Em 4 de junho de 2020, no auge do distanciamento social provocado pela pandemia, o calendário do futebol estava parado e a Rádio Gaúcha se tomou de nostalgia.
Nesse contexto, Diori Vasconcelos e eu entrevistamos Léo Batista, o homem que personificou o esporte na TV Globo, que nos deixou neste domingo (19) aos 92 anos. Ele falou por quase uma hora no Show dos Esportes.
O resultado dessa grande entrevista você pode ouvir no áudio a seguir.
Leia a entrevista na íntegra
Luciano Périco: E agora a gente vai fazer um contato, confesso que eu tô nervoso, porque é um cara que eu sou fã, e a gente conversar com um ídolo é sempre algo emocionante. Ele é a cara do esporte da TV Globo. Ele é a figura que personifica a história do esporte na principal emissora de TV do país. Léo Batista, obrigado por nos atender aqui na Gaúcha. Boa noite.
Léo Batista: Poxa, cara, depois dessa apresentação eu já tô já tô embaixo da cama aqui, tô com frio danado aqui, quer dizer, frio aqui pra nós no Rio de Janeiro, que é brincadeira, pra vocês aí seria verão, né? Mas eu tô dizendo, depois dessa apresentação eu tô com vergonha, eu vou entrar embaixo da cama, quer dizer, que eu sou a, como é a personificação do, não sei o quê.
LP: Ah, mas a imagem, imagem do esporte da Globo.
Léo: Não exagera que eu vou, bom, agora não adianta nem nessa época pedir aumento lá depois desses elogios todos, porque eles já estão fazendo muito de pagar pra eu ficar em casa de "oitentena", eu tô de "oitentena" aqui há três meses já, tô até com vergonha, eu quero, tô doido pra trabalhar, gosto de trabalhar, amo o que eu faço e não estão me deixando, quer dizer, não estão. Essa doença desgraçada, se ela passar por aí, esse coronavírus, dá uns três tiros nesse desgraçado desse bicho aí.
LP: Tem que achar esse bicho e acabar com ele, arrumar uma vacina pra gente voltar, né, Léo, a ter uma vida normal.
Léo: Tá louco. Pois é, rapaz, isso é um, que coisa, né? E cada vez tá pior, tá pior, quer dizer, alguns países aí, eu tava vendo o noticiário agora, melhorou um pouquinho e tal, as pesquisas de vacinas, de remédios estão devagar, agora aqui no Brasil, eu não sei, acho que ficou todo mundo distraído aí, ou com má vontade, ou achando que a lua é um queijo, eu não sei o que aconteceu, que de repente, olha aí, nós estamos caindo, caindo no ranking, né? Quer dizer, caindo não, ao contrário, né? Aumentando, subindo, quer dizer, é, tá cada vez pior e a perspectiva é cada vez mais assustadora. Bom, vou mudar de assunto porque, é...
LP: Se não a gente se deprime, né? Na verdade é isso.
Léo: É isso, né. A gente tá fazendo força, eu e todo mundo, mas, pô, chega a hora que não dá, rapaz, eu tenho momentos que começam a me dar desespero, né? Ontem, por exemplo, eu perdi um amigo, é, que me ajudou, inclusive, há muitos anos atrás, a fazer o Globo Esporte, o Esporte Espetacular, o Milton Campos, que é um rapaz, poxa, é, que eu, é, tinha como um irmão, mais do que isso, mais do que parente, mais do que tudo e, de repente, ele acabou embarcando nessa aí, eu tô chateado. Bom, vamos lá, então.
LP: Deixa eu te perguntar a primeira coisa, então, vamos lá pro início, por que que João virou Léo?
Léo: Ah, eu vou, pela bilionésima vez, vou contar a história, então. O negócio é o seguinte, eu comecei no, em 1947, é, né? Era garoto, tinha 15 anos, no serviço de alto-falantes lá de Cordeirópolis, a minha cidade do interior de São Paulo, eu sou filho de imigrantes italianos, né? Pai e mãe que vieram da, da, da Itália depois da Primeira Guerra e tal e, bom, eu sou, então, em 47, eu tinha, eu tava estudando em Campinas e num colégio de padre, lá. Eu vim de férias em casa e de repente eu percebi que a situação tava ruim e tal, e ao invés de voltar pro colégio, que seria o correto, eu resolvi ficar pra ajudar, ajudar meu pai, enfim, a minha mãe, minhas irmãs, pra melhorar um pouco, que a situação tava muito braba.
Bom, aí aconteceu o seguinte, a gente montou uma pensãozinha lá e tal, pra quebrar o galho e coisa, né? E, e, e numa hora lá que eu estava descansando, acho que foi depois do almoço, que eu era garçom, servia lá as mesas e minha mãe cozinhava, meu pai gerenciava lá meio doente e tal, aí eu vi o pessoal esticando os fios na rua lá, o que é isso aí? É um serviço de alto-falantes que nós estamos correndo aqui porque vamos inaugurar logo mais. Aí um dos, eram dois sócios, né? Um deles me disse, ah, dá um pulo lá, vai lá de noite lá no estúdio, ali na praça, né? Vai lá no estúdio pra participar da festinha lá de inauguração
Aí eu pensei, pô, inauguração de alto-falante, o que que eu, eu tô preocupado em servir o jantar aqui, carregar prato e ajudar a lavar os talheres.
Bom, quando, aí à noite, umas oito e pouco e tal, é, a coisa serenou lá na pensão, eu falei, ah, eu vou, eu vou, ah, vou dar um pulo lá, é uma cidade pequena, não tem o que fazer, eu falei, ah, vou ver que negócio é esse lá.
Aí fui, cheguei lá, tinha uma porção de, de rapazes, de moços e tal, né? Uma festinha até incrementada lá no estudiozinho e tal, e cada um falava alguma coisa, ou dava um, um alô pra alguém, ou oferecia uma música, ou, ou dizia um poema, outro, enfim, cada um fazia alguma coisa lá no microfone, só que aos poucos foram se retirando, foi todo mundo saindo pro cinema, pra, pra, pra namorar, pra ir dormir, pra não sei o que, e, e eu fui ficando só num canto, só olhando. Aí de repente o Antônio Beraldo, dono do alto-falante, chegou e disse assim: "O pessoal tá indo embora, você não falou nada, fala alguma coisa".
Aí eu levei um susto, "Pô, eu?". Eu fui lá pra assistir a inauguração, comer um salgadinho, tomar um guaraná, mas eu não tava...
Mas como eu gostava muito de rádio, eu ouvia muito a Rádio Nacional naquele tempo, ouvia, inclusive, eu tinha um radinho que pegava a onda curta, ouvia muito a BBC de Londres, a Rádio Belgrano de Buenos Aires e, enfim, eu gostav. Não é que eu sonhasse, mas eu, eu achava bonito, os locutores e tal, dizia, poxa, né, quem sabe um dia, né, eu pensando, e de repente o cara botou o microfone na minha frente e disse "fala aí, faz alguma coisa".
Eu não vou fugir da raia. Li os textos, que tinha lá, umas publicidades. Eu sei que, de repente, ele me largou sozinho com o rapaz das carrapetas, que controlavam o volume, o som, ele atravessou a rua, tinha um vidro em que dava para ver um bar da esquina, onde estava tomando um chope lá, conversando, e eu tentanto resolver, assustado, porque não tinha prática.
Aí ele voltou e falou: "Tá na hora de encerrar, vamos encerrar". Aí tocou um dobrado, era o Barão do Rio Branco, uma banda, que tocava uma música, que era o encerramento do serviço de alto falante.
Aí bateu no meu ombro e disse assim, "Você foi o único que prestou, a partir de hoje você é meu locutor aqui".
Eu falei: "Como assim, peraí cara, eu tenho que trabalhar na pensão". E meu pai, italiano brabo, eu falei: "Se eu falar para o meu pai que tô assumindo outro trabalho, vai ser um drama".
E ele disse "pode deixar, eu falo com o teu pai". E realmente ele foi lá: "O garoto aqui é bom, falou direitinho, tô precisando dele". E meu pai disse: "Mas ele tem que trabalhar, tem que ajudar aqui na pensão", e já engrossou.
Aí ele (Antônio), disse: "Mas eu vou pagar, vai ter um salariozinho..."
"Ah, ele vai ganhar? Ah bom, se ele vai ganhar, então tudo bem. Mas depois que terminar o jantar aqui".
E aí eu tinha que ter um nome. O meu nome verdadeiro é João Batista Belinazo Neto, porque meu avô, italiano, não era João Batista, mas Giovanni Batista, então eu usava o Neto pra não confundir com o nono lá. E aí, que nome eu vou botar? Comecei a pensar, inventei uma porção, nada dava certo, e aí eu botei Belinazo Neto.
Aí passou lá na minha cidadezinha um senhor que tinha acabado de montar a Rádio Clube de Birigui, que é longe de onde eu estava lá em Cordaerópolis, é lá pra cima de Bauru, muito, lá perto de Araçatuba, enfim, é longe, o que é hoje nem tanto, mas naquele tempo as rodovias não tinham nem asfalto, imagina, e tinha que ir de trem até Bauru, Bauru pegava a estrada de ferro noroeste que vai pra Bolívia, nem sei se existe mais, e bom, eu sei que ele me ouviu, gostou, não me viu, só me ouviu, aí me deixou um dinheiro lá e eu disse pra ele fazer um teste, eu tinha, sabe que idade? Dezesseis anos.
LP: Dezesseis anos é um guri, ainda.
Léo: E eu já tinha voz boa. Meu pai tinha uma voz muito forte ,uma voz grave, então eu puxei, desde garoto eu já tinha uma voz. Foi aí que enganou o dono da rádio, o Domingos Lott Neto.
Ele se enganou por isso, ele ouviu, gostou da voz e tal, da dicção, mas não me viu, ele não sabia, aí eu chego lá em Birigui, de repente, e vou me apresentar a ele, ele tinha um cartório, eu cheguei, fui no cartório, mandei chamar e tal, aí uma moça que me atendeu, eu disse, mas o que é o garoto, se ele tá ocupado, eu falei, não disse que é o locutor que veio de Cordeirópolis pra falar com ele, bom, aí veio ele lá do fundo, disse, oh, desculpe, aí ele deu de cara comigo, olhou e falou assim, como não entendi, você é quem?
Aí eu falei: "Eu sou o locutor do serviço de alto-falante lá, de Cordeirópolis, o senhor eixou lá o dinheiro, mandou eu vir fazer. Ele falou: "Mas você é um menino!"
O susto, a cara que ele fez, me lembro até agora.
Eu falei, oh, o que que eu vou fazer, é isso aí, o senhor mandou vir, eu tô aqui, mas, meu Deus, eu falei, não, aliás, não tem problema, meu pai foi na delegacia, e me deu aqui uma autorização pra eu poder viajar, saquei o papel, naquele tempo ainda era, na ditadura do seu conterrâneo, o negócio era meio rigoroso.
Aí não teve jeito, atravessamos a rua, do outro lado era a rádio, chegamos lá, e le chamou o diretor Freitas Filho, que falou com ele, me chamou meio desconfiado, e me botaram no ar direto, rapaz. Tava um programa no ar lá, ele chamou um locutor, Coaracy Pontes. Ele chamou: "Coaracy, dá uns textos aí, vamos fazer um teste com esse locutor aí, que veio lá do interior de São Paulo". Aí eu entrei: "Zyr8, Rádio Clube de Birigui, a pérola da Noroeste", falei tudo que tinha que falar, direitinho e tal, aí o Domingos Virou pro Freitas Filho e disse: "Para mim, muito bom, tá aprovado"
Eu era Belinazo Neto. Depois desci, vim trabalhando em várias emissoras.
Luciano: Nome bonito. Um nome artístico bonito, imponente.
LP: Mais italiano e tal. Em São Paulo, tava bem. Eu vim para Campinas, depois fui para Piracicaba, com o XV de Novembro, que tinha subido para aprimeira divisão. Já era locutor esportivo, fazia um monte de coisas. Aí um jogador de futebol me trouxe para o Rio de Janeiro, o Santo Cristo. Ele machucou, vinha para o Rio de Janeiro, tive um entrevero com um treinador argentino, que era um chato.
Aí cheguei no Rio de Janeiro, fui para a Rádio Mayrink Veiga, não deu certo, aí eu fui procurar uma outra rádio, a Rádio Clube do Brasil, que já não existe mais.
E nesse meio tempo existia um famoso café na Avenida Rio Branco, lendário, o Café Nice, onde se reunia a nata dos artistas, jogadores, compositores.
Era um café frequentado, de grandes nomes daquela época, do mundo artístico e tal. E ali um rapaz, que eu tinha sido apresentado a ele pelo Santo Cristo, ele falou, e aí, como é que era?
Acertou, jogou? Eu falei, não acertei, acho que vou voltar para tirar esse cabo. Ele disse, ô rapaz, aí em frente tem a Rádio Globo, que está montando uma equipe fantástica, tem o locutor esportivo, que veio do Rio Grande do Sul, é Luiz Mendes, e tem o do Acei Camargo, que veio lá de Marília, de São Paulo, tem um não sei quem, o Benjamim Wright, é o pai desse que foi juiz de futebol do Zé Roberto Wright. "A equipe está ótima, vai brigar aí na audiência com a Nacional, com a Mayrink Veiga e tal, vai lá."
Aí eu atravessei a rua e fui, e por acaso, um repórter famoso que tinha sido contratado naqueles dias pela Rádio Globo, Raul Brunini, eu me lembrei e falei, pô, o Raul Brunini está aqui, eu sou de Cordeirópolis, vizinho de Rio Claro, de onde é o Raul, eu vou me apresentar a ele.
Foi o que eu fiz, me apresentei, ele, por coincidência, rapaz, ele tinha me ouvido em Rio Claro, que é uma cidade próxima de Cordeirópolis, de onde eu nasci, e ele tinha me ouvido num jogo do Palmeiras com o XV.
E ele começou a me elogiar lá pro pessoal que estava ali na hora, ele disse, peraí, eu vou te apresentar o Luiz Mendes, acho que ele está precisando de gente pra equipe. Bom, pra pular mais rápido ainda, tem mais aí, eu fui pra equipe do Luiz Mendes, demorou um pouquinho, mas eu acabei entrando na equipe de esporte da Rádio Globo, né, naquele tempo, em 1951, isso aí, olha, em 1951, aí o Mendes me escalou pra, naquele tempo, no Maracanã, a uma hora da tarde, começava o primeiro jogo, a preliminar, houve uma época que era jogo chamado de aspirantes, mas houve uma época não, que eram os times menores, por exemplo, São Cristóvão e Monserce, foi o jogo que eu fui fazer o primeiro, e logo em seguida tinha o Fla-Flu, aí me escalaram.
Aí eu tô lá terminando a transmissão e chamei, né, eu falei, bom, e daqui a pouco o sensacional, esperado Fla-Flu, né, vai assumir o comando da transmissão da Rádio Globo, Luiz Mendes, não sei o quê, patrocínio da companhia, não sei o quê, pau, pau, pau.
Aí ele chegou, passei o microfone, aí é que começa a história. Ele diz, vocês acabaram de ouvir aí o nosso novo contratado, o mais novo locutor da nossa equipe que acaba de vir da excelente Escola de Transmissão Esportiva de São Paulo, não sei o quê, é o Belinazo Neto, e não saía Belinazo Neto de jeito nenhum.
Aí eu fui no ouvido dele e falei, Belinazo Neto. Ele, Belinazo Neto, e fez uma cara feia, como dizendo assim, que raio de nome. Ele não gostou. Chegou de noite, na hora da resenha que a gente fazia, que não tinha televisão, rádio tinha sua importância, nem da marcha de futebol aqui no Rio de Janeiro e tal.
Aí ele me chamou e disse assim, "ô, Paulistinha, vem cá, com esse nome aí, Bezi não sei o que lá, Beli não sei, eu falei, não, com esse nome não, ou você muda ou tá fora". Como assim? "Mas meu pai vai", "não quero saber do teu pai nem do tua mãe, ou muda ou tá fora". Assim mesmo.
Eu fiquei olhando, caramba, rapaz. Falei, bom, pelo menos eu posso fazer uma sugestão aqui, uma lista. Aí eu fiz, acho que uns 10 ou 12.
LP: Doze nomes de opção.
Léo: Uns 10 ou 12, não me lembro, uma relação, e entreguei a ele. Aí ele chamou o pessoal que tava lá, esperando pra entrar na resenha, ele disse, ô, Dualce, vamos rebatizar esse Paulistinha aqui. Ele olhou assim, passou um visto lá. Aí chamou o Zabrazil, vem cá, pá, o Vonner, pá, o fulano, pá, pá, todo mundo riscou. Aí o Zabrazil Camp, outro gaúcho que era o braço direito do Mendes, olhou assim e falou, ô, Mendes, todo mundo já votou, só falta você, deu o papel.
Ele olhou e falou, "Ih, unanimidade, pô, eu vou votar o quê?" Tá, tá, tá, é esse nome aí, Léo Batista. Por que Léo Batista? Eu sou João Batista, né? Então eu falei, Belinazo não deu.
Então eu tenho uma irmã que chama Leonilda, e não sei porque ela não gosta muito do nome dela, era Dona Nilda, Dona Nilda, e sobrou o Léo da Leonilda. Aí eu falei, pô, se eu botar Léo no lugar do João e conservar o Batista, Léo Batista, acho que fica bom.
Botei, foi esse aí, aí chegou na resenha e ele me apresentou, outro novo, né, o mais novo integrante da equipe e tal, Dona Léo, Batista e coisa. Aí, de 1951 até hoje, nunca mais me chamaram de outro nome, nem minha mãe que já faleceu, nem minha família, nem ninguém.
LP: Imagina só.
Léo: Então, ficou Léo, Léo, Léo e acabou, e o João foi, o João e o Belinazo Neto foram, foram pro lixo.
LP: É o que eu falei na abertura, Léo, né? Tu é um cara que personifica o esporte da TV Globo e com essa história que já vinha do rádio, como é que foi esse passo, né, de ir pra TV? Porque a gente sabe que a TV, ela tomou daí um, um, né, um tamanho maior, Brasil inteiro e tudo mais.
Léo: Então, foi assim, o Luiz Mendes era o locutor, como eu te disse, o chefe da equipe e tal, lá na Rádio Globo e tal.
LP: Grande, grande.
Léo: E aí, tava inaugurando, o, a, a, tinha a Tupi de São Paulo, a TV, né, a Tupi Difusora, lá de São Paulo, inaugurou a TV Tupi do Rio de Janeiro.
Aí, inauguraram a Record em São Paulo e aí, aqui, tavam montando a TV Rio, do Rio de Janeiro. E eram as quatro primeiras, primeiras emissoras de televisão do Brasil, né? Foi a Tupi de São Paulo, Tupi do Rio, Record e a TV Rio.
Aí, aqui na, na, na TV Rio, tavam preparando a inauguração, etc e tal, e tavam contratando, formando equipe, inclusive, de esportes. E aí, convidaram o Mendes. O Mendes, que já tava meio cansado, meio de saco cheio, lá na Rádio Globo, tinha uns problemas lá e tal, que não vem ao caso aqui, e resolveu se bandear.
Foi pra lá, uns meses antes da inauguração. Aí, eu falei, pô, Mendes, eu gostaria de me meter nesse negócio de televisão aí, né? Deve ser o futuro da coisa, pô, imagina. Aí, ele disse, bom, deixa eu montar lá a equipe, pô, vê, qualquer coisa eu te falo.
Só que o Luiz Brunini, que era diretor, irmão do Raul Brunini, Luiz Brunini, que era o diretor da Rádio Globo, quando eu fui falar com ele, que o Mendes já tinha me chamado e tal, ele me disse, pô, você vai se embarcar numa, numa aventura, televisão ainda é um negócio meio tópico, tá, não, não se, tá começando, não, não existe nem receptores na cidade ainda. Bem, enfim, ele começou a me, me baixar o...
LP: Uma desconfiança, que existia no início.
Léo: Aí, eu falei, não, mas eu gostaria e tal. Bom, ele disse, então, eu falo o seguinte, você me arrume um substituto, que eu não quero ninguém conhecido, viciado, que já, já rodado, eu não quero ninguém, eu quero um novo que escreva bem, porque eu quero, eu quero, porque eu fazia o Globo Noir também, o Globo No Ar, em vez de, eu fui um dos pioneiros lá, um dos criadores do Globo No Ar na Rádio Globo.
Então, ele falou, você me, me arrume alguém que possa escrever e editar o Globo No Ar, como você faz, para ele substituir por inteiro. Falei, caramba, rapaz, e agora? Aí, eu, nessa altura, eu já tava estudando, fazendo, fazendo o curso clássico. Tinha um rapaz, um mineirinho, que estudava comigo e que tava meio atrapalhado. Porque ele vendia linguiça, comia queijo lá de Minas, não sei o que, coitado, e ele disse, pô, eu tava ruim, pô, Léo, eu fui locutor lá no meu, no interior, lá de Minas e tal, e você não me arruma lá uma brecha na Rádio Globo, não, não sei o que, o senhor devia estar comentando aí que queria sair, é, tá bom, então, vamos lá, levei, escondido, treinei lá durante um mês e tal, aí cheguei pro, o Mendes me chamou, falou, ó, ou venho você ou vou chamar outro, eu falei, ô, peraí, aí fui lá, peguei esse rapaz, dei um bom treino nele, ele escrevia bem, inteligente, tinha voz e tudo, e botei ele, sem autorização, botei ele numa edição do Globo No Ar, olha a cara de pau, rapaz, botei ele direto, o Luiz tava entrando, chegando a hora, ele falou, você não vai fazer o Globo No Ar? Falei, escuta aí, escuta aí, aumenta o volume aí, o que, escuta aí, rapaz, aí entrou o Globo Noir, entrou o cara e pum, pum, pum, pum, eu falei, que negócio, quem é ele, quem é, quem é?
Eu falei assim, é o locutor que você queria pra me substituir, não fez direitinho, ele escreveu, ele leu, fez tudo direito, não foi? Agora você me libera, quem é, eu falei, peraí que eu vou chamar, chamei, não sei se você conhece aqui no Rio de Janeiro, ele tem nome, ainda agora, que ainda agora mesmo, ele tá trabalhando, chama-se Áureo Ameno, Áureo Ameno foi durante 40 anos, trabalhou na Rádio Globo, hoje ele tá acho que na Rádio Tupi, se não me engano, na Rádio Tupi, o Áureo Ameno, quer dizer, dei o emprego pra ele, e aí eu fui pra TV Rio, arrumou tua vida, comecei na TV Rio, lá eu criei um telejornalzinho pequenininho, que cresceu, virou o telejornal Pirelli, que ficou durante 13 anos, eu brigava com o Repórter Esso, famoso, o Gotígio Deodoro na TV Tupi, fazendo o Repórter Esso, que naquele tempo era, tudo era local, né,
LP: Porque não tinha satélite, não tinha ligação...
Léo: É, o Repórter Esso era aqui, Rio de Janeiro e adjacência, e o telejornal Pirelli, meu, eu entrava um pouquinho antes dele, de malandragem, né, quando ele entrava, eu já, as principais notícias eu já tinha mandado, né, e assim, quer dizer, aí a coisa foi desenvolvendo, foi crescendo, e foi na TV Rio, aí veio o programa de boxe, que eu apresentei também durante muitos anos, né, apresentava as lutas, era um apresentador, sem berrar, sem esse, essa maluquice desse americano lá, que berra um cara, esse cara vai ter um ataque lá uma hora, ele pula, grita, apresentava, fazendo, dando destaque, mas com elegância, tanto que os mafiosos lá do boxe americano, que vieram aqui pra ver a luta do Eder Jofre com o Piero Rollo italiano, o Piero Rollo desafiou o Eder Jofre, não sei o que, aí, e diz que não precisava nem lutar na Itália, que ele vinha aqui e acabava com o Eder Jofre, aí fizeram o desafio no campo do Botafogo, o campo antigo do Botafogo, no meio, um ringue no meio do gramado e tal, e me chamaram pra, eu era o apresentador da TV Rio, naquele tempo, TV Rio Ringue, aí eu fui ser o apresentador, né, aí estavam aqui Antônio Petronella, que era o que comandava o boxe naquele tempo lá no Yankee Stadium, enfim, nos Estados Unidos, e o Jorge Parnassus, que era um grego, que era o dono do Ring Magazine, essa revista existe até hoje, a revista de boxe, de lutas e tal. E eles gostaram tanto que me convidaram pra ir trabalhar, me davam tudo, pra ir pros Estados Unidos e tal, aí eu não quis ir não, mas aí a luta, como é que foi, um minuto e pouco, tem no fundo do campo do Botafogo, tem um pronto-socorro, tem até hoje, né, ela é um pronto-socorro mesmo, o Pedro Joulo saiu carregado, desmaiado, todo arrebentado, o Éder Joffre arrebentou ele em um minuto e pouco do primeiro round, quase matou o italianinho, ele ficou aqui internado, acho que uma semana, pra poder voltar pra Itália, e aí eu segui, eu fazia futebol, comentário, fazia luta de boxe, fazia telejornal, e aí eu fui, fui, fui, fiquei 13 anos, aí fui pra TV Excelsior um ano e meio, e em 1970, o Walter Clark e o Boni, que estavam na TV Rio, se bandearam pra TV Globo, e já a Globo, que não dava muita audiência, não tinha aquela, não dava traço, aí o Walter e o Boni, com a capacidade, foram lá e criaram novela, no instantinho a Globo começou a crescer, aí em 70 eu fui, foi quando houve a Copa do Mundo, aí no primeiro jogo que a Globo transmitiu, foi União Soviética e México, México, anfitrião e União Soviética, naquela época não era União Soviética, foi 0x0, no dia seguinte, aí sim começava a Copa, só que hoje os jogos são separados, horários e tal, pra fazer, naquele tempo não, eles faziam um pacote lá, você escolhia, 5, 6, não sei quantos jogos, uma vez só, aí o Brasil, a Globo escolheu Peru e Bulgária, por quê? Porque o Peru estava sendo treinado pelo Didi, o goleador brasileiro, que se tornou treinador, aí eles acharam que era simpático, e aí eu estava na emissora, não estava no esporte, eu estava fazendo outro trabalho que o Walter me pediu, era um projeto que ele tinha lá, eu estava lá e tal, não estava nem ligando muito pro futebol não, aí o Walter veio correndo me chamar, Léo, Léo, Léo, a imagem estava razoável, mas o som, o áudio estava uma porcaria, Geraldo Zaniel, Mayden e João Saldanha, estava ruim, e aí, pelo amor, corre lá na cabine e quebra o lugar, naquele tempo não tinha esse negócio de stand-by, hoje tem tudo, né, caiu, entra um daqui e tal, tem tudo, tudo bonitinho, satélite, naquele tempo, enfim, é o começo, tudo meio empírico, meio...
LP: E chegava a imagem a cores, nas emissoras, mas fora era preto e branco.
Léo: Na cabine, pra mim, era uma telinha preto e branco, a cor e só na sala da direção, os convidados que estavam lá em cima com os comes e bebes, porque não tinha quase aquele receptor ainda, né, que aí o outro que tinha, mas a transmissão veio a cores, que tem gente que discute isso, a gente fala, ah, pô, peraí, pô, isso eu não tô pesquisando no Google, nem na internet, eu sou partícipe, eu faço parte da história dessa porcaria, pô.
Depois eu falo, a primeira transmissão a cores, por exemplo, foi aí da tua terra.
LP: Foi a festa da uva. A TV Difusora, em 1972.
Léo: A primeira transmissão experimental foi uma tarde do domingo, foi corrida no Jockey Club Brasileiro, no Jockey eu participei também, fui lá como repórter e tal, fizemos a cores no Jockey Club, mas foi uma experiênciazinha.
Agora, a primeira transmissão oficial a cores, perfeito e tal, foi a festa da uva aí do Rio Grande do Sul. A festa da uva é de onde? Caxias do Sul, é. Caxias do Sul, foi Caxias do Sul. Festa da uva, mostrando lá a rainha e os carros enfeitados e tal.
Tem o desfile, né, na Avenida...
LP. É um desfile muito bonito. Na Rua Sinimbu. Até hoje tem.
Léo: Mas aí eu estava falando da transmissão, eu corri na cabine e comecei a justificar e comecei a transmitir, lendo o anúncio e transmitindo, e explicando que tinha tido um problema e tal, mas que daqui a pouco vamos retomar a transmissão com o João Saldanha, o Geraldo José de Almeida e tal, não sei o quê.
De repente, o meio de campo do Peru, Chumpitaz, tentou dar um passo por ponta direita, acho que era o Bailon, não sei, e um baixinho, Dermendjev, um ponta esquerda da Bulgária, interceptou, correu uns 4, 5 metros com a bola, sem marcação, e mandou uma varada, deu um petardo, rapaz, e abriu para cá, 1 a 0, Bulgária.
Então eu gritei esse gol, primeiro gol da Copa de 70, quem narrou fui eu. Só que o destino é uma coisa, tem umas coisas, uma ironia. Quando teve aquele incêndio famoso que acabou com a TV Globo do Rio de Janeiro, tivemos que transmitir lá de São Paulo, enfim, teve um incêndio horrível. Eu ajudei a salvar fita, tem até filmes e coisas, gravação da época, mostrando, carregando, ajudando e tal, eu e uma opção de colega lá, tentando salvar alguma coisa.
E no arquivo de imagem do Cedoc, eu consegui tirar um monte de fita, daquele tempo era o Ampex, não sei se você conhece. Uma fita rolo grandona, né? Aquele rolo imenso, né?
Era uma coisa, uma fita marrom assim, larga, era um negócio de louco, era fita mesmo, era Ampex. Era os primeiros gravadores, primeiras coisas de vídeo. E eu salvei um monte. Por ironia, a minha fita, onde tinha esse primeiro gol, sumiu, queimou, sei lá, sumiu.
Posteriormente, eles recuperaram a imagem e mixaram com narração de rádio. Pedro Luiz e outro locutor lá de São Paulo, botaram essa narração de rádio mixada numa imagem mais ou menos que conseguiram, não sei aonde.
Quer dizer, a original, a minha, histórica, eu que quase me queimei, me danei todo lá no meio do incêndio. não consegui salvar a minha fita. E aí, a partir desse momento, o Boni e o Walter...
Ah, e teve outra coisa. Quando eu ia sair lá, quebrei o galho e tal, aí voltou a transmissão. O presidente Aramuro, o general Aramburu, ex-presidente argentino Aramburu, ele foi sequestrado, um tiroteio, sumiram com ele, quase mataram a família.
Foi uma coisa horrível. Aí veio correndo o nosso editor do Jornal Nacional, veio correndo que o Cid Moreira estava lá de plantão, mas foi dispersado, não tinha nada, não sei o quê. Mas, não, pode ir embora. Aí ele veio correndo, era o rapaz que veio correndo, o Walter falou, pô, eu tenho que dar uma edição extra, rapaz, o presidente da Argentina, e teve um terremoto, não sei, eu tinha que dar uma edição extra.
Quando eu mandei o Cid ir embora, o que é que eu faço? Faz o seguinte, escreve e manda para o estúdio. Escreve, me empresta e manda para o estúdio, estou falando. Pode deixar o resto comigo. Aí me chamou, pegou um paletó do cara lá, do diretor que estava lá, botei uma gravata lá, passei uma água na cara e corri no estúdio.
Aí entrei, falei, informa o Jornal Nacional, edição extraordinária, Buenos Aires urgente, o ex-presidente Aramburu foi sequestrado, um tiroteio, com encapuzado, não sei o quê. E atenção, Manágua, urgente, a capital da Nicarágua, sofreu um terremoto, não sei em quantos graus, na escala Richter, a cidade é um caos, está em escombro, caíram muitos prédios, gente morta.
Informou o Jornal Nacional, edição extraordinária. Quando terminou tudo, o Walter olhou para o Boni e falou assim, e aí o Boni falou, manda ele se apresentar lá no jornalismo para o Masson, que o diretor, que era o nosso Armando Nogueira, estava na Copa, estava lá no México.
Aí eu ajudei a fazer o Globo Esporte, o Esporte Espetacular, e principalmente o Jornal Hoje, que eu fui o primeiro apresentador do Jornal Hoje. E aí fiz o Jornal Nacional, no fim de semana eu fazia, tinha o Jornal da Noite antes do Ibrahim, que morreu o majestade, o Jorge Silva, que faleceu lá e era o locutor, me chamaram correndo para substituir.
Depois o Heron Domingues, o outro gaúcho, veio trabalhar lá e assumiu. Eu também já estava morando na TV, porque eu fazia tudo lá, só tinha eu. Pô, falei pra caramba, Luciano.
LP: Não, mas olha aqui, nossa, Léo, se tu soubesse como é que está o nosso WhatsApp aqui da rádio, a nossa audiência enlouquecida falando de ti, olha, te elogiando, teus fãs todos que te acompanham. Olha como é bom ficar te ouvindo.
Léo: Ele deve estar falando assim, esse cara é um chato, fala pelos cotovelos.
LP: Não, com certeza não.
Léo: A minha esposa diz assim, que eu falo pelos cotovelos, aí eu digo para ela assim, ué, eu sou locutor, caramba locutor tem que falar.
LP: Mas imagina isso, que a gente chegou nos anos 70 aqui, imagina o que tem pra frente ainda.
Léo: Tá louco, aí é muita história, né.
LP: Mas olha, que prazer falar contigo, olha, por mim eu continuava até a meia-noite aqui, acho que nós vamos derrubar a programação, vamos negociar aqui.
Léo: Mas ó, Luciano, eu tenho grande admiração pelo Rio Grande do Sul, pela gauchada aí e tal, aí você não me pergunta se eu sou gremio, se eu sou índia, não, porque aí eu vou ficar, vou dar uma de mineiro, vou ficar em cima do muro. O negócio aí é brabo.
Não, eu aqui, eu não faço segredo. Aliás, não adianta fazer segredo, me inauguraram até uma cabine no Engenhão com o meu nome, fizeram homenagem, todo mundo sabe que eu sou o Botafogo, o que eu vou fazer, né. Eu transmiti a estreia do Garrincha, né, no dia 19 de julho de 53, eu transmiti a estreia do Garrincha e por aí.
Quer dizer, não tem como esconder, eu sou o Botafogo, sofrendo aqui, o que eu vou fazer, né.
LP: O que tu é, na verdade, Léo, eu vou dizer o que eu falei lá no início, não é exagero, viu, por tudo que tu contou, tu é a marca, a imagem do esporte, não só do esporte também, a gente marca mais pela questão do esporte, mas no jornalismo da Globo.
Léo: Esqueci de falar que o locutor, que deu a, quando o seu conterrano, o presidente Getúlio Vargas, quando ele, quando ele suicidou.
LP: Tu quem deu a notícia, né?
Léo: Quem deu a notícia fui eu, pô. Primeiro, a Rádio Nacional era poderosa, era ouvida no Brasil inteiro, mas não interessa. 15 minutos, por aí assim, antes do Heron entrar com o repórter, o Brasil inteiro, eu na Rádio Globo, que era mais modesta, o alcance era menor, mas fui eu que dei, fui eu que dei a notícia.
Porque o nosso repórter, que estava cobrindo a reunião da madrugada lá no Catete, gritou, começou a gritar feito louco, aí o diretor, calma, rapaz, o que é que está havendo? O Getúlio se matou. Como é o negócio? O presidente Getúlio Vargas deu um tiro no peito, o rapaz está morto aqui, pelo amor de Deus.
Falei, calma aí, calma. Aí eu me, eu estava, eu era locutor do Globo no ar. Eu tinha acabado de fazer a primeira grande edição, que se chama a grande edição do Globo no ar, 7 horas. E eu ia sair para tomar um café ali em frente, ali no Café Nice, na Galerinha Cruzeiro.
Falei, ah, vou tomar um, fazer um lanchinho lá, depois eu volto para fazer o Globo no ar mais tarde. Aí foi quando aconteceu isso, o diretor falou, tem que entrar, pega o prefixo também. O Globo no ar, aí eu entrei, né? Atenção, atenção, o Globo no ar, edição extraordinária, informa, acaba de se suicidar no Palácio do Catete o presidente Getúlio Vargas.
Repito, acaba de se suicidar no Palácio do Catete o presidente Getúlio Vargas. Continuem ligados na Rádio Globo, mais informações a qualquer momento e tal. Informou o Globo no ar, disseram. Foi isso aí.
Ficou na história. É uma pena que não tenha gravação. Naquele tempo não tinha essa revista.
LP: Mas está aqui para contar, está aqui para contar ao vivo e para deleite dos nossos ouvintes aqui. Olha, impressionante a quantidade de... Eu não estou exagerando, Léo. Muitos recados e todos com elogios para ti, da tua história, da tua representatividade aí no telejornalismo, no radiojornalismo.
Léo: E eu quero te agradecer. Eu te agradeço. Uma das coisas que eu mais gosto aí da gauchada é porque tem muito conterrâneo dos meus avós, dos meus pais aí. O que tem de Vêneto, o que tem de italiano Vêneto, o que tem de italiano Vêneto, da região Vêneta, é uma festa, né?
Eu nunca tive essas grandes oportunidades de passear, de ir aí no Rio Grande. Eu gostaria. Sei lá, é uma questão de trabalho, de pouca oportunidade. Eu passei por aí umas vezes, assim, rapidamente, mas não...
Gostaria de ter... A minha mulher, por exemplo, minhas filhas e tal, elas estiveram aí na Serra Gaúcha, andaram por aí. Até hoje elas falam, tem paixão, adoram, gostaram muito. Aí eu falei, poxa, eu só faço trabalho.
Tem que trabalhar, né? Alguém tem que trabalhar.
Pois é, você vê, o que a gente não falou, eu ia falar, por exemplo, da primeira transmissão Rio-São Paulo, pela televisão, de futebol, a primeira transmissão eu participei. Foi o Luiz Mendes que narrou, o Geraldo Romualdo da Silva comentou e eu fui o repórter.
Primeira transmissão da TV Rio para a TV Record. Foi no Maracanã, foi um jogo da seleção brasileira contra o Milan, eu acho que foi o Milan da Itália que estava aqui em temporada. Eu participei e isso aí foi em 1957.
Foi a primeira vez que foi... E como é que foi possível? Porque o dono da TV Rio, que era um maluco, era um visionário, ele construiu um link, se acredite, um link terrestre, que até hoje a Globo comprou e diz que ainda funciona, um link terrestre.
E ia jogando a imagem pela Itatiaia, pelo caminho do Rio a São Paulo, ia jogando repetidora, repetidora, e durante muito tempo funcionou. Antes de ter satélite, né? Agora que o satélite é mole, né? Naquele tempo era link terrestre.
Pois eu participei da primeira transmissão.
LP: Meu querido, um grande abraço, obrigado, até uma próxima vez.
Léo: Muito obrigado, desculpe aí, tchau.
LP: Imagina!