A máxima presente em qualquer manual de economia diz que quando a procura por determinada mercadoria cai ao mesmo tempo que a oferta por esse produto cresce, os preços despencam. Não para o mercado imobiliário de Porto Alegre.
Após quase três anos de recessão, o valor dos imóveis e dos aluguéis na capital gaúcha caíram, mas em uma magnitude menor, nem de perto próxima ao tamanho da crise que atingiu o setor.
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O motivo para o recuo em ritmo mais lento é explicado pelo baixo estoque de imóveis em geral no município. A legislação ambiental bastante rígida, que torna mais lenta a construção de empreendimentos, acabou impedindo que o mercado porto-alegrense enfrentasse uma superoferta logo nos primeiros sinais de recessão. Essa rigidez, o principal motivo de reclamação dos empresários locais, acabou por se tornar uma proteção para o mercado.
No aluguel de imóveis, os preços se mantiveram relativamente estáveis até 2015, crescendo no ritmo da inflação, mas de lá para cá, os valores recuaram para fazer frente à baixa no número de locatários. Nos últimos 12 meses, houve encolhimento em nove. De 2012 para cá, os contratos assinados com base no IGP-M, o índice de inflação de referência, foram reajustados em 40,49%. Já a evolução do preço médio dos imóveis residenciais ofertados no período foi de 19,05%.
– Quando observamos a situação no médio prazo, nos últimos cem meses (8 anos e 4 meses), ganhamos da inflação. Em um cenário de um período pouco mais longo, alugar um imóvel ainda representa um ótimo negócio – afirma Leandro Hilbk, vice-presidente de locações do Secovi.
Entre os 10 bairros com preço médio do metro quadrado mais caro em Porto Alegre, apenas Moinhos de Vento, Petrópolis e Cidade Baixa tiveram alta. O líder do ranking, Três Figueiras, apresentou queda expressiva. Em fevereiro de 2016, o valor médio era de R$ 49,84 o metro quadrado. No último mês, foi de R$ 37,26, recuo de 25,5%.
Professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e coordenador da pós-graduação em Viabilidade de Empreendimentos e Incorporações Imobiliárias, Pedro de Seixas Corrêa explica que comparar o preço médio de locação com o preço médio de venda dos imóveis é uma medida importante para avaliar a atratividade do mercado imobiliário em relação a outras opções de investimento:
– Permite obter uma medida da rentabilidade para o investidor que opta por locar seu imóvel. Em dezembro de 2016, o retorno médio anualizado do aluguel foi de 4,4% no país.