
Esqueça o Grêmio de 2013, que privilegiava a marcação e jogava, às vezes, por uma única bola para garantir a vitória. A chegada de Enderson Moreira representa uma significativa mudança de conceito. Em 2014, o time estará mais perto da área adversária.
A mudança passa pelo meio-campo. Diferentemente de Renato Portaluppi, Moreira não monta suas equipes com três volantes. No Goiás, sexto colocado do último Brasileirão, o treinador deixava com Amaral e David as funções de marcação e incumbia os armadores Eduardo Sasha, Hugo, Roni e, por vezes, Renan Oliveira, da tarefa de abastecer Walter. Deu certo a maior parte do tempo. Não fosse a lesão sofrida por Walter nas rodadas finais, o time poderia ter se classificado para a Libertadores.
- Ele é um treinador que privilegia a posse de bola. E gosta de jogar bem para a frente. Mas eu não diria que é um ofensivista, à medida que só usava um atacante - resume Igor Pereira, editor de esportes do Dário da Manhã, de Goiânia.
Na prática, Barcos ficará menos isolado entre os zagueiros do outro time. Maxi Rodríguez, que começará o ano como titular, dividirá com Zé Roberto, caso este renove seu contrato, a função de ligar o meio ao ataque. No 4-2-3-1 de Enderson, Kleber deverá ser mais meia do que atacante.

Souza e Ramiro são os mais cotados para atuar como volantes. Mas Edinho e Riveros, pela experiência em Libertadores, também são boas alternativas. Outra opção poderá ser Bruno Henrique, que destacou-se no Brasileirão pela Portuguesa e está nos planos. O Grêmio tenta efetuar a compra de 50% dos direitos econômicos do jogador, vinculado ao Londrina.
Nada garante, contudo, que Enderson Moreira não possa fugir a sua biografia. Não será surpresa se, em jogos fora de casa, ele optar por uma formação mais cautelosa. Nessa hipótese, podem voltar os três volantes. Ou até mesmo três zagueiros, dependendo do que Pedro Geromel demonstrar nos treinamentos. Se é verdade que o Grêmio de Renato Portaluppi marcava poucos gols, era indiscutível a qualidade defensiva do time.

- Enderson é um técnico de personalidade forte e muita convicção. Não é muito de voltar atrás em seus pensamentos - complementa Guilherme Semerene, setorista do Goiás no Diário da Manhã, observando que o técnico comprou uma briga com parte da torcida ao deixar de apostar em jogadores da base, mesmo que o Goiás tivesse conquistado o vice-campeonato da Taça São Paulo.