
A poucos dias de mais um clássico Gre-Nal, agora decidindo o Gauchão 2025, o Rio Grande do Sul volta a viver o frisson de quem vai estar no comando da arbitragem da partida. Erros nas fases anteriores, no campo e no vídeo, motivaram críticas de lado a lado.
Em meio a críticas, a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) cedeu em parte às pressões de Grêmio e Inter e decidiu por instituir que o árbitro do VAR já viesse de fora do Estado nas partidas de volta das semifinais. E a cena se repetirá durante as duas finais. Mas e dentro de campo?
A indefinição persiste, por mais que ainda em fevereiro, o presidente da Federação, Luciano Hocsman, tenha garantido que esta medida não seria realizada em 2025.
Quarenta e três anos sem árbitro de fora
Nos últimos anos, em Gre-Nais por outras competições que não o Gauchão, têm sido comum o árbitro vir de fora do Estado. Seja no Campeonato Brasileiro ou na Copa Libertadores, a arbitragem que atuou por aqui morava bem longe das polêmicas que cercam o clássico no dia-a-dia.
Mas tratando-se de Campeonato Gaúcho, a lógica é bem diferente. O último que foi apitado por um "não-gaúcho" foi há mais de quatro décadas. Em novembro de 1981, no primeiro turno do octogonal final, o Inter venceu o Grêmio por 2 a 1, no Beira-Rio, com o carioca José Roberto Wright no apito.
Bira e Cléo fizeram os gols do Colorado, enquanto Geraldão descontou para o Tricolor. Foi o Gre-Nal 258. Wright distribuiu quatro cartões amarelos, sendo três para o Inter (André Luiz, Rodrigues Neto e Jaiminho) e um para o Grêmio (Paulo Isidoro). Não houve expulsões. O Inter era treinado por Cláudio Duarte, e o Grêmio por Ênio Andrade. No final da competição, os Colorados festejaram o título.
Árbitro alemão no Gre-Nal 1
O primeiro clássico da história, vencido pelo Grêmio por 10 a 0, foi apitado pelo alemão Waldemar Bromberg. O jogo ocorreu em 18 de julho de 1909.

Mas Bromberg já morava em Porto Alegre e fazia parte da diretoria do Grêmio. Junto ao irmão, possuía um comércio no centro da capital e teve participação importante na compra do terreno onde foi construído o primeiro estádio gremista no início do século passado.
Era comum naquela época que os árbitros possuíssem alguma relação com os clubes, fato que era aceito normalmente, com civilidade. Depois do alemão Bromberg, o Gre-Nal só voltou a ser apitado por um árbitro nascido fora do Estado em 1948.
O clássico 105 foi um amistoso no Estádio dos Eucaliptos em 14 de dezembro. O Inter venceu por 2 a 0, dois gols de Ghizoni, com arbitragem do carioca Mário Vianna, que tempos depois, em 1950 e 1954, apitaria duas Copas do Mundo.
Os gaúchos que mais apitaram
Em 444 clássicos comandados por gaúchos, foram 148 árbitros diferentes comandando o Gre-Nal. A lista dos seis que mais apitaram tem:
- 25 jogos - Carlos Rosa Martins (RS)
- 23 jogos - Agomar Martins (RS)
- 19 jogos - Carlos E. Simon (RS)
- 18 jogos - Leandro P. Vuaden (RS)
- 13 jogos - Alfredo Cesaro (RS)
- 13 jogos - José Luís Barreto (RS)
De fora do RS
- 9 jogos - Cyrill Barrick (ING)
- 7 jogos - Ricardo Silva (ARG)
- 5 jogos - José Roberto Wright (RJ)
- 5 jogos - Romualdo Arppi Filho (SP)
- 4 jogos - Miguel Comesaña (ARG)
Arbitragem estilo Campeonato Inglês?
O inglês Cyrill Barrick apitou nove clássicos entre 1949 e 1950. Ele veio de Northampton, a cerca de 100 quilômetros de Londres, para trabalhar no Brasil como árbitro por um ano. Cyrill começou a atuar no Rio de Janeiro, trabalhou em jogos do Campeonato Sul-Americano de Seleções e depois veio para o Rio Grande do Sul, a convite da então Federação Rio-Grandense de Desportos.
Quarenta e nove homens que apitaram o Gre-Nal desde 1909 não nasceram no Rio Grande do Sul. Somando-se paulistas, cariocas, mineiros, paranaenses, goianos, catarinenses, pernambucano, alagoano e paraense, foram 34. Foram 15 estrangeiros, sendo nove argentinos, três alemães, dois ingleses e um uruguaio.
Os números
Computando todos os clássicos realizados, 93 deles foram apitados por árbitros de fora do Rio Grande do Sul.
- Vitórias do Grêmio - 30
- Vitórias do Inter - 34
- Empates - 29
O último encontro entre os dois times com árbitro de fora foi no segundo turno do Brasileirão de 2024. No Beira-Rio, o Inter venceu por 1 a 0, gol de Borré, com arbitragem de Bruno Arleu de Araújo (RJ).
