Bastou uma vitória sobre o quebradiço Náutico para que Vanderlei Luxemburgo fizesse o que parece que lhe agrada mais: falar, desenrolar teses, discursar. Não pensem que me oponho ou me provoque desconforto ouvir as prédicas do Luxa.
Pelo contrário, me satisfaz muito identificar em cada entrevista do treinador, uma habilidade incomum para produzir e desenvolver teorias em alta velocidade. Luxemburgo não se aperta com qualquer indagação que pareça constrangedora. Ele responde, sorri e, vez em quando, despeja uma troça que não ofende nem o atingido.
O treinador do Grêmio é um excepcional orador. Porém, sua capacidade de ilusionista não pode e nem deve convencer. Jogando após a desclassificação inaceitável na Libertadores, o Grêmio entrou em campo com a corda no pescoço. Se não tivesse um desempenho interessado, pegador, o alçapão se abriria sob os pés de todos. O time, realmente, mostrou uma postura diferente mas seguem latejantes algumas deficiências.
Exemplo: o que faz Pará no lado direito do time? É um exemplo de dedicação mas a sua produtividade é muito baixa. Elano se esforçou, é verdade, mas o que ficou da sua atuação além do gol marcado? Mais, quando estará em condições de jogar uma partida inteira? Outro elemento de jogo que não pode ser ignorado: o elevado número de passes errados. Como a maioria deles são feitos pelos dois volantes, o time sai mal de trás e quando não perde a bola, avança dão desacelerado que o adversário tem tempo para recuar e preparar a sua defesa.
Bom para o Grêmio é que Luxemburgo é um grande ilusionista mas também percebe com clareza as deficiências da equipe. Para que o Grêmio seja, realmente, forte candidato ao título, terá que superar estas limitações, que Luxemburgo vê mas não fala.