Anunciado nesta sexta-feira (17), o investimento milionário na indústria química do Rio Grande do Sul abre espaço para avanço em tecnologia, contratações e desenvolvimento econômico de outras áreas, segundo especialistas ouvidos pela reportagem de Zero Hora.
Dos R$ 759,3 milhões via Regime Especial da Indústria Química (Reiq Investimento), R$ 339 milhões serão investidos no Rio Grande do Sul. Os valores foram confirmados em evento organizado pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), no Polo Petroquímico de Triunfo.
A maior parte do montante destinado ao Estado — R$ 306 milhões — faz parte de movimento da Braskem. Como adiantou a colunista Marta Sfredo, a companhia informou que os valores serão usados para aumentar a capacidade da planta de polietileno do polo de Triunfo em 50 mil toneladas por ano. A capacidade atual desta unidade é de 274 mil toneladas por ano e vai passar para 324 mil toneladas por ano — uma alta de 18,2%.
Os outros cerca de R$ 33 milhões anunciados serão empregados na operação da empresa Innova.
Lisiane Fonseca da Silva, economista e professora da Universidade Feevale, afirma que o aporte já tem um impacto positivo para a economia do Estado simplesmente pelo efeito na formação bruta de capital fixo. Esse indicador mostra os esforços das empresas no âmbito de bens para a produção, apontando a mobilização dos setores para aumentar ou não a capacidade.
Os investimentos em tecnologia, máquinas e equipamentos também respingam em outros ramos da economia do Estado, segundo a economista:
— Quando o setor produtivo faz um investimento ele ativa o que a gente chama de efeito multiplicador. Ou seja, isso repercute junto aos fornecedores, porque ele está modernizando e ampliando capacidade produtiva. Então, isso demanda fornecedores, mão de obra, ou uma qualificação da mão de obra que já está dentro da empresa, isso agrega valor ao trabalho. E a indústria química é uma área de valor agregado elevado. Mesmo que seja uma matéria-prima, ela é uma matéria-prima transformada já.
O secretário de Relações Institucionais do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas de Porto Alegre e Triunfo (Sindipolo), Gerson Cardoso, reforçou que o setor espera que o investimento se reflita em ampliação nos empregos fixos e em maior segurança dentro das plantas.
Espaço para mais investimentos
Durante coletiva no evento, o governador Eduardo Leite afirmou que o setor químico é uma alavanca para a base da indústria da economia moderna e destacou os efeitos da expansão desse setor dentro da economia gaúcha e a importância do ramo para o desenvolvimento:
— A produção da indústria química viabiliza os itens essenciais, a linha branca de eletrodomésticos, as embalagens dos alimentos. Ela é estratégica para o Estado, para animar, inclusive, outros investimentos privados aqui no Rio Grande do Sul. E aquilo que foi feito pelo governo federal, e nós agradecemos, do regime especial da indústria química, o Reiq, está viabilizando esses investimentos. Vamos lutar para que outros ajustes possam ser feitos, melhorando a competitividade desse setor que é estratégico no nosso plano de desenvolvimento do Estado.
Informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforçam o peso do ramo no Estado. Dados da última Pesquisa Industrial Anual (PIA), de 2022, mostram que o setor químico representava 9,3% do valor da transformação industrial (VTI) da indústria de transformação do Rio Grande do Sul. Entre os 24 segmentos do setor, a indústria química ficou na quarta colocação.
O programa
O Reiq Investimento prevê benefícios fiscais a empresas que promovem a ampliação da capacidade produtiva e a instalação de novas plantas industriais no setor químico e petroquímico brasileiro.
Centrais petroquímicas e indústrias químicas que se comprometerem a promover esse tipo de expansão podem, após habilitação no Reiq Investimento, descontar créditos adicionais de PIS/Pasep e Cofins, segundo o governo federal. O cálculo dos créditos ocorre com aplicação de alíquotas reduzidas, diminuindo os custos tributários para os empreendimentos.