A chegada de Luiz Felipe Scolari ao Grêmio mexeu com a hierarquia do elenco e deu oportunidades para novos jogadores ganharem espaço, mas também ofereceu chance de recuperação para outros. Nesse segundo caso se encaixam Alisson e Lucas Silva. Muitas vezes contestados e até hoje sem confiança total da torcida, o atacante e o volante se tornaram peças-chave para o treinador.
Alisson é o mais titular dos jogadores de linha de Felipão. O camisa 23 iniciou 16 das 17 partidas desde a chegada do treinador. A única que ficou ausente foi na volta das quartas de final da Copa do Brasil contra o Flamengo, quando o Grêmio teve um time misto. Apenas o goleiro Gabriel Chapecó esteve como titular em tantos jogos na Era Scolari.
Ainda no começo do seu trabalho, o técnico tratou de ressaltar sua confiança em Alisson, que naquele momento voltava da grave lesão ligamentar sofrida no tornozelo direito na partida contra o La Equidad, pela Copa Sul-Americana, em abril, que o tirou de combate durante quase toda a passagem de Tiago Nunes pela Arena.
— O Alisson é um jogador altamente tático. Anteriormente, quando assistia aos jogos do Grêmio, eu via o Alisson fazendo exatamente o que o Renato pedia. O Alisson é extremamente tático, é um jogador que qualquer técnico no mundo quer ter — declarou após a vitória de 1 a 0 sobre o Fluminense, a primeira do Grêmio no Brasileirão, conquistada com um pênalti sofrido por Alisson.
Ex-jogador do Tricolor e atualmente técnico, Pingo explica por que Alisson costuma agradar aos treinadores mesmo que não chame tanto atenção da torcida.
— Por ser um atacante versátil e taticamente isso é muito importante. É um jogador que tem uma capacidade própria de observar quando tem que fechar, marcar ou atacar. Ele tem o "timing" para entender cada momento. É importante para o treinador porque se ganha tempo. O técnico não precisa perder tempo corrigindo, mostrando, ensinando. O Alisson já era importante no esquema do Renato e, com certeza, o Felipão via isso de fora — analisa.
Diferente de Alisson, Lucas Silva não foi titular desde o início desta nova trajetória de Felipão pela Arena. Atrás dos garotos Victor Bobsin e Fernando Henrique nos tempos de Tiago Nunes, ele não foi utilizado em quatro dos primeiros cinco jogos da nova comissão técnica. A situação passou a mudar a partir do confronto com o Vitória, pela Copa do Brasil. Lucas Silva aproveitou o uso de um time misto para ganhar a confiança do treinador.
Desde então, ele foi titular em oito das 12 partidas do Grêmio – entrou no decorrer de outras três. O uso de uma formação com três volantes ajudou para sua afirmação na equipe de Felipão.
Com a experiência de ter sido volante de Felipão, Pingo afirma que Thiago Santos, Lucas Silva e Villasanti têm sido complementares para atender ao que o modelo de jogo do treinador necessita no momento.
— São volantes que apresentam uma certa técnica, com qualidade no passe. O Lucas Silva é um jogador de qualidade e que ajudou a acertar o meio-campo do Grêmio. O Felipão coloca três volantes, mas dá muita liberdade para os meio-campistas chegarem ao ataque. Na nossa época (em 1994, ano da conquista do bi da Copa do Brasil), ele chegou a usar o Jamir, Emerson e eu juntos e teve resultado. O Felipão cobra taticamente, mas sabe dar liberdade para o atleta. O Grêmio vem crescendo. Hoje não se resolve só no grito, isso não existe mais. Tem que fazer o time jogar e o Felipão tem conseguido isso — afirma.
Com Alisson e Lucas Silva como titulares, o Grêmio irá a Curitiba neste domingo, às 18h15min, encarar o Athletico-PR com a possibilidade de deixar a zona de rebaixamento pela primeira vez após 111 dias entre os quatro últimos do Brasileirão.
Com Felipão
Alisson
- Titular em 16 dos 17 jogos (junto com Chapecó, quem foi mais vezes titular com Felipão)
- 1 gol
- 2 assistências
- * sofreu os pênaltis que garantiram vitórias sobre Fluminense e Cuiabá
Lucas Silva
- Nos primeiros cinco jogos de Felipão: titular em um (não foi utilizado nos outros quatro)
- Nos 12 jogos seguintes: titular em oito (entrou em outros três)
- 1 assistência