Quando se fala em um presidente icônico como Fábio Koff, que morreu na manhã desta quinta-feira, o maior de nossa história, e, seguramente um dos dois maiores dirigentes da história do futebol gaúcho, ao lado de Fernando Carvalho, multicampeão pelo Inter, cada um terá sua lembrança, é claro. A minha geração, sem dúvida, tem na memória o brilhante dirigente que reconstruiu o Grêmio a partir de 1993, embora ele tenha marcado época como único presidente do Grêmio a ser campeão do Mundo, dez anos antes.
Voltando aos anos 1990, lembro bem que, em 1993, ele assumiu o clube após um 1992 terrível, no qual fomos eliminados pelo coirmão, na semifinal da Copa do Brasil, sem acertar um pênalti sequer. Sempre é bom lembrar que, neste mesmo 1992, jogávamos a Série B, por conta de nosso primeiro rebaixamento.
Para completar o drama, voltamos para a Série A, naquele ano, por conta de uma famosa virada de mesa. Na época, a CBF mudou a regra do acesso e, em vez de dois times (como vinha acontecendo desde 1988), determinou que seriam 12 os promovidos para a Série A de 1993. E, mesmo assim, subimos em 12º lugar, a popular última vaga.
Pois bem, foi esse Grêmio que Fábio Koff encontrou em 1993, o ano que começaria a marcar o surgimento de um dos maiores times de nossa história. Inicialmente, venceu o Gauchão, retomando a hegemonia regional, fator sempre importante para um começo vencedor. Ah, e com a marca de um dos craques mais espetaculares que já vestiram nossa camisa, Dener, precocemente falecido em 1994.
No campeonato, o técnico era Sérgio Cosme, que acabou saindo logo em seguida, sendo substituído por um nome que viria a ser um mito na casamata tricolor: Luiz Felipe Scolari. No segundo semestre de 1993, uma das primeiras providências de Koff que viriam a transformar aquele time em um máquina de títulos: manter a convicção no trabalho de Felipão, extremamente criticado por uma campanha nada mais que média no Brasileirão.
Em 1994, começa a revolução no Grêmio. Ali, já despontavam jogadores da base, como Danrlei, Roger e Carlos Miguel. A eles, Koff, e seu fiel escudeiro, Cacalo, somaram nomes como o centroavante Nildo, autor do gol do título da Copa do Brasil daquele ano.
Se em 1994 Koff começou a reconstruir, em 1995 ele tornou essa reconstrução épica. Naquele ano, trouxe uma leva de jogadores, alguns consagrados, como Dinho, campeão do Mundo pelo São Paulo, e outros que não tinham espaço em seus times, como Paulo Nunes, que veio do Flamengo, e Jardel, que nos trouxe de volta a alegria em ir ao estádio, pois sabíamos que, com Jardel em campo, a vitória era quase certa. Além desses, Koff e Cacalo "descobriram" nomes como Arce e Rivarola, trouxeram o maestro Adilson, fizeram crescer o craque (na época) Arilson.
O resto? Bom, o resto a história conta com facilidade. Vencemos a Libertadores, o Gauchão, demos um sufoco na máquina do Ajax, perdendo somente nos pênaltis, vencemos Recopa, Brasileirão e, novamente, o Gauchão. Tudo obra da gestão Koff, do maior presidente que tivemos.
Além de guardarmos esse período na memória, podemos desfrutar do atual momento, cujo mandatário, antes desconhecido do grande público, Romildo Bolzan, foi indicado por Koff, que, certamente, conhecia todas as qualidades de seu pupilo, enquanto entendedor de futebol e gestor. Mais um gesto de grandeza do maior presidente de nossa história.