Por falta de inscrição, André não participou dos três Gre-Nais do Gauchão, disputados no mês de março. Um dos estreantes da tarde deste sábado no maior clássico gaúcho, o centroavante do Grêmio nem sequer precisou ter entrado em campo contra o rival para perceber a relevância do jogo na vida dos gaúchos, tantas foram as vezes em que ouviu falar sobre ele nesta última semana.
Um sinal de que já está contaminado pelo Gre-Nal foi dado pelo jogador durante a entrevista coletiva da sexta-feira. Numa das perguntas, André provocou risos ao responder como será reencontrar Patrick e Lucca, ex-companheiros de Sport e Corinthians, agora na condição de adversários.
— Se estão do outro lado, é tudo ex-amigo. Fora de campo, nos cumprimentamos. Mas, dentro, é ex-amigo — brincou.
Com passagens por clubes como Santos, Corinthians, Sport, Vasco e Atlético-MG, André, 27 anos, acumula uma experiência em clássicos que falta a muitos veteranos. Pelas suas contas, foram mais vitórias do que derrotas. E, mais importante, quase sempre com gols.
Levantamento feito por GaúchaZH revela dois gols pelo Cruzeiro contra o Atlético-MG e um pelo Sport frente ao Santa Cruz. Passou em branco com as camisas de Vasco e Corinthians, clubes que também defendeu.
Foi no Santos, no derby contra o Corinthians, apontado como um dos mais expressivos do estado de São Paulo desde a época de Pelé, que André apareceu com maior destaque. Surgido em 2009, na mesma geração de Neymar e Ganso, o centroavante balançou quatro vezes as redes corintianas.
— Já fiz gol em Atlético e Cruzeiro, Santos e Corinthians. Mas ficou no passado. Marcar gol em clássico é sempre especial. O jogador fica marcado por isso. Se vencermos, ficaremos lá em cima na tabela — diz.
Um dos gols de André com a camisa do Santos contra o Corinthians entrou na história pela polêmica que gerou. Foi em 2012, época da segunda passagem do centroavante pelo clube da Vila Belmiro. No dia 19 de agosto, ele completou para a rede de Cássio depois de a arbitragem não assinalar dois absurdos impedimentos no início do lance. Brincadeiras feitas naquela ocasião disseram tratar-se do gol mais impedido da história do futebol.
— Neymar participou do começo da jogada. Foi um gol incomum. O Tite (técnico do Corinthians) reclamou muito naquela tarde — lembra Michael Santos, do jornal A Tribuna de Santos.
Não se pode dizer que ele tenha sido um jogador omisso em clássicos. Mas não chegou a ser um grande destaque. Digamos que foi um jogador nota 6,5 ou 7
LÉO GOMIDE
Jornalista da Rádio Inconfidência
Pelo Sport, também foram duas as passagens de André. A que é recordada com maior carinho pela torcida foi a de 2017, antes da vinda para o Grêmio. Muito pelo gol marcado contra o Santa Cruz, que levou o rubro-negro de Recife às finais da Copa Nordeste. Um certeiro arremate de fora da área, após uma rebatida em falso da defesa.
— Foi um gol muito importante. Ainda mais por ter sido marcado no Arruda (estádio do Santa Cruz) — recorda o jornalista Filipe Farias, repórter do Jornal do Commercio, de Recife.
Inserido no Atlético-MG em um período conturbado do clube, André teve mais derrotas do que vitórias nos confrontos com o Cruzeiro. Fez dois gols, mas o período em que esteve afastado por indisciplina é mais citado do que suas atuações.
— Não se pode dizer que ele tenha sido um jogador omisso em clássicos. Mas não chegou a ser um grande destaque. Digamos que foi um jogador nota 6,5 ou 7 — opina Léo Gomide, da Rádio Inconfidência, de Belo Horizonte.
Com cinco jogos e dois gols marcados pelo Grêmio, André tenta aproveitar cada brecha no Brasileirão e Copa do Brasil, já que, na Libertadores, só poderá atuar nas oitavas de final. Ao analisar o Gre-Nal, vê semelhanças com Atlético-MG e Cruzeiro, por se tratarem dos dois grandes da cidade na Série A. As palavras traduzem sua expectativa para o jogo na Arena.
— Meus amigos sempre falaram que Gre-Nal é diferente, mexe com a cidade, para tudo. Mas é mais coisa de quem está lá fora. A gente fica trancado aqui dentro (na concentração). Eu vou sentir a atmosfera do Gre-Nal quando estiver no estádio — aguarda o camisa 90.
Na mesma entrevista em que falou dos agora "inimigos" Patrick e Lucca, André estranhou o número de perguntas feitas pelos jornalistas. Ele mal sabe a quantas precisará responder caso faça um gol no jogo. Dependendo do que fizer, poderá candidatar-se a uma vaga na galeria dos chamados homens Gre-Nal. É tudo o que quer a torcida do Grêmio.