar estádios nos quais o Inter atuar.
Por decisão da Justiça, eles terão de se apresentar a delegacias nos dias das partidas. Dois adolescentes, que também estavam no tumulto, foram encaminhados à Delegacia de Polícia para Crianças e Adolescentes (Deca). As torcidas foram punidas por 90 dias, ou até que sejam apontados todos os envolvidos na confusão.
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Os dois grupos, munidos de paus e pedras, entraram em confronto na Avenida Borges de Medeiros, em local próximo ao Parque Marinha do Brasil, a poucos metros do hotel em que a delegação colorada concentra antes de seus jogos. Dois dos envolvidos foram levados ao Hospital de Pronto Socorro com ferimentos. Após atendimento, foram liberados.
Os relatos sobre a motivação a respeito do tumulto são distintos. Informações vindas do Beira-Rio dão conta de que se trata de disputa pelo poder na Guarda Popular após a prisão de Gilberto Bitencourt Viegas, o Giba do Trem, líder da Popular preso em setembro do ano passado. Entre os colorados, a rixa é pessoal, extracampo, e não entre as organizadas. Os envolvidos, de acordo com a Brigada Militar, têm antecedentes criminais. Mas nada ligado a confusões em estádios. A direção do Inter apura se os torcedores pertencem ao quadro social do clube.
- Não temos nada contra a Popular. É coisa lá do trem, de Canoas, de Sapucaia. É coisa de bairro. É deles lá. Fica difícil ter controle - apontou Eduardo Da Silva Rodrigues, o Capitinga, presidente da Nação. - Estamos apurando, conversando com o nosso pessoal. Os que já foram pegos estão punidos, né? Dependendo, se for reincidente, já causou tumulto maior, pode ser excluído da torcida, sim. Mas não quero me precipitar. Nesses assuntos temos de ter calma para tratar - completou Capitinga. A Guarda Popular foi contatada por ZH, mas não atendeu à reportagem.
Pedaços de pau utilizados na briga e apreendidos pela Brigada Militar.
O juiz Marco Aurélio Martins Xavier defende a punição das torcidas para que a violência nos estádios não seja banalizada. Como ainda não há informações precisas sobre as circunstâncias da confusão e a gravidade das lesões dos feridos, não foi possível determinar quais crimes foram cometidos. Por isso, o Juizado do Torcedor acolheu o pedido do Ministério Público e aplicou a medida cautelar.
A banda da Guarda Popular, contudo, segue com permissão para atuar - desde que sem uniformes e caracterização típica da organizada. A Guarda Popular já estava sob efeito de outra medida semelhante por conta de uma briga em que se envolveu com a Camisa 12, antes do último Gre-Nal de 2015, em 23 de novembro.
- Pediremos os prontuários dos acusados lesionados junto ao HPS. Por enquanto, os indiciados estão tipificados no artigo 41-B do Estatuto do Torcedor: uma rixa desportiva. Mas, dependendo das provas colhidas no HPS, podem ser enquadrados até mesmo em tentativa de homicídio ou até mesmo corrupção de menores, devido ao envolvimento de adolescentes no ocorrido - disse Xavier.
O histórico de violência envolvendo a Nação e a Popular tem casos recentes. Em julho de 2014, integrantes das duas organizadas brigaram em uma loja de conveniências de um posto de gasolina, após jogo entre Inter x Flamengo. No ano passado, após a partida diante do Coritiba, em junho, três integrantes da Nação Independente agrediram um torcedor no pátio do Beira-Rio. Em setembro, na madrugada, antes da viagem da Popular a Curitiba, uma pessoa foi agredida com gravidade e teve de ser hospitalizada.
* ZHESPORTES
Confronto
VÍDEO: imagens mostram tumulto entre organizadas antes de Inter x Avaí
Guarda Popular e Nação Independente estão proibidos de frequentar estádios nos quais o Inter atuar
Alexandre Ernst
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