Um levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) com as 497 cidades gaúchas mostrou que apenas 15 delas têm uma data prevista para a reabertura das escolas municipais. Outras 481 (ou 97% do total) disseram não haver data prevista para a reabertura em razão da preocupação com o aumento da disseminação do coronavírus.
Por outro lado, 460 municípios já elaboraram comitês ou colegiados interdisciplinares com profissionais das áreas de Educação e Saúde para definição de ações conjuntas e de articulação no processo de elaboração dos planos para retorno das aulas.
No Estado, 332 municípios planejam fazer um retorno gradual às aulas (82%) e 300 apontam o sistema de rodízio (74,1%) como as medidas a serem adotadas para a retomada das aulas presenciais, quando ocorrerem. Das cidades, 81,5% pretendem manter o formato híbrido de ensino, ou seja, parte remoto e parte presencial.
A pesquisa apontou que 493 municípios estão oferecendo atividades pedagógicas não presenciais aos estudantes durante o fechamento das escolas, tanto da educação infantil quanto do ensino fundamental. Ou seja, apenas 0,6% não definiram ações para continuidade das atividades de forma remota.
Do total de municípios que estão oferecendo ensino remoto, 485 têm distribuído materiais impressos aos alunos e 436 enviam tarefas e conteúdo por meio de aplicativos.
O levantamento da CNM também mostra que, apenas para aquisição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) aos alunos da rede municipal, a projeção dos custos para o Rio Grande do Sul é de cerca de R$ 123,1 milhões, além de todos os demais custos relacionados à adaptação das escolas para atender aos protocolos para a retomada das aulas.
Em entrevista ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Glademir Aroldi, afirmou que se deve tentar recuperar o calendário escolar deste ano em 2021:
— O ensino remoto que a maioria está oferecendo não atende à necessidade dos alunos, é verdade, deixa muito a desejar. Nós temos problemas de sinal de internet, das famílias em situação de vulnerabilidade. É uma situação complexa, difícil e que vai fazer com que os gestores no país todo, baseados nessa situação, possam e vão ter que repensar os investimentos para o futuro não só para educação, mas para a saúde e a assistência social também. Eu imagino que vamos conseguir em 2021 cumprir com o calendário escolar e tentar de todas as formas recuperar também em 2021 o tempo perdido de 2020. Acho que esse é o caminho. Evidentemente, quem puder retomar as atividades escolares agora, nós estamos incentivando isso.
Aroldi ressaltou ainda que a ajuda financeira enviada pelo governo federal para os municípios é importante, mas não são suficientes, pois as perdas com a arrecadação foram maiores.
— Nós temos uma situação econômica também que ajuda a complicar ainda mais esse cenário, de que a educação pública no Brasil não é de boa qualidade. A gente não vai aqui ficar tapando o sol com a peneira, precisamos avançar e melhorar, e muito.