A pergunta que mais recebi nos últimos meses, no Esporte e Cia, da Rádio Gaúcha, foi se o Tricolor tinha condições de ganhar as três grandes competições que estava disputando: Copa do Brasil, Libertadores e Campeonato Brasileiro.
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Minha resposta sempre foi na linha de que tinha futebol para isso, pois o Grêmio pratica o melhor futebol no país. No entanto, sempre alertei para o fato de que, em competições mata-mata, os detalhes decidem o futuro das equipes, independentemente de favoritismo ou não. Sobre a eliminação da quarta-feira, nitidamente a bola parada do Cruzeiro, com o habilidoso Thiago Neves, foi uma das principais armas do clube mineiro, algo já previsto. Hudson subiu livre para cabecear, e o Grêmio pagou caro. A bola aérea já tinha sido fundamental na eliminação do Grêmio no Gauchão. Nos pênaltis, então, os erros individuais foram cruciais. Engana-se quem pensa que pênalti é loteria. Pênalti não é, nunca foi e nunca será loteria.
É estudo, controle psicológico e capacidade de decisão.
É uma disputa forte entre batedor e goleiro, que passa longe de ser sorte ou azar. Normalmente os principais batedores, por exemplo, são muito estudados pelos goleiros, que observam dezenas de cobranças realizadas anteriormente. Outro fato muito observado pelos goleiros e seus treinadores é onde o chutador costuma bater em momentos decisivos, pois uma coisa é chutar pênalti durante uma partida qualquer, outra é no momento de decisão, quando, normalmente, o cobrador não modifica o seu estilo. Estudos mostram que, em decisões por pênaltis, em 70% a 80% das cobranças, os batedores invertem o canto.
Tanto é que, quando o goleiro opta por tentar adivinhar onde a bola será chutada, ele é orientado a pular no canto contrário do pé do batedor, já que a chance de acerto será maior. O posicionamento do corpo dos batedores também é muito estudado pelos goleiros na hora de, em fração de segundos, definir onde irá se atirar para tentar evitar o gol. Para os batedores, fundamental é a repetição nos treinos e a confiança.
Thiago Neves, quando marcou o gol decisivo de quarta-feira, ao final do jogo, disse: "Que bom que a última cobrança caiu nos meus pés". Isso se chama personalidade, vontade de decidir. A mesma personalidade que Arthur teve para fazer a melhor cobrança do Tricolor. Enfim, estes são apenas alguns exemplos para mostrar que, mesmo sendo o time com o futebol mais bem jogado do país, o Grêmio ainda tem de diminuir suas chances de erro. Libertadores também é mata-mata e não está descartada que novas decisões por pênaltis ocorram. Uma coisa é ser favorito, e o Grêmio ainda é, mas outra é saber decidir nos momentos em que o time é exigido para tal. Definitivamente, pênalti não é loteria.
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