A falta de ritmo de jogo pode ser o principal problema para o Lanús no jogo de ida da final da Libertadores. E este é um risco calculado pelos argentinos. No período de 22 dias entre a vitória épica sobre o River Plate, na semifinal, e a decisão contra o Grêmio, na quarta, a equipe grená abriu mão de fazer amistosos e não entrou em campo nenhuma vez, somando mais de três semanas sem atuar.
O motivo é que o técnico Jorge Almirón está muito preocupado com a possibilidade de perder jogadores por lesão. Além disso, o treinador confia muito no seu método de trabalho. Ao lado de seus auxiliares, aposta muito mais em comandar um bom treinamento, com alta intensidade, do que em fazer um amistoso qualquer contra um time aleatório.
— Cada comissão técnica tem a sua estratégia. A nossa foi não arriscar os jogadores em partidas amistosas. Pode ser que sim, que tenhamos problemas de ritmo, mas também pode ser que não. O nosso trabalho foi muito apropriado em função das cargas. Mantivemos o ritmo alto pra que os jogadores cheguem ao jogo da melhor maneira — explica o preparador físico do Lanús, Diego Ossés.
Nos coletivos, todos realizados com portões fechados, Almirón posiciona os reservas com a mesma função tática dos jogadores do Grêmio. Vários atletas da base são chamados para participar desses trabalhos. Para a comissão técnica do Lanús, esse tipo de atividade é mais útil do que fazer um mero amistoso contra um time com características muito diferentes das do time de Renato.
— Fizemos neste período treinos com atletas da base e também utilizando alguns jogadores como sparring nas atividades. Nós gostamos de usar o trabalho da comissão técnica — completa Ossés.
Após a classificação para a final diante do River Plate, no dia 31 de outubro, o Lanús teve apenas duas rodadas pela frente no Campeonato Argentino. A primeira delas, contra o Olimpo, ocorreu no dia 4 de novembro, apenas quatro dias depois do tenso e intenso jogo contra o River. Já o segundo, contra o Defensa y Justicia, foi no último sábado, a quatro dias da final contra o Grêmio.
Para evitar desgaste físico, o time argentino escalou os reservas nos dois jogos. E perdeu os dois, por 2 a 0 e 3 a 0, respectivamente.
— O Campeonato Argentino para muito por datas Fifa, e Almirón não gosta de arriscar nenhum jogador, pois ele não tem um grande plantel. Ele já fez isso (de não utilizar os titulares) em fases anteriores. Se perde um atleta importante, não tem substituto. Por isso, o treinador acha importante preservar os jogadores para contar com todos os titulares à disposição na decisão — explica o jornalista Mariano Antico, setorista do Lanús do canal TyC Sports.
A última vez que o Lanús ficou um período semelhante sem utilizar os atletas principais foi nas semanas que antecederam as quartas de final da Libertadores. Antes do jogo de ida contra o San Lorenzo, no dia 13 de setembro, os titulares ficaram 17 dias apenas treinando, sem atuar. O resultado foi uma derrota por 2 a 0 fora de casa, que só foi revertida no jogo da volta, em La Fortaleza, após uma dramática decisão por pênaltis.
Se os argentinos vão sentir a falta de ritmo contra o Grêmio, no jogo desta quarta, na Arena, só o destino vai dizer.
O fato é que o risco já foi devidamente calculado e assumido pelos Lanús.