A transferência do jogo entre Grêmio e Independiente del Valle do Equador para o Paraguai pode ter sido um precedente que ameaça a realização da Libertadores 2021 como foi planejada pela Conmebol. Isso porque o protocolo sanitário da entidade, aprovado pelos 10 governos federais envolvidos na disputa, em fevereiro, recomenda que as delegações das equipes respeitem as limitações de viagem impostas por cada país.
No entanto, o mês de abril começa com pelo menos cinco nações vizinhas determinando quarentena ou impedindo a entrada de viajantes que cheguem de voos brasileiros. Assim, o pedido feito pelo governo do Equador para que a Conmebol não realizasse o jogo em Quito, atendido pela entidade, pode se repetir em outros países.
O protocolo da entidade continental afirma que "todas as equipes participantes nas competições oficiais da Conmebol deverão seguir rigorosamente as recomendações publicadas em relação as viagens, deslocamentos e treinamentos, bem como os protocolos sanitários estabelecidos pelas autoridades de cada país. As delegações deverão consultar os processos migratórios de entrada a cada país".
O problema é que há exceções abertas apenas para delegações envolvidas nas competições da Conmebol — como nos casos de Argentina, Chile e Paraguai. As proibições, que podem surgir a partir do precedente do Equador, potencializam a chance de atrito entre a entidade e os governos federais após ter havido um acordo antes do início da competição para permitir a realização dos jogos.
Chile, Colômbia e Peru não permitem a entrada de brasileiros desde o dia 1º de abril. A Argentina não realiza nenhum voo comercial neste período. Equador, Paraguai, Bolívia e demais países autorizam a entrada de viajantes que apresentem teste PCR negativo nos dias anteriores ao embarque.
A Secretaria Nacional de Esportes do Paraguai, em cooperação com o Ministério da Saúde Pública e Bem Estar Social do país, confirmou a realização do jogo entre Grêmio e Independiente del Valle através de nota oficial divulgada nesta quarta:
"Todas as competições esportivas (...) prosseguirão normalmente seguindo os protocolos sanitários aprovados, que serão respeitados estritamente. Assim, serão cumpridos todos os compromissos internacionais previstos no calendário de jogos organizados no nosso país pela Conmebol".
Cenário sul-americano e exceções para o futebol
O subcontinente passa por um momento de aumento nos casos e mortes, no que é considerada a segunda onda da pandemia na região. Medidas mais rígidas de entrada e circulação nos territórios nacionais foram adotadas depois de o Brasil registrar recordes de mortes e novos casos em sequência entre o final de março e começo de abril.
A Argentina registrou, na terça-feira, o maior número de novos infectados em toda pandemia e não autorizou nenhum voo comercial em seu território na primeira semana de abril. Mesmo assim, o Palmeiras está em Buenos Aires para enfrentar o Defensa y Justicia pela Recopa Sul-Americana, e o Santos jogou com o San Lorenzo, na terça, pela Libertadores.