Para chegar à conclusão de que há água líquida em Marte, os cientistas observaram as marcas deixadas em encostas de crateras. Em uma inclinação da Cratera de Hale, por exemplo, ficaram evidentes longas marcas escuras. Elas foram interpretadas como provas de que água escorreu por ali durante os meses mais quentes do planeta.
Foto: NASA/Jet Propulsion Laboratory/University of Arizona
No local das ranhuras, foram detectados sais hidratados - clorato de magnésio, perclorato de magnésio e perclorato de sódio. Eles são os responsáveis por diminuir a temperatura de congelamento da água. Abaixo, as marcas na cratera de Garni.
Foto: NASA/Jet Propulsion Laboratory/University of Arizona
As marcas foram registradas pelo satélite Mars Reconnaissance Orbiter (MRO). Restou a dúvida: de onde vem a água? Sobre isso, os cientistas ainda não podem ser conclusivos. A imagem abaixo mostra a cratera de Horowitz.
Foto: NASA/Jet Propulsion Laboratory/University of Arizona
A descoberta também desperta esperanças sobre a chance de haver vida no planeta vermelho. Micróbios terrestres utilizam o perclorato como fonte de energia, por exemplo.
Um cientista espacial nepalês foi um dos principais responsáveis pela descoberta de provas da existência de água em Marte - quando ainda era estudante.
Em 2011, durante sua graduação na Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, e aos 21 anos, Lujendra Ojha publicou uma pesquisa sugerindo que as manchas escuras em declives marcianos poderiam ser causadas por cursos de água salgada, que correriam durante o verão no planeta.
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Ele formulou a hipótese a partir de análises de imagens feitas pela High Resolution Imaging Science Experiment (HiRISE), uma das câmeras do satélite Mars Reconnaissance Orbiter (MRO).
Em abril de 2015, a Nasa afirmou que as imagens feitas pelo satélite haviam oferecido pistas de que a teoria de Lujendra poderia estar correta. E, nesta segunda-feira, um estudo do nepalês confirmando a hipótese foi divulgado na publicação científica Nature Geoscience e anunciado pela agência espacial americana.
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Atualmente, ele é estudante de PhD em ciência planetária no Instituto de Tecnologia do Estado da Geórgia.
Em seu site, ele afirma que seu principal interesse é "entender a evolução dos planetas telúricos (os mais próximos do Sol no Sistema Solar: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte)".
- Sou apaixonado pelo estudo das atuais características geológicas de corpos planetários no Sistema Solar. Trabalhei com Terra, Marte, Lua, asteroides, cometas e também classifiquei diversos meteoritos - diz.
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Golpe de Sorte
Nascido em Katmandu, no Nepal , Lujendra era fã de ficção científica e sonhava inventar uma máquina do tempo quando criança, segundo o portal de notícias da rede americana CNN.
A descoberta sobre Marte aconteceu durante um projeto que ele desenvolvia com o professor Alfred McEwen, membro da equipe de pesquisadores do MRO e professor de geologia planetária na Universidade do Arizona.
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Investigando, com a ajuda de um algoritmo, imagens das mudanças sazonais em canais de Marte, que podem ser resquícios da presença de água no passado, Lujendra percebeu manchas irregulares diferentes.
- Quando eu as vi pela primeira vez, não tinha ideia do que eram. Achava que eram apenas traços criados pela poeira ou algo assim. Foi um golpe de sorte - disse ele à CNN em 2011, quando apresentou, como coautor, seu primeiro estudo sobre o tema.
Após meses de pesquisas, a equipe de McEwen descobriu que as manchas encontradas por Lujendra eram a primeira evidência de que água líquida salgada poderia existir na superfície do planeta.
O cientista nepalês é, agora, o principal nome no estudo que traz o que pode ser a notícia mais significativa do ano para a exploração espacial.
Na sua página pessoal, Lujendra aparece tocando guitarra em uma banda de rock, mostra suas fotos de cachoeiras e montanhas no Instagram e dá explicações espirituais para sua atração pela pesquisa científica.
"Com o profundo conhecimento de que sou corpo e mente unificados compostos de poeira estelar, eu não estou fazendo ciência. Estou apenas tentando entender minha gênese e compartilhar esse conhecimento", escreveu.
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