
Primeira adversária da Seleção Brasileira na Copa do Mundo do Catar, a moderna República da Sérvia é um Estado relativamente novo, que pronunciou sua independência em 5 de junho de 2006. A história dos sérvios na região dos Bálcãs, no entanto, é muito mais antiga do que isso, com as primeiras referências a eles datando ao final do século 6. Por isso, não é surpresa que o hino da Sérvia tenha um pouquinho mais do que os 16 anos da república.
A canção ouvida antes da estreia do Brasil no Mundial nesta quinta-feira (24) é, na verdade, do final dos anos 1880, composta por Davorin Jenko com versos de Jovan Djordjevic. Intitulada Bože Pravde, em sérvio, ou Deus da Justiça, em português, ela remonta ao início do Reino da Sérvia e originalmente possuía referências ao “rei sérvio”, que foram substituídas na versão atual por “terras sérvias”. Alguns versos chegaram a fazer parte do hino da Iugoslávia, do qual os sérvios fizeram parte entre 1918 e 1992, ao lado de croatas e eslovenos, e que chegou ao fim em uma sangrenta guerra no final do século 20.
O atual hino já foi alvo de polêmicas em 2012, quando um jogador da seleção nacional, Adem Ljajic, se recusou a cantá-lo antes de uma partida amistosa e foi suspenso da equipe. À época, foi especulado que o jogador, de etnia bosníaca, não quis repetir versos que falam da "raça sérvia". Ele foi convocado outra vez somente quando um novo treinador assumiu a seleção do país, depois de dois anos, e chegou a participar da Copa do Mundo de 2018.
Confira a tradução do hino da Sérvia para português (traduzido do inglês)
Deus da Justiça; tu que nos salvaste
quando na escravidão mais profunda fomos lançados,
Ouça as vozes de tuas crianças sérvias,
Nos ajude como no passado.
Com Tua mão poderosa sustenta-nos,
Facilita nosso caminho acidentado;
Deus, nossa esperança; proteja e valorize
As terras sérvias e a raça sérvia!
Amarre em vínculos próximos nossas famílias,
Ensine o amor que não falha.
Que o odiado demônio da discórdia,
Nunca em nossas fileiras prevalece
Deixe os frutos dourados da união
Agraciarem nossa jovem árvore da liberdade;
Deus, nosso Mestre! Guie e faça prosperar
As terras sérvias e a raça sérvia!
Senhor! Desvia de nós Tua vingança,
O trovão de Tua ira temida;
Abençoe cada cidade e aldeia sérvia,
Montanha, prado, coração e pináculo
Quando nossos solados saírem para a batalha
Para abraçar a morte ou a vitória -
Deus dos exércitos, seja nosso líder!
Fortaleça então a raça sérvia!
Em nosso antigo sepulcro,
Tem início a manhã da ressurreição
Do pântano da mais terrível escravidão,
A Sérvia nasce de novo
Por quinhentos anos
Nós nos ajoelhamos diante de Tua face,
Todos da nossa raça, ó Deus!
Assim suplica a raça sérvia!
Suíça

Com quatro idiomas oficiais, a Suíça, que enfrenta o Brasil na próxima segunda-feira (28), também tem um hino poliglota. Assim, baseado no poema em alemão Schweizerpsalm, a letra tem versões oficiais também em francês, italiano e em romanche.
A canção, que pode ser traduzida como "o salmo suíço", é popular no país desde meados de 1840, sendo cantado em festivais e outros eventos patrióticos. Ela só se tornou oficialmente o hino do país, contudo, a partir de 1961 — e somente porque a faixa anterior usava o mesmo ritmo do hino britânico, causando algum constrangimento em eventos internacionais em que os servos da Rainha Elizabeth II estavam presentes.
Extremamente religioso, o hino é resultado dos versos de um poeta protestante, Leonhard Widmer, e da melodia de um padre católico, Alberich Zwyssig, e vem sendo criticado por seu teor desde que foi adotado. Em 2015, uma competição foi realizada para mudar os versos do hino, mas a população não pareceu muito animada em aprender os novos versos.
Confira a tradução do hino da Suíça para português (traduzido do alemão)
1. Quando acaba a madrugada,
Te vejo no mar de raios,
Você, Exaltado, Magnífico
Quando o Alpenfirn fica vermelho,
Ore, suíço livre, ore!
Sua alma piedosa adivinha
Deus está na nobre pátria!
Deus, o Senhor, na nobre pátria.
2. Você vem no brilho da noite,
Te encontro no exército das estrelas,
Você, filantrópico, amoroso!
Nos espaços brilhantes do céu
Eu posso sonhar alegre e feliz!
Porque a alma piedosa suspeita
Deus está na nobre pátria!
Deus, o Senhor, na nobre pátria!
3. Viajando em véus enevoados,
Eu te procuro no mar de nuvens
Tu, insondável, eterno!
Da estrutura aérea cinza
quebra o sol claro e suave,
E a alma piedosa suspeita
Deus está na nobre pátria!
Deus, o Senhor, na nobre pátria!
4. Passando pela tempestade selvagem,
Você é nosso refúgio e defesa,
Você, governante todo-poderoso, salvador!
Na noite tempestuosa e horror
Confiemos nele como filhos!
Sim, a alma piedosa suspeita
Deus está na nobre pátria!
Deus, o Senhor, na nobre pátria!
Camarões

Tal como o Brasil, nosso último adversário na fase de grupos (a partida está prevista para sexta-feira da semana que vem — 2 de dezembro) foi colonizado por impérios europeus — no caso, o francês e o britânico. A independência de Camarões, no entanto, veio bem mais tarde do que a brasileira, somente em 1960, mais de 30 anos após a composição, por René Djam Afame, do que viria a ser o hino do país.
Assim, como destaca uma das embaixadas de Camarões, a música "simboliza o sonho e aspiração dos camaroneses de serem cidadãos de uma república independente. Também fala sobre os sacrifícios dos antepassados da nação e e promete que a paz e a unidade do país serão restaurados para sempre".
Seguindo a política de dois idiomas oficiais do país, o hino existe oficialmente em uma versão inglesa e outra francesa, mas extraoficialmente também foi traduzido para pelo menos uma dezena de idiomas de tribos locais.
Confira a tradução do hino de Camarões para português (traduzido do francês)
Ó Camarões, berço de nossos ancestrais,
Vá, fique de pé e com inveja da liberdade
Como um sol sua orgulhosa bandeira deve ser,
Um símbolo ardente de fé e unidade,
Que todos os seus filhos do Norte e do Sul,
Do Oriente ao Ocidente, seja todos amados!
Te servir é o único objetivo
Que eles tem o dever de cumprir
CORO
Querida Pátria, querida terra,
Você é a nossa única e verdadeira felicidade.
Nossa alegria, nossa vida,
A você o amor e toda honra
Segunda parte
Tu és o túmulo onde nossos pais dormem,
O jardim que nossos ancestrais cultivavam.
Trabalhamos para torná-lo próspero,
Um belo dia finalmente teremos conseguido.
Da África seja filho fiel
E prospere sempre em paz,
Com a esperança que seus pequenos filhos
Vão te amar irrestritamente para sempre
CORO
Querida Pátria, querida terra,
Você é a nossa única e verdadeira felicidade.
Nossa alegria, nossa vida,
A você o amor e toda honra