
Para especialistas, o resultado do PIB de 2024, divulgado nesta sexta-feira (7), ficou abaixo do esperado e fortalece a possibilidade de desaceleração na economia brasileira em 2025. Inflação, crédito caro e incertezas na economia global devem ser os responsáveis por um PIB menor.
O crescimento de 2024 (3,4%) foi superior ao observado no ano anterior, quando a atividade do país cresceu 3,2%. No entanto, a desaceleração do PIB no quarto trimestre somada a outros fatores no começo deste ano, são indícios de que a economia brasileira deve crescer em ritmo menor em 2025.
— Embora o PIB tenha vindo abaixo do esperado, ele veio muito forte para a média de crescimento do Brasil e para a taxa de investimentos. Isso ocorreu sobre um forte aumento do consumo das famílias, que cresceu 4,8%, pelos impulsos fiscais, o que torna o modelo de crescimento insustentável e com efeitos colaterais indesejáveis, como a crescente inflação que observamos — avalia Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul).
Segundo Oscar Frank Junior, economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, a desaceleração observada no quarto trimestre – com variação positiva de 0,2% –, incertezas quanto à política econômica global, com destaque para a atuação do presidente norte-americano, também tendem a prejudicar o crescimento brasileiro em 2025, na avaliação dele.
— Ambientes de volatilidade tornam mais difícil antever o futuro. Com menor previsibilidade, os agentes econômicos naturalmente se retraem em suas decisões — argumenta Oscar Frank Junior.
Desaceleração é esperada
Dados do início deste ano alertam para um cenário de dificuldades. O economista cita a queda, em fevereiro, do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que apresentou o menor patamar desde agosto de 2022.
Outro indicativo ruim foi o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de janeiro, que caiu para 47,6 pontos após 51,6 em dezembro, resultado que indica a primeira contração desde setembro de 2023.
— Não imagino que a economia brasileira entre em recessão no primeiro semestre. Teremos a contabilização da safra de grãos, que deve ser boa e contribuir para o resultado do setor primário e transbordar para outros segmentos da indústria e serviços. Mas os setores secundário e terciário vão sofrer as consequências do cenário que estamos inseridos. A incógnita é para o segundo semestre, em que poderemos entrar em uma recessão técnica. Devemos crescer bem menos que em 2023 e 2024 — acrescenta o economista-chefe da CDL de Porto Alegre.
No PIB de 2024, entre os setores, serviços (3,7%) e indústria (3,3%) subiram em comparação a 2023, enquanto a agropecuária recuou (-3,2%).
— Indústria e serviços cresceram bem, e o agro, em virtude dos problemas climáticos, teve queda de 3,2%, que era a nossa projeção. Em 2025, o agro deve crescer 5,8%, com indústria abaixo de 1%; serviços registrar crescimento de menos de 2%. O PIB deve crescer 1,56% em 2025 — projeta o economista-chefe da Farsul.