O Conselho Monetário Nacional (CMN) vai mudar o regime de metas de inflação. A decisão foi apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após reunião ocorrida nesta quinta-feira (29). A meta será contínua a partir de 2025, além de ter sido mantida em 3,25% para 2023, e 3% para 2024, 2025 e 2026, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Com a mudança do regime, a primeira desde 1999, em vez de levar em conta o atual ano-calendário – ou seja, de janeiro a dezembro –, significa que a meta será definida para um horizonte mais longo, sem calendário fixado. No entanto, ainda não foi definido qual o tamanho deste período para a meta.
— Já tinha manifestado minha simpatia por uma mudança (para a meta contínua) desse padrão que só se verifica em dois países, dentre os quais o Brasil. Adotaremos meta contínua a partir de 2025, decidimos manter a meta à luz dos indicadores econômicos — disse Haddad.
Ele explicou que a mudança a partir de 2025 foi definida porque será a data em que se iniciará o mandato do próximo presidente do Banco Central.
— A mudança no ano-calendário é fundamental para o futuro do País. O Brasil estará em sintonia com demais países do mundo — reforçou Haddad.
Alvo da meta
Haddad disse que foi decidido manter a meta em 3% devido aos indicadores econômicos e que os índices de preços têm mostrado queda acentuada.
Ele frisou que a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 já está praticamente em 3,0% e que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já comunicou que projeção de inflação de 2025 da autoridade monetária já está em 3,1%.
O CMN é composto pelo presidente do Banco Central, pelo titular da Fazenda, e pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, e tem como um dos objetivos definir a meta de inflação com antecedência de 18 meses.
Haddad afirmou ainda que a reunião do CMN foi "particularmente importante" para tratar de assuntos cruciais ao Brasil.
Como é definida a meta de inflação
- A meta para a inflação é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN);
- Cabe ao Banco Central (BC) adotar as medidas necessárias para alcançá-la, como elevar a taxa básica de juros da economia (a Selic);
- O índice de preços utilizado é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
- Atualmente a meta se refere à inflação acumulada no ano. Por exemplo, a meta para 2023 é de uma inflação de 3,25%. No entanto, com a mudança para a meta contínua, a meta não ficará restrita ao ano-calendário.
- No desenho atual do sistema, o CMN define em junho a meta para a inflação de três anos-calendário à frente. Por exemplo, em junho de 2018, o CMN definiu a meta para 2021. Esse horizonte mais longo reduz incertezas e melhora a capacidade de planejamento das famílias, empresas e governo.
Fonte: Banco Central