Descolados do incerto cenário interno, a bolsa emplacou a oitava alta seguida e o dólar concluiu o movimento ensaiado no dia anterior,fechando abaixo de R$ 3,80, menor valor em mais de um mês. Analistas seguem atribuindo a certa tranquilidade no mercado financeiro a notícias vindas do Exterior.
A atual fase da bolsa chama atenção porque é a mais positiva desde 2013, quando enfileirou nove dias no azul. A alta desta quinta-feira foi mínima (0,39%), mas contribuiu para o momento contrastante com o cenário doméstico, político e econômico.
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A ata do comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) contribuiu, mas pouco alterou a tendência. Contribuiu para firmar a percepção de que a posição dominante no Fed ainda não é a de elevar juro no curto prazo, o que ajuda a amenizar a disparada do dólar por aqui.
Esse cenário relativamente benigno na semana, adverte Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central, não é melhora, é apenas uma trégua:
- Voltou um pouco da racionalidade, tanto na bolsa e no dólar quanto nos prêmios de risco para o Brasil e nos juros futuros. Mas os problemas internos não foram solucionados e a saída parece estar mais longe. O maior problema é que a dívida pública cresceu e vai continuar crescendo por falta de âncora fiscal - observa Freitas (gráfico abaixo).
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O que o Brasil está vivendo, reitera o ex-diretor do BC, não é uma crise cambial, é uma crise de incerteza política. Lembra que o real se desvalorizou muito mais do que outras moedas em relação ao dólar, mas não há fuga de divisas no Brasil. Isso fez com que, até agora, o BC não fosse obrigado a cumprir a ameaça velada de vender reservas para sustentar o real. Os próximos dias vão determinar se poderá seguir assim.
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