Aquele Olímpico pulsante, que amedrontava os rivais do Grêmio, já não existe mais. Hoje, o estádio inaugurado em 1954 agoniza à espera de uma implosão que nunca chega. Foi desocupado em dezembro, quando deixou de receber treinos do grupo profissional. Em ruínas, é motivo de sofrimento para gremistas que lá viveram tantas glórias.
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Parcialmente demolido, principalmente na antiga área que abrigava as piscinas, no lado da Avenida Gastão Mazeron, o Monumental aguarda pelo desfecho das negociações entre Grêmio e OAS. A posse do terreno ainda é do clube, até hoje responsável pelo pagamento de seus tributos, como o IPTU. Por isso, a empreiteira não se manifesta sobre a demolição.
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O último aditivo de contrato assinado em junho do ano passado estipula que a área na Azenha só será entregue à empreiteira depois que o Grêmio receber a gestão da Arena. No entanto, esta operação depende da concordância do Banco do Brasil, do Santander e do Banrisul - repassadores da linha de crédito de R$ 260 milhões obtida pela OAS junto ao BNDES para a construção do complexo no Humaitá.
Para assumir o controle integral de seu novo estádio, o clube pagaria R$ 396 milhões parcelados à empreiteira ao longo de 20 anos.
- O Grêmio só entregará o Olímpico quando receber a Arena. Esta é a relação contratual que temos com nossa parceira - resume o presidente Romildo Bolzan Júnior.
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Desde o final de março, quando as máquinas e os funcionários da empresa Ramos Andrade deixaram o estádio, pouco movimento foi registrado. O contrato da empresa responsável pela demolição foi suspenso em comum acordo com a OAS - e não por falta de pagamento, como especulado nas redes sociais.
- Suspendemos as atividades por falta de serviço. O Grêmio não liberou a demolição em outros setores, não fazia sentido manter uma equipe lá - relata o engenheiro Hamilton Simões Pires, responsável pelos trabalhos por parte da empresa.
Foto: Omar Freitas
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As reuniões da comissão montada pela prefeitura para gerenciar a demolição também cessaram. A última ocorreu em outubro do ano passado, para revisar o plano de evacuação do entorno do Olímpico no dia da implosão - uma manhã de domingo que nunca chega.
Quase todas as licenças necessárias para a execução dos trabalhos seguem em vigor - a de demolição mecânica, obtida junto ao município, vence em 21 de agosto. A única que já expirou foi a de uso de explosivos, obtida junto ao Exército, encerrada em 26 de setembro.
- É como se fosse uma casa que o dono colocou à venda. O jardim cresce, cria mato, e o visual não é agradável. Mas como se trata de um terreno privado, não há nada em que o poder público possa interferir - explica Ricardo Gothe, chefe de gabinete da prefeitura, responsável pela comissão.
Foto: Omar Freitas
Funcionários limpam estádio uma vez por mês
Hoje, o velho Monumental é guardado por oito seguranças. Eles se revezam em dois grupos, que trabalham em turnos de 12 horas - sempre com início às 7h e 19h. Dois homens ficam na portaria, no histórico Largo dos Campeões, transformada em uma sala onde estão funcionava a ouvidoria.
Outro fica no lado oposto do estádio, próximo aos escombros do que um dia foi o portão 7. Além disso, há mais um que faz rondas em uma bicicleta. Tudo é cercado por grades, já desgastadas pela ação do tempo.
Uma vez por mês, um mutirão de funcionários do Grêmio vai ao Olímpico. Levam tratores, máquinas de corte, capinam o gramado e espalham veneno para espantar ratos e insetos. A direção cogitou manter uma equipe de manutenção local. Mas o gasto, avaliado em R$ 30 mil mensais, impediu a iniciativa. A rede elétrica foi desligada para evitar custos.
Foto: Omar Freitas
Em ruínas na Azenha, o Monumental ainda vive nos CTs Luiz Carvalho e Hélio Dourado. Todo o mobiliário do velho estádio foi catalogado e reaproveitado em outras instalações do clube. Nada se perdeu.
Um enorme depósito na Arena guarda materiais de construção, como vidros, divisórias, luminárias e afins. Além disso, itens históricos, como os 120 refletores, estão guardados, embalados em plástico bolha - serão instalados nos CTs em um futuro próximo. A própria capela do Olímpico está guardada lá.
Além disso, os troféus, medalhas e demais documentos históricos do Memorial Hermínio Bittencourt também estão armazenados. A projeção é inaugurar o novo espaço para visitação dos torcedores até outubro. Um local onde o Olímpico sempre estará vivo. Pulsante, rugindo e único, como sempre será lembrado pelos gremistas.
Foto: Omar Freitas
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Glórias passadas
Quase abandonado, Olímpico agoniza à espera da demolição
Enquanto negociação entre Grêmio e OAS não tem desfecho, estádio sofre com a ação do tempo
Adriano de Carvalho
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