Cristiano Ronaldo foi para o banco e se emburrou. As fotos, os vídeos e os relatos de bastidores dão conta de um craque triste. O que se passa com CR7, um dos maiores de todos os tempos, o ser humano mais seguido no Instagram, o pai de filhos e filhas, é algo que sabemos mas, transportando para o nosso mundo, também não sabemos lidar: a decadência.
Ela é dura e ela chega. E ela é bonita. Até o significado da palavra tem poesia: "estado do que está começando a se degradar e se encaminha rapidamente para o fim, para a ruína".
Esse jogo de futebol existe para divertir, fazer sofrer e ensinar. Sérgio Ramos não foi convocado para a Espanha. Na dura eliminação espanhola na Copa - três pênaltis desperdiçados - Sérgio Ramos disse que "a Espanha não perde, ela aprende". Esporte serve para isso.
Voltando ao significado de decadência, o que assusta é a palavra "rapidamente". Porque as coisas realmente mudam velozmente. Dias desses, comi carne folheada a ouro e daqui um tempo serei comido por vermes. Serei banquete e que essas malditas larvas me comam com vinho e cerimônia! Não sou fácil de ser comido! Quero pompa!
Cristiano Ronaldo sentiu a decadência batendo em três dias. Da titularidade à reserva. Piscou e ele estava bravo com um colete amarelo. Foi rápida a mudança.
Guimarães ensinou
Tive uma querida professora de Língua Portuguesa lá no Alegrete, interior do Rio Grande do Sul, que brincava que "o problema é o gerúndio". É estar sendo reserva do time, é estar sendo traído, é estar vagabundeando, é estar sendo trapaceado.
Cristiano não está sendo enganado. O gajo que entrou em seu lugar fez três gols. A decadência de um ex-melhor do mundo deve ser dura, mas não precisa ser traumatizante. O terceiro Ronaldo a fazer história no futebol é boa pessoa, pai presente e um exemplo de força de vontade tremendo. E tem a sorte de ser na língua do país dele uma frase que seria carinhosa no gerúndio que estás a viver. É de Guimarães Rosa: "Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende."
