
Diante de uma amarga perspectiva de queda de quase 60% nos negócios neste Dia das Mães em relação ao do ano passado, conforme pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o varejo da Capital reforçou estratégias para atrair clientes e, assim, tem conseguido amortecer as perdas.
Empresas que trabalham com vendas digitais ou delivery e aquelas que reabriram nesta semana após flexibilização nas regras de distanciamento social na Capital devido à pandemia de coronavírus, vêm observando boa demanda por produtos para a data, ainda que menor do que nos anos anteriores. Para muitos comerciantes, foi necessário reorganizar a estrutura de vendas para chegar aos clientes.
Um bom exemplo está na iniciativa de um grupo de empreendedores que se uniram para entregar cestas de alimentos naturais nas casas dos consumidores. A ColBox, ideia encampada por um grupo de empresas atendidas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado (Sebrae-RS), reúne 20 fabricantes de comidas, bebidas e temperos de diferentes regiões do Rio Grande do Sul.
São cinco tipos de cestas criadas para o Dia das Mães, com produtos veganos, orgânicos, sem lactose, acúcar ou glúten. Os preços variam de R$ 110 a R$ 130 e, por enquanto, as entregas ocorrem apenas em Porto Alegre. As encomendas, feitas pelas redes sociais das empresas participantes, já passam de cem, e a expectativa é chegar a 500 até domingo.
— O coletivo é importante para fortalecer as marcas, já que clientes de uma empresa conhecerão outras — explica Rafaela Vencato, diretora da Terra Amor, uma das empresas participantes, que trabalha com temperos, sais temperados e chás.
Antes da pandemia, Rafaela vendia principalmente em feiras orgânicas. Agora, o mundo digital é o carro-chefe, com crescimento de 70% nos pedidos em relação ao ano passado.
— É um caminho que continuaremos percorrendo para chegar aos clientes — explica Rafaela.

Marcelo Leal, diretor de Soluções Inovadoras da TransUnion, consultoria de dados para o e-commerce, avalia que este Dia das Mães poderá ser lucrativo para quem fizer bom uso de ferramentas digitais. Isso significa contatar diretamente clientes dos bancos de dados, reforçar campanhas em redes sociais com apelo à data e garantir que haja eficiência nos softwares de encomenda, pagamento e entrega de mercadorias.
Ambiente higienizado para atrair clientes
Rômulo Figurelli, vice-presidente de Micro e Pequenas Empresas da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA), acrescenta que lojas que façam atendimento presencial ou que trabalhem no sistema de compras online para retirada no estabelecimento precisam redobrar os cuidados para mostrar aos consumidores que estão cumprindo — com sobras — as regras sanitárias. Ou seja, para convencer o cliente a entrar no estabelecimento, é preciso ter um ambiente higienizado, fluxo controlado de consumidores, disponibilização de álcool gel e uso máscaras entre as equipes.
— Se há sensação de segurança sanitária, o cliente fica satisfeito com o serviço, volta e recomenda o local para as pessoas do seu convívio e por meio de postagens nas redes sociais — explica.
É essa experiência que está vivendo a alfaiataria feminina Unique, no bairro Moinhos de Vento, que reabriu na terça-feira (5) atendendo uma cliente por vez. A cada visita, funcionários higienizam o ambiente e os equipamentos. Mesmo assim, a proprietária Cristiane Boaretto percebeu baixo fluxo de consumidores, alguns manifestando preocupação em ingressar em ambiente fechado, o que poderia prejudicar as vendas para o Dia das Mães.
Para tranquilizá-los, passou a entregar máscaras de pano personalizadas aos compradores. Os brindes também são fornecidos aos consumidores que compram pelo site e retiram na loja. Outra estratégia da Unique foi realizar uma campanha que recolhe doações de alimentos em troca de máscaras, uma forma de encorajar o consumidor a visitar o estabelecimento.
— A pessoa vem fazer a troca e olha que a loja tem segurança, que não há fluxo grande de clientes e que faço atendimentos individuais e sempre de máscara. É uma forma de exercitar a solidariedade e ao mesmo tempo estimular as vendas — explica Cristiane.
Especificamente para o Dia das Mães, a loja tem dado brindes para encomendas acima de R$ 549, inclusive feitos pelas redes sociais.
— Ainda não é o movimento que sonhávamos para a data, mas tem ajudado a manter os negócios em um momento difícil — explica a diretora.
O movimento para o Dia das Mães
- 78,4% das vendas ocorrerão uma semana antes da data.
- Em relação ao tipo de presente, vestuário (28,3%) e perfumes e cosméticos (18,2%) aparecem como principais, seguido por artigos de decoração (7,5%) e flores (6,2%).
- O número médio de presentes deve ser de 0,85 unidade por pessoa - nessa data, muitos presentes são compartilhados, o que explica a possibilidade de um número menor do que 1.
- Entre os entrevistados que disseram que não comprariam presentes, 23,8% referiram motivos relacionados ao coronavírus, 13,7% por estarem economizando e 10,1% por não saírem de casa; além disso, 13,3% referiram estarem desempregados ou sem dinheiro.
Fonte: Fecomércio-RS