A história de Taís, menina que encontrou no Grêmio ânimo para superar amputação e câncer, atravessou o mundo e chegou na Arábia Saudita, onde Marcelo Grohe treina com o Al Ittihad. O jogador, ex-Grêmio, inspirou a menina de nove anos no momento em que ela enfrentava o tratamento de um raro tipo de câncer, o osteosarcoma, que atinge as células formadoras dos ossos. Hoje, ela é goleira para provar que, mesmo com uma prótese acoplada à sua coxa direita, pode ter agilidade suficiente para defender a meta do seu time no colégio onde estuda, em Paverama, no Vale do Taquari.
— Parabéns pela história de superação, de muita força de vontade. Tenho certeza que essa situação que você superou vai servir para encorajar muitas pessoas. Fiquei muito feliz de saber que, nesse momento, você teve um pouquinho de inspiração na minha pessoa e hoje é uma grande goleira — saudou o goleiro, em vídeo enviado pelo WhatsApp.
Ao receber o vídeo, a mãe de Taís, Regina Quadros Costa da Silva, massoterapeuta de 41 anos, mostrou imediatamente as imagens para a menina, que ficou em êxtase.
— Adorei, fiquei muito feliz com o vídeo. Amei que ele me falou isso porque adoro ser a goleira no meu colégio. Eu comecei a me meter, sempre gostei de ficar no gol. No início, meus colegas não gostavam muito, mas passou um tempo e eles começaram a aceitar. Peguei a prática e eles acham legal porque eu consigo defender vários chutes — orgulha-se Taís.
A guria vai completar 10 anos em 27 de agosto, mas já ganhou seu presente de aniversário na quarta-feira passada (14), quando entrou em campo com os jogadores gremistas antes da vitória de 2 a 0 sobre o Athlético-PR, pela ida da semifinal da Copa do Brasil. Ao lado de Maicon, Taís viu a Arena pela primeira vez em dia de jogo.
— Quando eu entrei com o Maicon, meu deus, dava vontade de chorar, eu não sabia o que fazer. Foi um sonho. Eu amo o Maicon e o Paulo Victor, porque é o goleiro. Achei o Maicon muito querido. Tem umas pessoas que ficam retas, não dão abraço. Mas o Maicon se abaixou, me deu um abraço e um beijo. Eu achei demais — relembrou a menina.
Apesar da pouca idade, Taís esbanja maturidade ao falar da amputação de sua perna direita, quando tinha seis anos:
— As crianças são as que mais me perguntam o que aconteceu. E eu explico. Mas quando é alguém muito pequeno, eu simplifico: digo que sou a menina de ferro. Levo tudo numa boa. Teve um tempo que eu chorava, porque lembrava que foi triste. Só que hoje vejo que faço tudo o que eu fazia antes, então não me chateio mais.
Em seus planos, não faltam possibilidades. Limitar a imaginação não é com Taís: ela quer ser goleira, ou bailarina, ou ginasta — para dar muitas cambalhotas, ressalta —, ou veterinária — porque, conta, teve uma galinha de estimação e gostou muito da experiência. Mas uma missão parece ser mais nobre para ela:
— Eu gosto muito muito de tirar foto, fazer pose. Quero ser modelo. Mas o que eu quero é mostrar para as pessoas que, mesmo com algo que não gostam no corpo delas, elas podem fazer o que quiserem.