Um curta-metragem, textos digitais compartilhados entre os estudantes e uma turma unida para ajudar a comunidade em que moram. Esses três projetos valeram aos professores gaúchos Alessandra Bremm, Ana Teresinha Elicker e João Pedro Wizniewsky a vitória na etapa regional do 11° Prêmio Professores do Brasil, promovido pelo Ministério da Educação (MEC).
Criado em 2005, o prêmio é voltado a professores de escolas públicas que contribuem para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem desenvolvidos nas salas de aula. Nesta edição, segundo o MEC, 4.040 professores de todo o país se inscreveram.
Os educadores receberam R$ 7 mil e uma viagem para o Rio de Janeiro, entre os dias 26 e 29 de novembro, quando serão realizadas oficinas pedagógicas e ocorrerá a cerimônia de premiação. No último dia da jornada, seis dos 30 ganhadores regionais do país serão escolhidos como vencedores da etapa nacional, recebendo mais R$ 5 mil.
Redação Online
Professora de português e inglês da Escola Municipal de Ensino Fundamental Oldenburgo, de Rolante, no Vale do Paranhana, Ana Teresinha Elicker, 48 anos, uniu a sala de aula ao digital. A educadora dividiu os alunos do nono ano em grupos e, por meio da plataforma Google Drive, produziu textos em conjunto sobre os mais variados temas.
Todos tinham acesso ao trabalho dos colegas e, assim, Ana conseguia aplicar correções e revisar as produções. A plataforma digital permitiu que ela seguisse a grade curricular do colégio, abordando temas ditos "cabeludos", como verbos, pronomes e gêneros textuais.
— Os alunos acharam o máximo não precisar usar cadernos e poder utilizar seus celulares ou notebooks como ferramentas contínuas de estudo e pesquisa — diz a docente.
Conforme a educadora, o projeto rompeu com o modelo clássico de ensino, além de ampliar a capacidade de produção textual e leitura crítica dos alunos.
Unidos pelo bem do bairro
Em conjunto com os alunos do segundo ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Dr. Silveira Neto, de Lagoa Vermelha, no norte do Estado, a professora Alessandra Bremm, 40 anos, criou um blog e uma página de Facebook para mostrar os principais problemas enfrentados pelos moradores do bairro Rodrigues.
Os estudantes tiraram fotos, criaram legendas e ainda confeccionaram folhetos ilustrativos com seus desenhos. Buracos nas ruas, esgoto, falta de iluminação, sinalização e o barulho foram os itens mais citados.
— No final, reunimos tudo em uma carta assinada pelos alunos e enviamos à prefeitura. Eles recém estavam aprendendo a escrever o nome completo em letra cursiva. Foi um exercício de cidadania — ressalta Alessandra.
Cinema em sala de aula
João Pedro Wizniewsky Amaral, 30 anos, professor de literatura e inglês do Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac, em Santa Maria, decidiu unir cinema e ensino. Ele mostrou filmes e série para os alunos do terceiro ano do Ensino Médio. Foram analisados os roteiros, a direção de fotografia, o enredo. Depois, os estudantes foram estimulados a criar personagens originais que, mais tarde, se tornariam protagonistas de curtas-metragens.
No final do ano, as turmas organizaram sozinhas um evento para laurear os melhores trabalhos. De acordo com João Pedro, o prêmio não valoriza apenas a educação, mas a arte.
— Muitos deles não se orgulhavam de nenhum trabalho que tinham feito no decorrer da vida estudantil. No final do ano, eles me agradeceram, dizendo que foi uma das melhores experiências das vidas deles — afirmou o professor.