
Aos 25 anos, Luísa Militão Vicente Barroso é a mais nova juíza federal em atuação no Brasil, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Apenas quatro anos depois de se formar em Direito, ela assumirá o posto no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), em Brasília. "A realização do sonho de uma vida", escreveu a jovem em suas redes sociais.
Mas alcançar tal conquista não foi simples. Com o intuito de se aprofundar nos estudos, aos 16 anos, ela deixou a sua cidade natal, Inhapim, no interior de Minas Gerais, para concluir o ensino médio no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (Coluni/UFV). Entrou, no ano seguinte, para a Universidade Federal de Viçosa, iniciando uma rotina de estudos e de preparação para concursos públicos.
Afinal, apesar de se formar em Direito, Luísa nunca pensou em advogar. O seu foco, desde o começo, era assumir um cargo público. Para isso, dedicava cerca de oito horas de seu dia aos estudos. Estagiou no TRF1 — onde, agora, assume como juíza federal — entre 2019 e 2020. Em seu perfil no Instagram, Luísa comemorou o fato de retornar ao órgão: "Quanta honra poder regressar a esse tribunal magnífico, onde tive a alegria de estagiar ainda na graduação".
Outras conquistas
Antes da nomeação ao TRF1, Luísa já havia sido aprovada para promotora de justiça no Ministério Público da Bahia (MPBA) e na Defensoria Pública de Minas Gerais. No dia 31 de outubro de 2024, chegou a tão sonhada confirmação de que havia conquistado a vaga na magistratura, após um ano e meio do início do processo seletivo.
"Nem nos meus melhores sonhos eu ousei imaginar que seria aprovada nas três carreiras jurídicas, muito menos aos 25 anos, fechando com chave de ouro esse ciclo. Veio aí a aposentadoria dos concursos! Obrigada, Justiça Federal, e que venha o trabalho”, escreveu ela nas redes sociais.
A jovem contou, em suas redes sociais, que prestou concurso de maneira despretensiosa — a carreira como juíza não era o seu foco, por julgar ser muito além de sua capacidade. Entretanto, já na primeira fase, passou com 10 pontos acima da nota de corte, a sétima melhor nota nas discursivas e a nona maior nota da sentença cível.
Luísa ainda detalhou que, durante a preparação para o concurso, tirava tempo de realizar atividades físicas, para que os estudos fossem realizados de maneira saudável. Em 2022, ainda, casou-se e se mudou com o marido para Vitória da Conquista, na Bahia.
O caminho da mineira até chegar ao cargo de juíza federal teve eliminações, frustrações e contratempos. O exame no TRF1, por exemplo, contou com uma dose de sofrimento no avançar do processo, necessitando de um pedido de recurso na fase de sentença criminal, por causa de 0,57 ponto.
— Quando fui reprovada (na sentença criminal), senti um grande vazio. Foi o meu pior momento na trajetória dos concursos. Toda a resiliência até ali caiu por terra. Sentia que que estava perdendo a maior e melhor oportunidade de toda a minha existência. Por outro lado, sabia que eu era a única responsável por aquele resultado — disse Luísa ao g1, explicando que recurso foi aceito pela banca, com ela seguindo para a prova oral e, depois, aprovada em segundo lugar.