Os candidatos que disputam o vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) tiveram de escrever, neste sábado (25), sobre História. A partir do texto “Deixem a História em paz”, do professor titular de História da Unicamp Jaime Pinsky, a prova de Redação trouxe como tema o questionamento: “Que História pode e deve ser ensinada?”.
Segundo informações da UFRGS, a prova destaca a relevância de refletir sobre o passado e o presente para pensar as manifestações de preconceito, de intolerância, de autoritarismo, de racismo e de tantas outras formas de discriminação. A redação deveria ser dissertativa e conter título, além de extensão de 30 a 50 linhas.
No texto utilizado como base, publicado no jornal Correio Braziliense em junho de 2022, Pinsky reitera a importância da História feita por historiadores. "Na verdade, a maioria nem sequer tem ideia do que é História, embora todos se sintam no direito (obrigação?) de palpitar sobre o assunto, e até de exigir a troca de professores em muitas escolas", pontua o professor logo no início do artigo.
Seguindo na argumentação, Pinsky enfatiza a importância de considerar a historicidade do próprio historiador, como no exemplo de uma historiadora que hoje busque estudar a história das mulheres no período colonial brasileiro e que será levada a fazer investigações que outra historiadora, de um século atrás, não teria feito.
No final do texto, Pinsky retoma o ensino de História e destaca a importância de buscar obras de qualidade como bom ponto de partida — até para não transformar a sala de aula em campo de batalha, ou palanque político. “Por outro lado, cabe aos dirigentes educacionais oferecer suporte aos seus docentes. Tenho visto um movimento inaceitável de pais de alunos querendo interferir em programas de curso, em abordagens de temas sensíveis, chegando até a instrumentalizar seus filhos para questionarem de modo grosseiro os professores quando estes não apresentam abordagem histórica que os interessa”, aponta o autor.
Após apresentar o texto do professor Pinsky, a prova pedia ao vestibulando para considerar a situação de, no contexto do último ano do Ensino Médio, compor um grupo formado por pais, professores e alunos, cuja função é debater o futuro do ensino na escola. O assunto debatido pelo grupo seria o ensino da História, a partir do seguinte tema: “Que História pode e deve ser ensinada?”.
O vestibulando deveria, então, dissertar sobre as ideias do texto de Jaime Pinsky, apresentando seu ponto de vista a respeito dos argumentos expostos pelo historiador. A dissertação teria o objetivo de ser lida perante o grupo e seria considerada para auxiliar a balizar o futuro do ensino de História na escola.
Primeiro dia
O vestibular da UFRGS deste ano está sendo realizado neste fim de semana, sábado (25) e domingo (26), nas cidades de Porto Alegre, Bento Gonçalves, Canoas, Gravataí, Imbé, Novo Hamburgo e Tramandaí. São 22.138 inscritos para 4.023 vagas em 97 opções de graduação. O curso mais concorrido é Medicina, com 70,29 candidatos por vaga.
Os portões foram abertos às 13h30min, e as provas começaram às 14h, com cinco horas e meia de duração, até as 19h30min. Neste sábado, serão aplicadas as provas de História, Língua Portuguesa, Literatura em Língua Portuguesa, Matemática e Redação. No total, serão 60 questões de múltipla escolha mais a produção do texto.
No segundo dia, será a vez de Biologia, Física, Geografia, Língua Estrangeira Moderna e Química, com 75 questões. Os gabaritos das provas de sábado serão divulgados no domingo, às 9h, pelo site da UFRGS. Já na segunda-feira (27), às 9h, serão conhecidos os gabaritos das provas do segundo dia.
Conforme informações da universidade, a divulgação do listão de aprovados está programada para até as 17h de 11 de dezembro.