Quem esteve em shoppings de Porto Alegre no final de semana já viu intensa circulação de consumidores - que só vai aumentar nos próximos dias. Neste ano, há um ingrediente extra na correria das compras de Natal: em dezembro deve terminar o alívio de impostos para eletrodomésticos.
A partir de 1º de janeiro, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) volta a ser cobrado integralmente, e o preço dos chamados produtos da linha branca - fogão, geladeira, lavadora - deve subir.
- Comprei sapatos, perfumes e camisas para dar de presente. E também uma lavadora, para casa, antes de subir o preço - relatava ontem o contador Luiz Carlos Loureiro, já cansado com o peso das sacolas.
Neste domingo, em um shopping da Capital, era possível ver muitos pacotes nas mãos dos clientes, mas não em volume suficiente para encher os olhos dos comerciantes. Um exercício de observação de ZH constatou que de cada quatro pessoas circulando, uma levava uma sacola de compras. Quem ainda não comprou todos os presentes terá pela frente um teste de paciência: o movimento deve aumentar, até atingir o auge no próximo fim de semana, quando a segunda parcela do 13º salário estará na conta da maioria.
- Ainda não podemos dizer 'olha só, chegou o Natal'. Os comerciantes estão ansiosos, preocupados. É que nem um jogador em véspera de clássico, louco para entrar em campo, e a partida não começa. Mas depois do dia 20, é aquele atropelo - diz o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), Vitor Koch.
O médico Cláudio Ricachinevsky é um dos que não esperaram a última parcela do salário extra para fazer as compras: juntou a família inteira, foi ao shopping e comprou principalmente roupas, além de um eletrônico - presente-surpresa para a esposa, que o repórter prometeu não revelar.
Ricachinevsky segue a tendência: segundo levantamento da FCDL-RS, as preferências são por itens de vestuário e de tecnologia, como tablets. Se a projeção se confirmar, as vendas devem impulsionar crescimento de 5% neste ano. A Câmara de Dirigentes Lojistas da Capital (CDL) tem uma expectativa mais conservadora: a elevação deve ser de, no máximo, 3% acima da inflação.
- Foi um ano difícil, mas ainda assim com crescimento - avalia Gustavo Schifino, da CDL.