
Inter e Grêmio buscam sanar seus problemas financeiros em 2015 a partir de cortes orçamentários, de redução de despesas fixas ou até mesmo de novos meios para operacionalizar seu motivo principal de ser: o futebol.
Até o momento, os dividendos não afetam os Departamentos de Futebol a ponto de prejudicar o grupo de jogadores ou o projeto para a temporada. Contudo, é bom que a Dupla esteja atenta aos números. A pedido de Zero Hora, o Consultor de marketing e gestão esportiva Amir Somoggi analisou as contas dos dois clubes no período de 2011 a 2014.
O Inter viu suas receitas caírem 20% em 2014, especialmente pela queda dos ganhos com transferências de atletas, que somaram R$ 30 milhões em 2014, frente aos R$ 123 milhões de 2013. Um aspecto positivo para o time do Beira-Rio foi o aumento das receitas com sócios, que atingiram R$ 59 milhões - um aumento de 50% em relação a 2013. A volta ao Beira-Rio foi essencial para o clube, as receitas somadas com sócios e bilheteria atingiram R$ 71 milhões no ano passado, recorde histórico para o clube, que somente perde para o Cruzeiro nesse quesito.
Na comparação em receitas com o estádio (sócios + bilheteria), o Inter leva vantagem frente ao Grêmio. O Grémio viu suas receitas crescerem 10% - impacto da melhora de receitas de marketing e transferências. Em 2014, o clube atingiu R$ 38,3 milhões em transferências de atletas, frente aos R$ 21 milhões de 2013. Entretanto o maior impacto paras as finanças do clube foi o aumento da receita com patrocínios, que passaram de R$ 24 milhões em 2013, para R$ 42 milhões no ano passado, provavelmente impactado por luvas da Umbro em seu novo contrato com o clube. Os recursos com os sócios caíram 13% e atingiram R$ 50,7 milhões.
O Inter conseguiu reduzir seus custos com o Departamento de Futebol - que atingiram R$ 193,4 milhões (queda de 8%). Neste valor estão incluídos os percentuais relativos ao pagamento da participação de terceiros nos atletas negociados. O clube pela queda de sua receita viu o seu custo com futebol passar de 76% das receitas em 2013 para 87% em 2014. O Grêmio reduziu também seu custo com futebol, mas em apenas 1%. O indicador em relação às receitas passou de 79% para 71%, graças ao aumento de cerca de R$ 20 milhões nas receitas. Segundo a Medida Provisória que trata das dívidas dos clubes o indicador ideal é 70%.
Um dos maiores problemas para a Dupla são suas elevadas despesas financeiras. O Grêmio gastou R$ 40,4 milhões e o Inter R$ 35,5 milhões. Boa parte dos déficits está associado ao grau de alavancagem dos clubes, com altos empréstimos com taxas de juros elevadas.
Uma despesa representativa para o Grêmio é o custo com os ingressos dos sócios, que em 2014 foi de R$ 15,3 milhões.
Com esse nível de endividamento, somado aos problemas de todos os clubes com suas dívidas fiscais, tanto Grêmio como Inter viram suas dívidas crescerem em 2014. A dívida do Inter subiu 22% atingindo R$ 280,4 milhões e a do Grêmio subiu 36%, somando R$ 383,1 milhões.
Os altos custos com futebol e outras despesas penalizaram a dupla em 2014, já que somados os clubes apresentaram déficits de R$ -80,7 milhões. Nos últimos quatro anos, o Inter acumulou perdas de R$ -62,4 milhões e o Grêmio R$ -81,2 milhões.
As dívidas fiscais de ambos perderam importância sobre o endividamento total, muito em função dos atos custos com contribuições sociais e impostos correntes sobre os salários dos atletas e das dívidas bancárias e outros mecanismos de empréstimos.
*ZHESPORTES