O futebol brasileiro vive nesta quarta-feira um momento ímpar. Como nunca visto antes, os jogadores literalmente cruzaram os braços após o apito inicial das partidas pela 34ª rodada do Brasileirão, como forma de protesto promovido pelo movimento Bom Senso F.C. contra a inércia da CBF em algumas questões pleiteadas para que haja melhoria no futebol nacional.
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Já foi assim nos jogos entre Grêmio e Vasco, na Arena do Grêmio, e Goiás e Ponte Preta, no Serra Dourada, que começaram às 19h30. Os atletas pararam em campo e ficaram um minuto sem se mexer, mesmo com a autorização da arbitragem.
Em Porto Alegre e Goiânia, os times também entraram em campo carregando, em fila única, uma faixa com a frase "por um futebol melhor para todos", lema do Bom Senso. Mas o movimento, como mostrou a ESPN Brasil, preparou outra mais agressiva, que, segundo a assessoria, será usada nos jogos desta noite, cuja frase é "amigos da CBF: e o Bom Senso?".
Assim como nos jogos anteriores, Botafogo e Portuguesa entraram em campo carregando a faixa com a frase "por um futebol melhor para todos". Mas a CBF passou a recomendação de dar cartão amarelo a quem ficasse parado depois do apito inicial e houve uma diferença no protesto em relação aos outros jogos. Os jogadores cruzaram os braços durante o minuto de silêncio, em homenagem a uma pessoa que morreu. Como o jogo ainda não tinha começado, ninguém levou cartão. O mesmo ocorreu em Criciúma x Atlético-PR.
Às 21h50, no encerramento da rodada desta quarta-feira, aconteceu o protesto mais "quente" do dia em Itu. No jogo entre São Paulo e Flamengo, jogadores dos dois times ficaram trocando a bola por 57s após o árbitro autorizar o início do jogo, driblando, assim, o risco do cartão amarelo de maneira desafiadora.
Enquanto isso, Cruzeiro e Vitória entraram sem faixa no Barradão e foram a exceção da noite. Corinthians e Coritiba cumpriram o protocolo: os jogadores do Timão tocaram a bola para Alex, que a segurou por um tempo antes de devolvê-la.
Os protestos foram definidos nas reuniões recentes dos jogadores, que também utilizam o Whatsapp, um aplicativo de celular, para se comunicar. Ninguém, individualmente, assumiu a autoria da ideia.
A nova sequência de protestos se dá por conta da falta de atitude da CBF, mesmo após reuniões e a entrega de um dossiê montado pelo Bom Senso. Os jogadores ainda esperam da entidade uma mudança em relação ao calendário para 2015, no que diz respeito a atividades durante toda a temporada para clubes pequenos, grandes priorizando principais competições, fim de jogos em datas Fifa, pré-temporada adequada.
Na parte financeira, os jogadores querem o controle das dívidas dos clubes, para que os salários de atletas e demais colaboradores sejam pagos em dia. Além da criação de uma comissão fixa para discutir questões técnicas do futebol.