Esta matéria é para quem não vai sextar às 9h, quando o Brasil jogar contra Costa Rica – ou tiver começado a loucura já na noite de quinta-feira, comemorando a derrota da Argentina. Para quem não for beber iogurte batizado no café da manhã ou escovar os dentes com cerveja. Para quem vai encarar um meio dia de trabalho que vai servir para analisar o cabelo do Neymar, as espinhas do Alisson e os dentes do Firmino do que para atender as demandas do chefe.
E também para quem precisará fazer contas de cabeça caso alguma coisa dê errada (bate na madeira) ou certa (mãos para cima). Isso porque o dia reserva o encerramento da segunda rodada de dois grupos: o nosso (Brasil) e o deles (Argentina).
Se não têm tanta grife, as partidas da sexta-feira ganham importância pelo caráter decisivo que apresentam. Para a Nigéria, por exemplo, uma vitória vale a permanência na Copa. A Islândia também conta com uma vitória para manter aceso o sonho viking. No duelo europeu da tarde, Suíça e Sérvia prometem fazer um confronto equilibrado, com duas escolas que prezam pela disciplina tática e por um estilo direto de jogo. Os famosos times chatos.
NÃO TEM COMO SER CONTRA A ISLÂNDIA
Como ninguém apresentou qualquer página de jornal argentino abrindo torcida pelo Brasil na Copa do Mundo, seguimos secando nossos vizinhos — pelo menos nesta coluna. E eles estão ajudando bastante. A ponto de nos deixar fazer algo bem simpático: torcer pelos islandeses.
Mesmo que os nigerianos tenham alegria nas pernas, representem um futebol moleque e tal, como não querer uma vitória de um time cujo treinador é dentista, goleiro é cineasta e lateral-direito é funcionário de uma fábrica de sal. O país é o menos populoso da Copa, com cerca de 330 mil habitantes. Ou seja, um em cada 14 mil moradores está em campo. Na comparação com a seleção que pode ficar em situação bem complicada em caso de vitória dos vikings: um em cada 1,8 milhão de argentinos está no Mundial. Conseguir encaminhar a classificação para um país com essa densidade futebolística é algo histórico. Imaginamos que todos queremos ver.
Há cerca de 50 mil islandeses circulando pelas cidades russas. Os que ficaram em casa foram praticamente unânimes na escolha do programa. Contra a Argentina, 99,6% dos aparelhos de TV sintonizaram na partida. O atacante Alfred Finnbogason, que fez o gol do empate, brincou:
– Acho que os outros 0,4% estavam em campo.
Finnbogason, aliás, tem uma das tantas histórias curiosas da equipe. Ele fez intercâmbio pelo AFS na ilha italiana da Sardenha entre 2006 e 2007. E em uma partida da seleção de seu país de nascimento contra a nação hospedeira pela categoria sub-17, marcou um gol. Voltou a seu país após o período escolar, estudou mais um pouco, mas logo aceitou que a paixão pelo futebol se transformasse na profissão.
UM ESQUEMA PARA TORCER À TARDE
A Suíça todos vimos jogar contra o Brasil. Levaram um vareio no primeiro tempo e entraram na nossa mente no segundo, principalmente depois de empatar. Nos últimos minutos, ergueram um muro na frente da área e escaparam de perder.
A Sérvia, para quem não viu, foi assim: com time melhor do que a Costa Rica, tentou exercer sua superioridade, mas pouco criou. Abriu um atacante de cada lado, meteu um centroavantão. Mas Mitrovic, o grandalhão camisa 9, viveu uma jornada ruim, atrapalhou-se com a bola e perdeu chances de todas as formas. O 1 a 0 saiu graças a um golaço de Kolarov, lateral-esquerdo da Roma, um dos melhores cobradores de falta do mundo.
Mas para definir quem apoiar neste jogo, dependemos do nosso resultado. Por isso, precisamos que vocês sigam o esquema abaixo atentamente.
O ESQUEMA
Se o Brasil vencer
Quando este jogo começar, estaremos comemorando a grande vitória da Seleção sobre a Costa Rica, que nos deixou em situação confortável. Então, de certa forma, tanto faz quem ganhar à tarde. Na verdade, o resultado mais adequado é o empate, que deixaria o Brasil na primeira posição antes de a bola rolar na terceira rodada, cujos jogos começam ao mesmo tempo.
Se for para ter algum vitorioso, o melhor é que seja a Sérvia. Com três pontos a mais, a equipe da antiga Iugoslávia teria seis pontos, dois a mais do que o Brasil, já classificada. Poderia até poupar alguns pendurados e tal. Além disso, permitiria que vitória simples na última rodada nos garantisse a primeira posição.
Se vencer a Suíça, embola tudo para a semana que vem, mas facilita a busca pela liderança.
Se der problema
Quando este jogo começar, estaremos lamentando o resultado frustrante contra a Costa Rica. Se esse resultado foi o empate, menos mal para nós.
Uma vitória da Sérvia classifica o país para as oitavas de final e em primeiro lugar. Ou seja, pode entrar de sangue doce na próxima partida, na qual precisaremos de uma vitória simples.
Se a Suíça vencer, vai nos deixar na obrigação de secá-los contra os costa-riquenhos – além, é claro, de vencer os sérvios.
No caso de o nosso resultado frustrante ser uma derrota será fundamental que a Sérvia vença, para nos deixar com chances. Teríamos de vencê-los e torcer para que haja um empate ou uma vitória da Suíça por poucos gols.
Se a Suíça vencer, estaremos eliminados da Copa do Mundo.
Bate na madeira de novo.
DEBATES ESPORTIVOS
Como há menos jogos para ser lembrados neste espaço, vamos fazer referência também aos programas de debate que inundam nossa TV nesse período de Copa. Há muito conteúdo de qualidade nos mais variados canais.
A revelação, sem qualquer dúvida, é Grafite. O ex-centroavante que teve até uma passagem pelo Grêmio (lembram?) descobriu um talento que pouca gente sabia. Didático e divertido, deu um verdadeiro show na análise do gol da Suíça sobre o Brasil, mostrando o passo a posso de tudo o que rolou até Zuber vencer Alisson.
O quadro, que começou como um improviso, deu tão certo que ele repetiu em lances de outros jogos. É hora de usá-lo mais, SporTV!
DEBATES ESPORTIVOS - 2
Outra participação bastante elogiada é a do ex-meia Roger Flores (curiosamente também passou pelo Grêmio). Figura carimbada no SporTV, ele tem feito as transmissões da Globo (retransmitidas pela RBS TV). E com grande qualidade. Seu desempenho na partida entre Alemanha e México foi importantíssimo para os telespectadores compreenderem as reviravoltas de uma das melhores partidas da Copa. Roger rapidamente decifrou as intenções de Juan Carlos Osorio e Joachim Löw nas substituições, percebeu as alterações no panorama do jogo, explicou-as e deixou quem estava assistindo bem informado.
DEBATES ESPORTIVOS - 3
Nem tudo são flores, o que é perfeitamente compreensível para um campeonato com esse tamanho e tanto tempo para ser preenchido na grade de programação. Mas há alguns erros que poderiam ser evitados ou com um pouco mais de capricho nas palavras ou com mais atenção aos jogos.
O maior de todos, até agora, veio de Edmundo, da Fox Sports. O assunto era o jogo Uruguai x Arábia Saudita, e o antigo craque criticou a atuação de Arrascaeta, que, segundo ele, não encaixava com Cavani e Suárez. Acontece que Arrascaeta ficou no banco durante toda a partida.