O mau desempenho contra o Rosario Central não é fato isolado na campanha do Grêmio na Libertadores. A irregularidade tem sido a tônica da equipe em toda a competição. A exceção são os dois jogos contra a equatoriana LDU. De resto, o time não conseguiu passar ao torcedor a sensação de confiança que lhe permita sonhar com o tri da América.
A derrota de quarta-feira também foi consequência da ansiedade que acometeu os jogadores depois da eliminação no Gauchão. Fora da disputa do título que parecia o mais fácil de ser conquistado, o time sentiu-se na obrigação de dar uma retribuição aos torcedores. No entanto, afundou em campo.
– Quando aumenta a tensão psicológica, o jogador deixa de fazer as coisas automaticamente e perde até o sentido tático. A margem de erros foi de 80%. Fiquei espantado – afirma Benno Becker Jr., doutor em psicologia pela Universidade de Barcelona e presidente da Sociedade Sul-Americana de psicologia do esporte.
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Ex- jogador, preparador físico e treinador, inclusive com passagem pelo Grêmio, em 1973, Becker reconhece que o time possa ter sentido cansaço pelo excessivo desgaste da partida contra o Juventude. Mas o que o mais espantou foi o elevado nível de ansiedade. Assim como a disposição dos argentinos de marcarem em todas as partes do campo.
Ansiedade e cansaço, contudo, não são os únicos fatores que explicam a derrota. O ex-volante Emerson, que fez parte do grupo campeão da Libertadores em 1995, não entende como o Grêmio se deixou envolver pela intensidade do Rosario Central.
– Também tem o fator campo. Parecia que os argentinos estavam em casa. Estavam mais dispostos a continuar na competição e o Grêmio se abateu –analisa. – Parece que fazem o calendário para o time sair. Na Europa, valoriza-se os clubes quando eles se classificam para a Liga dos Campeões – compara.
Nem mesmo a direção escapa ilesa da ansiedade. O presidente Romildo Bolzan sofreu uma crise de pressão alta antes da partida. Ao acompanhar o jogo do camarote presidencial da Arena, ao lado de sua esposa, Vera, teve de receber atendimento e ser medicado por conta do mal-estar.
Tudo, porém, não passou de um susto. Após o jogo, Bolzan retornou a sua casa, em Osório, e ontem realizou exames. Salvo alguma recomendação médica em contrário, Bolzan deverá acompanhar a delegação na viagem à Argentina.
Veja o desempenho nos sete jogos da Libertadores:
Toluca 2x0 Grêmio
Em sua estreia na Libertadores, o Grêmio sofreu na altitude mexicana. O ar seco e rarefeito ampliou o desgaste e dificultou a troca de passes pela velocidade mais rápida da bola. A derrota também passou pela grande atuação do time mexicano, a noite inspirada do atacante Enrique Triverio e as falhas na bola aérea da defesa gremista.
Grêmio 4x0 LDU
No jogo que marcava a estreia de Bolaños no Grêmio, a LDU foi presa fácil na Arena. O time de Roger abriu o placar com Maicon. Depois, ampliou com o próprio Bolaños, e consolidou a goleada com Henrique Almeida e Everton. Pesou na vitória o ótimo rendimento coletivo da equipe, além da fragilidade defensiva do adversário.
Grêmio 1x1 San Lorenzo
A equipe de Roger frustrou a expectativa da torcida. Com atuação apática, o time mostrava abatimento por ter perdido Bolaños, desfalque por duas fraturas na mandíbula. O Grêmio foi encurralado pela marcação argentina. E a defesa voltou a comprometer na bola aérea. Foi assim que Cauteruccio empatou.
San Lorenzo 1x1 Grêmio
O Grêmio viveu um filme de terror no Nuevo Gasómetro. Saiu perdendo, gol de Ortigoza, e repetia o desempenho apático na Arena. Mais uma vez, o time de Roger não conseguia criar jogadas pela forte marcação argentina. Mas, ao final, Lincoln teve competência para empatar o jogo e aliviar o sofrimento.
LDU 2x3 Grêmio
O Grêmio teve dificuldades com o gramado encharcado em Quito. Apesar da pressão da LDU, o time de Roger conseguiu criar jogadas de aproximação e marcar gols: abriu o placar com Douglas e ampliou com Bobô. A LDU ameaçou reagir, mas o Grêmio fez o terceiro com Walace e se segurou no final.
Grêmio 1x0 Toluca
Com a vaga nas oitavas já garantida, o Grêmio enfrentou um Toluca, também já classificado, que veio a Porto Alegre com time misto. A vitória foi construída com gol de Ramiro, ainda no primeiro tempo, sem muita resistência do time mexicano. Depois, nitidamente, a equipe de Roger Machado diminuiu o ritmo.
Grêmio 0 x 1 Rosario Central
Talvez abalado fisica e psicologicamente pela eliminação no Gauchão, os jogadores se mostraram nervosos contra o Rosario Central. Depois do gol de Marco Ruben, o time de Roger não esboçou reação. O Grêmio não conseguia chegar ao gol argentino, tamanha era a pressão adversária na saída de bola.
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