Na semana passada, no seminário que tivemos aqui na RBS com a participação de Tite, perguntei-lhe sobre a funcionalidade do centroavante de área, o homem de referência, o nove genuíno, neste futebol de alta velocidade dos dias atuais. Tite sorriu antes de responder. Mas deu de primeira, como fazia nos tempos de armador no meio-campo do Caxias e do Guarani-SP:
– O ruim, o caneleiro, esse não tem lugar em nenhum esquema. Agora, o centroavante de qualidade, ah, esse joga sempre.
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O próprio Tite montou sua Seleção Brasileira sem um nove específico. Gabriel Jesus não tem altura nem a paciência para esperar a bola, atributos para um jogador dessa posição. Seu reserva é Roberto Firmino, quem também é de sair da área, embora conheça cada centímetro dela e todos os seus atalhos que levam ao gol.
O último Brasileirão deu-nos uma temperatura sobre como estão jogando os principais clubes brasileiros. Não tivemos um "homem-gol", como definiu o presidente Romildo Bolzan Júnior. Em vez dele, vimos vários goleadores com números econômicos. Fred, Pottker e Robinho dividiram o topo da tabela, com 14 gols cada. Foi o pior número nos últimos 25 anos do Brasileirão. Na era dos pontos corridos (desde 2003), essa marca era de Souza, do Goiás, com 17 gols.
Percebe-se que o centroavante, o cara que decide e cheira a gol, é artigo raro no mercado brasileiro. O Grêmio busca um para encarar a dureza da Libertadores. Acredito que a prateleira com os que falam em espanhol tenha bem mais variedade. Se o presidente Romildo permite, vou sugerir aqui três nomes – e todos paraguaios: Lucas Barrios, escanteado no Palmeiras, Fernando Fernández, que estava nos planos em 2015 e parou no Tigres, onde nem joga, e Santander, no Copenhagen, da Dinamarca, e classificado para a Liga Europa, o que dificultaria uma investida.
São três nomes apenas, mas creio que o homem-gol pretendido pelo Grêmio, dificilmente, fala português.