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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou a imposição de novas tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio nesta segunda-feira (10).
— Hoje estou simplificando nossas tarifas sobre aço e alumínio — disse Trump no Salão Oval da Casa Branca ao assinar as ordens executivas.
— São 25%, sem exceções ou isenções — acrescentou, dizendo que consideraria impor tarifas adicionais sobre automóveis, produtos farmacêuticos e chips de computador.
As medidas visam igualar as taxas impostas por outros países aos produtos americanos. Trump, que já havia adotado tarifas similares em seu primeiro mandato, com isenções a países como Canadá, México e Brasil, indica que agora essas isenções podem ser revistas. A decisão busca responder a práticas comerciais consideradas desiguais por Trump, especialmente as tarifas sobre automóveis entre os EUA e a UE.
As importações de aço dos EUA vêm principalmente do Canadá, Brasil e México, com o vizinho do norte sendo o maior fornecedor de alumínio primário, representando 79% do total importado pelos EUA até novembro de 2024.
Trump pretende usar as tarifas recíprocas para assegurar um comércio mais justo, citando a discrepância nas tarifas de automóveis entre a UE e os EUA como exemplo de desequilíbrio. A medida promete ter um impacto significativo no comércio internacional e nas relações dos EUA com seus principais parceiros comerciais.
Impacto no Brasil
Segundo o economista e professor da Universidade Feevale José Antônio Ribeiro de Moura, caso não exista um avanço em acordos para amenizar o aumento de tarifas, a sobretaxação tem potencial de prejudicar a produção de aço no Brasil, afetando a atividade econômica do país:
— Se não tiver solução, um acordo, vai esbarrar na questão da produção. E com menos produção, afeta o emprego, impacta o PIB. Isso, realmente, tem um dano econômico sério, porque é um segmento bastante importante, que afeta vários setores, como a construção.
As tarifas também vão afetar o Canadá, principal fornecedor de aço e alumínio dos Estados Unidos, México e Coreia do Sul.
A federação do aço no Reino Unido, a UK Steel, acredita que a medida vai desferir um "golpe devastador" para um setor que já está em declínio.
A decisão também pode prejudicar diversos setores nos Estados Unidos.
— O aço, o alumínio são matérias-primas cruciais para a indústria americana — advertiu Maurice Obstfeld, especialista do Peterson Institute for International Economics.
Durante o seu primeiro mandato (2017-2021), Trump impôs tarifas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio. As taxas adicionais foram suspensas posteriormente pelo próprio Trump, ou por seu sucessor democrata Joe Biden.
No domingo (9), o magnata adiantou que "tarifas aduaneiras recíprocas" são uma tentativa de alinhar a tributação dos produtos que entram nos Estados Unidos com a forma na qual os bens americanos são taxados no exterior.
Trump utiliza as tarifas como principal ferramenta de sua política econômica. Seu objetivo: reduzir o déficit comercial americano.
Os países reagiram de maneira distinta a suas ameaças: alguns anunciaram represálias, outros tentam apaziguar os ânimos.
O ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot, garantiu que a União Europeia (UE) "vai responder" como fez durante o primeiro mandato do presidente americano.
Até agora, Trump exerceu pressão sobre os parceiros dos Estados Unidos, mas também sobre seu grande rival, a China, que desde a terça-feira está sujeita a tarifas adicionais de 10%, além das que já existiam.
As medidas de represália chinesas de taxas seletivas sobre determinados produtos americanos entraram em vigor na segunda-feira (data local, domingo no Brasil).
Elas afetam 14 bilhões de dólares (R$ 80 bilhões) em produtos americanos, enquanto as tarifas anunciadas pelo presidente americano abrangem bens chineses avaliados em 525 bilhões de dólares (R$ 3 trilhões).
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, ressaltou nesta segunda que, para Pequim, "não há [...] vencedor em uma guerra comercial e aduaneira".