No fechamento do segundo bimestre, as vendas no comércio varejista gaúcho tiveram baixa. Em abril, na comparação com março, o Estado teve leve retração, de 0,5%. Na mesma base, o país exibiu alta de 0,1%. Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quarta-feira (12).
Na análise ampliada para o acumulado em 12 meses, na relação com o período anterior, o Rio Grande do Sul exibe alta de 5,1%, superior à registrada no Brasil (0,9).
No Estado, os 11 grupos avaliados, 9 tiveram queda de volume em abril, ante março. A maior foi verificada em outros artigos de uso pessoal (-14,1%), seguida por livros, jornais, revistas e papelaria (-11,4%). Já as principais altas ocorreram em artigos farmacêuticos (9,4%) e móveis (5,6%).
No país, houve baixa em 7 dos segmentos analisados pela pesquisa. O melhor dinâmica ficou por conta dos hipermercados com 3,1%. Esse é o item com o maior peso na PMC. Mas, apesar de ser privilegiado, em abril, pelas vendas de Páscoa, por aqui, o desempenho se manteve no campo negativo e fechou o quarto mês de 2023 em queda de 0,5%.
O gerente da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE, Cristiano Santos explica que hipermercados e supermercados, na média nacional, representam 57% da composição do índice. No Nordeste, por exemplo, superam os 60%. Por outro lado, no RS esse item responde por 46%.
Segundo o estatístico, em anos anteriores, as vendas para a pascoa começaram em fevereiro e, em 2023, foram bastante concentradas no quarto mês do ano. Com pesos distinto, o RS reagiu de maneira mais contida a esse estímulo sazonal, avalia Santos.
A economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo lembra que a diferença entre RS e país também foi impactada pela inflação. Em abril e março o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da alimentação fora do domicílio, que influencia as compras de produtos em estabelecimentos comerciais, apurou avanços mais consistentes no Estado (com 0,51% e 1,27%), respectivamente, do que no país (com -0,14% e 0,73%, em igual ordem de comparação).
Patrícia destaca ainda que o RS foi um dos onze Estados brasileiros que apresentaram queda na comparação com o mês anterior na série com ajuste sazonal. Segundo ela, fica evidente que o comportamento do comércio varejista gaúcho é “errático na relação com o mês imediatamente anterior, alterando quedas e expansões”:
– Em linhas gerais, o que temos é um quadro de desaceleração, o que se justifica pela conjuntura atual de um contingente alto de famílias endividadas, com um percentual alto de inadimplentes, taxa de juros elevadas, e uma postura mais cautelosa por parte dos consumidores.
Combustíveis
A cada divulgação da PMC, economistas consultados por GZH fazem ressalvas sobre os dados setoriais. De acordo com Patrícia Palermo, “mais uma vez, há números que geram estranheza”:
– Os combustíveis, por exemplo, apresentaram queda de 5,5% na comparação interanual depois de apresentar taxas de crescimento injustificadamente grandes. No entanto, os dados da Secretaria Estadual da Fazenda evidenciam alta de 7,52% de gasolina na comparação de abril de 23 com o mesmo período do ano anterior.
A economista chama a atenção para a expressiva queda em móveis e eletrodomésticos (-11,3%) – explicada pelos juros elevados que inibem o consumo – e de tecidos, vestuário e calçados (-6,3%) – justificada pelas temperaturas elevadas que marcaram o período.
O gerente da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE, Cristiano Santos explica que a PMC aplica fórmula por amostragem. Segundo ele, nesse caso, a seleção das amostras pode ter efeito, pois a apuração do volume de vendas é feita sobre o valor da receita nominal.