Calcanhar de Aquiles da Educação Básica brasileira, o Ensino Médio evoluiu a passo lento desde a década passada e dificilmente alcançará as metas de desempenho estabelecidas pelo governo federal.
O dados do Ideb divulgados nesta segunda-feira (3) confirmaram que o secundário continua a ser um gargalo sem solução à vista. Em uma escala de zero a 10, os alunos brasileiros das redes pública e privada alcançaram uma média de apenas 3,8.
O quadro preocupa porque, apesar de toda a discussão sobre o tema ao longo dos últimos anos, pouco se avançou. Em 2005, ano da primeira edição do Ideb, a nota esteve apenas um pouco abaixo: 3,4.
A partir dali, o governo traçou um plano de metas que previa evolução ano após ano. Em 2007, 2009 e 2011, o objetivo foi batido ou pelo menos alcançado. A partir dali, a distância entre o desempenho e o desejo só se alargou. Para 2017, a meta era de 4,7 (0,8 pontos acima do obtido). Para 2019, já estará em 5,0. Em 2021, alcança 5,2. As perspectivas de que sejam atingidas são remotas.
No Ensino Fundamental, a situação é melhor. Na séries iniciais, as escolas têm conseguido ultrapassar as metas ou pelo menos beliscá-las, o que foi o caso em 2017 (média de 5,8 e objetivo de 5,7). Nos anos finais, a distância do resultado para o projetado vem se alargando, mas ainda é modesta, em comparação com o fosso no Ensino Médio, e ocorre dentro de um cenário de evolução constante da qualidade.
O que é o Ideb
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é o principal indicador da qualidade da educação básica no Brasil. A cada dois anos, em uma escala que vai de 0 a 10, calcula o desempenho das escolas públicas e privadas do país no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, a partir questões aplicadas aos alunos em provas de língua portuguesa e matemática e da taxa de aprovação. A meta para o Brasil é alcançar a média 6 até 2021. As escolas da rede privada participam por adesão, e não é calculado o Ideb delas, apenas a média de toda a rede.
Os resultados do Ideb 2017 para escola, município, unidade da federação, região e país são calculados a partir do desempenho obtido pelos alunos que participaram do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017 e das taxas de aprovação, calculadas com base nas informações prestadas ao Censo Escolar 2017. Somente têm suas notas divulgadas as escolas com pelo menos 10 alunos matriculados nas etapas avaliadas — 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e 3º ano do Ensino Médio — e em que o número de alunos participantes do Saeb 2017 tenha alcançado 80% dos alunos matriculados.