
Pesquisadores do Unisinos Software Lab apresentarão, em junho, os primeiros resultados da pesquisa que desenvolvem para encontrar dispositivos eletrônicos, como relógios e pulseiras, com custo acessível, para uso na área da saúde. Os wearables, como são chamados, agregarão funções como de monitoramento da frequência cardíaca e da pressão arterial.
Os pesquisadores avaliam o nível de precisão desses dispositivos em comparação com equipamentos utilizados em hospitais como forma de atestar a confiabilidade de utilização durante tratamentos de diversos problemas de saúde. Os dados serão divulgados durante o 25º Simpósio Brasileiro de Computação Aplicada à Saúde (SBCAS), entre os dias 9 e 13 de junho, em Porto Alegre. O evento organizado pela Sociedade Brasileira de Computação será realizado no campus da Unisinos na Capital.
— Queremos aprender com os wearables do mercado e descobrir o quanto suas medições são confiáveis. A partir daí, podemos monitorar pacientes que deixem o hospital e, também, propor a criação de um wearable viável para o Sistema Único de Saúde (SUS) — explica o professor do programa de pós-graduação em Computação Aplicada da Unisinos, Cristiano da Costa.
A ideia é produzir um equipamento de custo acessível, já que o preço dos dispositivos que existem no mercado podem chegar a R$ 10 mil. Os testes são realizados com relógios, chamados de smartwatches, em parceria com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Por enquanto, têm como objetivo apenas verificar a precisão das medições em pessoas saudáveis.
Os dados incluem fatores como frequência cardíaca, pressão arterial e oxigenação do sangue. Além disso, é possível emitir alertas em caso de queda – para idosos ou enfermos que residem sozinhos e não tenham como chamar a família ou atendimento médico, por exemplo.
Tecnologia ajudará a reduzir filas em hospitais
O professor de educação física Otávio Azevedo Bertoletti, que atua no setor de fisiatria do HCPA, acompanha os testes e observa que uma das principais vantagens é diminuir as filas de atendimento. Isso porque pacientes que permanecem internados para monitoramento poderiam ser observados a distância e com mais qualidade de vida, em casa e de forma segura:
— Se conseguirmos aumentar nossa resolutividade, o tempo de permanência em tratamento pode ser menor. Acreditamos que essa tecnologia pode ajudar a diminuir filas e aumentar a qualidade da assistência.
Entre os fatores avaliados estão a duração da bateria, o hábito de recarregá-la e o conforto no uso. A pesquisa aplica o conceito de edge computing, que é a computação de borda. Quando o equipamento não tem um display para exibir os dados, o celular recebe as informações por bluetooth e as repassa ao sistema de monitoramento, pela internet.
— A partir daí, podemos fazer até mesmo uma predição com inteligência artificial. Se a pressão arterial subir, por exemplo, gera um alerta e leva à antecipação de uma consulta ou a buscar atendimento de emergência — diz Costa.
O Unisinos Software Lab é um núcleo de inovação em software que atua em áreas como computação em nuvem, internet das coisas e inteligência artificial. As pesquisas são desenvolvidas em parceria com Siemens, Santander e Dell, além de contarem com financiamento público.
No caso dos wearables, o subsídio vem do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
— Chamamos esse campo de estudos de saúde digital. As pessoas estão se empoderando dessas questões e é um caminho sem volta. O simpósio contará com palestras, artigos científicos, cursos voltados para essa mudança — comenta Costa, pós-doutor em Computação Aplicada à Saúde.
Como funcionam os wearables na área médica:
- Os dispositivos possuem sensores que medem sinais vitais e emitem alertas em caso de emergência
- Wearables são dispositivos "vestíveis", como roupas e acessórios. Na pesquisa em pauta, a Unisinos se dedica principalmente a relógios, mas também observa o uso de pulseiras e anéis
- Os acessórios contam com sensores que medem, em tempo real, índices como a oxigenação do sangue, a pressão arterial e os batimentos cardíacos
- Em caso de descompasso, o próprio usuário/paciente pode procurar orientação médica para um diagnóstico mais detalhado. Quando monitorado remotamente, pode ser acionado pela equipe de saúde
- A pesquisa da Unisinos tem dois objetivos: avaliar como monitorar pacientes que deixem o hospital e demandem acompanhamento e levar essa possibilidade com custo acessível para o Sistema Único de Saúde (SUS)
*Produção: Padrinho Conteúdo