
Quase 30% das exportações brasileiras aos EUA está livre da taxação de 10% a mais implementada por Donald Trump. Caso a medida fosse aplicada em 2024, 27% dos produtos brasileiros passariam pela sobretaxa.
Um estudo feito pela Amcham Brasil mostrou que os americanos concentram as compras em combustíveis minerais, madeira e seus derivados vindos do Brasil. Livres do tarifaço, os itens correspondem a 74,2% e 9,3% das exportações, que corresponde a um lucro de US$ 11,4 bilhões.
Técnicos do governo brasileiro ponderam que, embora a madeira esteja isenta da sobretaxa, seus produtos estão sendo investigados desde março pelos Estados Unidos, sob o argumento de segurança nacional. Produtos de madeira e carvão vegetal representam cerca de 3,7% do volume de exportações.
A lista livre das sobretaxas anunciadas no último dia 5 contém 24 grupos de produtos (matéria-prima), que somam um total de 1.039 itens (derivados). No entanto, o aço e o alumínio que saem do Brasil receberam uma tarifa adicional de 25% antes mesmo do anúncio do pacote de Trump.
Negociações
Integrantes da gestão Lula destacam que, dentro das negociações, será positivo se o Brasil conseguir convencer o governo americano a ampliar a lista de exceções. O governo também vê espaço para Trump reduzir ou suspender a tarifa adicional mínima de 10% aplicada ao Brasil e a outros parceiros, após o republicano pausar por 90 dias as taxas recíprocas, com exceção da China.
O Brasil conseguiu abrir um canal de diálogo com os Estados Unidos em meio ao tarifaço. Na última quinta-feira (10), técnicos do Itamaraty teriam mais uma reunião com integrantes do Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) para tratar das tarifas aplicadas aos produtos brasileiros.
Conforme o estudo, o catálogo de exceções a sobretaxa representa, em valor, em torno de 20% de toda a importação dos Estados Unidos em 2024, ou US$ 655,4 bilhões.
A instituição destacou ainda que o grupo de produtos isentos da sobretaxa inclui bens que o presidente dos EUA possui amplos poderes para lidar com ameaças à segurança nacional. Entre esses poderes estão bloquear ou restringir importações, exportações e transferências financeiras de países, indivíduos ou entidades específicas, congelar ativos e impor sanções.
"Vale ressaltar que esses bens podem ter tarifas adicionais aplicadas sob outras legislações e devem ser analisados caso a caso", destacou a Amcham.