O coelho da Páscoa já subiu a serra gaúcha levando otimismo aos principais produtores de chocolate artesanal – uma das principais tradições da região das Hortênsias, ao lado dos festejos natalinos.
O setor chocolateiro estima uma média de vendas 10% superior à de 2022, apesar dos temores com os efeitos persistentes da inflação, impulsionada pela contínua retomada de uma maior normalidade que ajuda a superar o sabor amargo deixado pela pandemia. Para receber os visitantes, as cidades de Gramado e Canela já decoraram as avenidas com imagens relativas à data e deram início à oferta de atrações especiais como apresentações artísticas e desfiles.
A Associação de Chocolateiros de Gramado (Achoco) estima que as fábricas vão entregar 600 toneladas de guloseimas na forma de ovos, coelhos, barras e uma infinidade de outras figuras ao longo de um mês. Esse volume de derivados do cacau equivale, aproximadamente, ao peso de 400 carros de porte médio. A maior parte da produção está pronta, já que as máquinas e os funcionários trabalham desde o final do ano passado com foco neste período.
— Começamos a produzir para a Páscoa ainda em novembro, dezembro, porque ela representa quase um terço do que é feito no ano todo. O otimismo vem do fato de seguirmos retomando a normalidade em relação à pandemia — avalia o diretor-executivo da Achoco (entidade de referência para o setor na região), João Teixeira.
Nos quatro andares da fábrica da Florybal, uma das principais marcas artesanais do Estado, são moldadas as últimas peças de chocolate voltadas para as celebrações pascais. O gerente de produção da empresa, Carlos Mayer, projeta um crescimento um pouco superior à média da região.
— Vamos produzir 350 toneladas para esta Páscoa, um aumento de 15% em relação a 2022 — revela Mayer.
Esse é o mesmo percentual de acréscimo calculado em outra empresa tradicional das Hortênsias, a Prawer.
— Temos expectativa de crescimento, porém, com receio da alta da inflação no mês de março, que deve seguir o ano inteiro encarecendo o mercado. A expectativa se deve à busca de novos mercados, não ao aumento do consumo — analisa o gerente comercial da Prawer, Gabriel Brock.
Além do sabor do cacau, os municípios serranos contam ainda com uma decoração especial nas ruas para atrair e satisfazer os turistas. Figuras de coelhos e de cestos de ovos ornam espaços públicos como canteiros de avenidas, rótulas e postes em Gramado e Canela.
— Ficamos encantadas com a decoração. Em todo lugar, dá vontade de parar para tirar foto — afirma a turista do Maranhão Nice Rezende, 55 anos, acompanhada de familiares ao circular pela principal avenida de Gramado, a capital nacional do chocolate artesanal.
O grupo, formado ainda por Maristela Rezende, 78 anos, Lindalva Machado, 53, e Marina Nogueira, 19, aproveitou a coincidência da viagem com o início do período de comemorações na serra gaúcha para encher as malas de doces antes de retornar para o Nordeste.
— Não viemos pensando na Páscoa, mas acabamos comprando bastante chocolate — complementa Lindalva.
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A prefeitura de Gramado, a exemplo do setor produtivo, também acredita em aumento da demanda neste ano. O município estima que a quantidade de visitantes recepcionados ao longo dos 30 dias de programação especial voltada à data celebrada em 9 de abril vai saltar de aproximadamente 350 mil no ano passado para algo em torno de 400 mil agora.
Já a administração de Canela prevê que o universo de turistas circulando dentro de seus limites durante o período de Páscoa vai se manter em um patamar semelhante ao do ano passado, por volta de 300 mil pessoas em busca das doçuras oferecidas pela região.