O zagueiro Bressan, 27 anos, ex-Grêmio, lembra com detalhes do lance que resultou no gol de pênalti do River Plate, na semifinal da Libertadores de 2018, na Arena. O jogador diz que teve noção de o que havia ocorrido no lance, mas diz a que jogada só teve toque de mão assinalado por conta do VAR. O atleta tri-campeão da América com o Tricolor concedeu entrevista ao comunicador do Grupo RBS Duda Garbi na noite desta quarta-feira (29).
— Eu senti a bola pegar no meu braço mas ninguém no campo falou nada. A bola saiu e os caras (jogadores do River) correm para cobrar o escanteio. Pediram para parar o jogo e eu pensei "c***". O VAR estava começando na época. Tenho certeza que se não existisse o VAR, ia passar batido. Eu senti raspar o braço na bola, só não sabia qual ângulo tinha sido e como o juiz iria interpretar — relembra, revelando que levou "muito tempo" para conseguir rever imagens do lance:
— Se eu pudesse reescrever a história, óbvio que mudaria. Imagina passar para a final, enfrentar o Boca e ser bicampeão. Mas tem coisa que a gente não explica no futebol.
O zagueiro relata o próprio desespero no momento do lance em campo, tentando mudar a decisão do árbitro, e ressalta a dificuldade para ele e familiares superarem a situação nos dias que se seguiram.
— Eu já era afastado de rede social, então isso me blindou um pouco. Mas sabia que algo fora do normal passava por como as pessoas ao meu redor estavam lidando com isso. A primeira pessoa que eu vi no vestiário pós-jogo era minha esposa chorando. Minha família toda estava na Arena. É uma situação que com certeza eu queria escrever de outra maneira — conclui.
Bressan chegou ao Grêmio em janeiro de 2013 e teve sequência até 2014. Em 2015, as cobranças por parte da torcida começaram. Ele conta que o então técnico Roger Machado o tirou da partida de volta das oitavas de final da Libertadores, contra o Rosário Central, para preservá-lo.
No ano seguinte, ele substituiu Kannemann na final contra o Lanús, quando o Tricolor conquistou o terceiro título na competição. A chegada em Porto Alegre com a taça ficará na memória do jogador para sempre. Em certo ponto do desfile pelas ruas da cidade, a torcida gremista que fazia a festa cantou um pedido de desculpas para Bressan, que aceitou.
— Foi uma sensação incrível, porque com certeza foi natural e sincero. Como ser humano a gente sente isso dos outros, quando é verdadeiro. Cheguei ao Grêmio um guri de 19 anos, saí com 24. Sou muito grato pela torcida, o que eu vi e escutei foi uma troca muito boa, nunca mais vou esquecer — comentou.
Atualmente jogando no Dallas FC, nos Estados Unidos, o zagueiro diz que segue acompanhando e torcendo pelo Grêmio, sem ressentimentos com os torcedores que criticavam seu trabalho:
— Entendo qualquer tipo de torcedor. Obviamente o que faz violência não, mas a gente ser xingado faz parte da profissão. Uma vez eu fui torcedor, então eu sei o sentimento de frustração. Quando eu era menor e ia pra escola depois de uma derrota sem poder ir com a camiseta do teu time e ter de ouvir o colega rival.