Se havia dúvida acerca das preocupações francesas para a final da Copa do Mundo contra a a Croácia, ao meio-dia deste domingo, no Estádio Luzhniki, em Moscou, o goleiro Hugo Lloris se encarregou de entregar ao menos uma delas.
Em uma entrevista de 20 minutos, no próprio palco da partida, aqui na capital russa, cumprindo o protocolo da Fifa que exige a voz dos capitães em véspera de jogo, o goleiro francês usou seis vezes, respondendo às mais variadas questões, a expressão "mentalmente fortes".
Há um motivo, além do fato de ser uma final, na qual todo detalhe é decisivo. É que a França teve um apagão de alguns minutos contra a Argentina, nas oitavas de final. Vencia por 1 a 0, com alguma facilidade. Mas relaxou.
Tomou a virada para 2 a 1. Não fosse um dia de excelência do atacante Mbappé, 19 anos, a grande jóia da coroa, talvez a França não tivesse vencido por 3 a 2. Nesse caso, Lloris estaria tomando café em algum bistrô de Saint-Germain-des-Prés, um dos tantos bairros cult de Paris.
– É final de Copa. Quando viveremos um nomento assim de novo? É algo raro na vida de um jogador. É algo absolutamente especial. Sabemos o que fizemos para chegar até aqui, e por isso temos de ter máxima concentração para não esquecer de nada – afirmou Lloris, 32 anos, 1m88cm, goleiro do Tottenham, da Inglaterra.
Lloris praticamente não sorriu, como se quisesse ele mesmo praticar o que defende: foco, concentração total. Nem quando lhe perguntaram sobre a festa que os franceses fizeram nas ruas de Paris após a vitória sobre a Bélgica na semifinal, o capitão do time treinado por Didier Deschamps baixou a guarda.
Sabe a imagem dos heróis de 1998 desfilando na Champs Elysees, rumo ao Arco de Triunfo, como se fossem generais de Napoleão, episódio marcante da única conquista francesa, há 20 anos? Pois nem assim, convidado a dizer se pensou nisso, com a taça no colo, ele cedeu:
– Todos nós sabemos, é claro, o que está acontecendo na França, mas temos de ter mentalidade forte física e técnica para vencer. Em final de Copa, a concentração precisa ser máxima.
Sem entrar no mérito tático de como virá a Croácia, Lloris abordou a questão física, já que os adversários vêm de três prorrogações e terão um dia a menos de descanso desde a semifinal. O goleiro buscou outro ângulo de análise, decidido a não dizer nada que pudesse ser usado pelos croatas.
Os ingleses, antes de enfrentar Modric, Rakitic e Cia, aceitaram falar de como seria voltar a uma final depois de 1966. Garantidos na decisão, o técnico Zlatko Dalic e os meias Modric e Rakitic vieram com tudo, advertindo que seus oponentes haviam "falado demais".
– São jogadores talentosos. E, se enfrentaram três prorrogações sem perder uma sequer, agora sabemos que a seleção da Croácia é muito forte fisicamente. Isso é uma virtude, e não uma deficiência. Além do mais, é final de Copa. A superação é regra em momentos como este. Não podemos enfrentá-los pensando nessa suposta vantagem – finalizou Lloris. o capitão da força mental.