Por Juliano Braga
CEO do CNEX, empresa de educação executiva do ecossistema da Atitus Educação
Você já ouviu falar das soft skills? Se faz parte do mundo corporativo, as chances são grandes. Para quem não está familiarizado com o termo, saiba que ele remete às nossas habilidades comportamentais – nada a ver com dominarmos algum processo técnico, por exemplo. Trata-se de como lidamos com nossos colegas de trabalho ou encaramos a pressão no dia a dia profissional, para ficar em dois exemplos básicos.
É uma novidade nem tão recente no mundo corporativo, como se pode ver. Mas, de certa forma, com os dias contados: 44% das soft skills devem ficar obsoletas nos próximos cinco anos. Esse dado consta em um estudo do Fórum Econômico Mundial publicado em maio último, baseado em uma perspectiva de solução de problemas complexos no mundo do trabalho (esta é a hora em que você concorda: sim, Juliano, esse relatório faz todo o sentido). Pura verdade, já que problemas complexos e ambiente de trabalho costumam frequentar a mesma frase.
Divagações à parte, o estudo do Fórum Econômico Mundial aponta os pensamentos analítico e criativo como algumas das características mais valorizadas. Não para por aí: a capacitação tecnológica, especialmente em inteligência artificial e dados, também estará em alta até o final desta década.
Faz você automaticamente pensar que, sim, é necessário se atualizar – ainda mais se ocupar uma posição de liderança em alguma empresa (e, aqui, não falamos apenas dos altos executivos). Mas qual caminho escolher? Aquele que inclua habilidades essenciais para enfrentar os desafios que virão pela frente.
Posso citar cinco delas, começando pela mentalidade digital. Tudo a ver com a tendência citada dois parágrafos acima, sobre inteligência artificial e dados. É preciso trabalhar com e compreender dados, de forma que a tomada de decisão receba um subsídio importante, principalmente para fugir do “acho que” e usar o que as informações nos mostram. A mentalidade digital também representa uma conexão com a tecnologia e suas tendências, de forma a explorá-las.
A segunda habilidade tem um nome pomposo, reconheço: visão sistêmica. Em um bom português, significa olhar o todo da empresa e de seu ambiente. Entender riscos e oportunidades internas e externas, prever tendências e implementar realidades (está aí o ESG, mas isso é assunto para outro artigo, valorizar quem fez por merecer etc.).
Para atingir esse grau de entendimento, vale também considerar uma postura de aprendiz permanente. Afinal, ninguém sabe de tudo e sempre é possível se aperfeiçoar. Se o mercado de trabalho e as soft skills estão em constantes mudanças, qual o sentido de não se atualizar? O caminho, aqui, está em estudar, se mostrar aberto às novas ideias e aceitar e aprender com os erros.
Outra habilidade que considero essencial é a facilidade de se relacionar com os outros. Chamada de inteligência interpessoal, representa a capacidade de um líder transmitir suas ideias aos colegas de trabalho e obter resultados em um ambiente profissional saudável – de preferência, multicultural e diverso. Características como empatia e compreensão ocupam o lugar de outras que devem ser evitadas, como cobranças fora de tom e condutas pessoais inadequadas. Em uma palavra, respeito.
Tudo isso, combinado, leva a uma quinta habilidade não menos importante, o alto desempenho. É fato de que o mercado se encontra cada vez mais competitivo e que os resultados são fundamentais para a sobrevivência e consolidação de uma empresa. Nesse contexto, só será possível operar em capacidade máxima e cumprir metas desafiadoras se o time estiver bem integrado e capacitado, em um ambiente de trabalho voltado à excelência.
Se o plano passa por ocupar o topo, é preciso que haja condições para tanto. Não apenas por uma ótica empresarial mas, também, profissional. Nunca é demais lembrar, em um mercado em constante transformação, tudo o que você aprende pertence a você e seguirá ao seu lado por toda a carreira. Onde quer que você esteja.