Os dirigentes tricolores se esforçaram, fracassaram tantas vezes, mas não desistiram, mesmo que sempre constrangidos diante dos limites financeiros impostos pelo atual momento de penúria, aliás, assumido com galhardia. Neste meio tempo, viu-se o surgimento de Roger Machado como técnico e de uma equipe confiável - algo com que a torcida também estava desacostumada -, ainda que sem ser brilhante. O resultado, bem sabemos, não deu no tão desejado título, mas garantiu vaga à Libertadores. Era o que nos bastava, ainda mais depois do 5 a 0 glorioso sobre o coirmão, para se ter alguma esperança em 2016.
Eis que, em pleno Carnaval, dirigentes viajam sorrateiramente para o Equador e de lá anunciam a contratação de Miller Alejandro "The Killer" Bolaños, meia ou atacante do Emelec, detentor da marca de 25 gols em 34 jogos no ano passado, com uma apreciável média de 0,73 gol por partida. Certamente não é um craque, mas Bolaños empolga e surge como uma centelha de entusiasmo, que não só merece uma recepção da qual nossos cronistas poderão, enfim, exercitar o jargão, mas que também coloca o jovem técnico Roger frente a um baita desafio, creio que ainda inusitado em sua breve carreira.
Com a chegada de Bolaños, acrescida da recente e surpreendente vinda de Henrique Almeida, a questão que deve estar povoando a mente aberta e esperta do treinador gremista, não tenho dúvidas, é como irá proceder para "arrumar" a linha de frente de sua equipe. Partindo-se do pressuposto que Giuliano e Luan têm lugar cativo em qualquer formação tática tricolor, Roger terá que resolver a equação de como compor o restante do meio-campo e do ataque no time titular, tendo à sua disposição Douglas, Lincoln (sim, ele deve ser considerado um protagonista), Everton, Pedro Rocha, Bolaños, Henrique Almeida e, por que não, Bobô e Fernandinho. Têm-se aí oito jogadores para duas vagas! Ou seja, outro jargão da crônica esportiva logo emerge dos teclados: Roger tem um bom problema. Pois que assim seja! E que o Grêmio, então, possa desencantar e contemplar seus torcedores com uma jornada na Libertadores digna de sua história de bicampeão da América.
Mas e a tal van do Bar do Alemão, onde é que entra nesta história? Entra na medida em que este bissexto cronista torce para que, no embalo da contratação de Bolaños, a chama se reacenda e que em todos os jogos da Libertadores possamos novamente nos reunir na esquina da Gonçalves Dias com a Saldanha Marinho para dali partir de van até a Arena com o entusiasmo de quem acredita que ainda seremos felizes em 2016.