Os fundadores da startup Aulalivre.net, maturada na incubadora da ESPM em Porto Alegre, debatiam opções para levantar capital e fazer a empresa alçar voo. Era preciso investir em softwares de inteligência de mercado para turbinar a captação de alunos para as videoaulas pagas.
A empresa havia atraído um investidor disposto a aplicar o valor necessário, mas a preferência era por angariar mais sócios para diluir o risco caso o negócio não desse certo. A ideia veio do próprio investidor: o restante do capital poderia ser levantado por investimento coletivo.
Leia mais
Como driblar os altos preços das comidas típicas de inverno
Será a hora certa de comprar um imóvel?
Seis calculadoras online para colocar as contas em dia
Os diretores procuraram um site que aproxima startups de pequenos e grandes investidores e abriram uma campanha para arrecadar fundos. Levantaram R$ 251 mil, com contribuições de 26 pessoas. Cada uma pagou de R$ 5 mil a R$ 35 mil e ganhou o direito de receber ações do novo negócio em um futuro próximo. Hoje, passados oito meses, a startup incrementa o faturamento e já soma 650 mil cadastros.
– Nossa primeira opção era ir pelo tradicional, ou seja, buscar grandes investidores ou empresas de capital de risco (venture capital) – explica Eduardo Lima, CEO da Aulalivre. – Mas, com o financiamento coletivo, além de conseguirmos o valor desejado, abriríamos uma nova rede de relacionamento e traríamos mais gente comprometida a fazer o negócio dar certo.
Encontrar investidores costuma ser tarefa ingrata para muitos empreendedores brasileiros – ainda mais em época de crise. Há poucas linhas de financiamento, os grandes empresários evitam se expor ao risco e os juros de empréstimos são punitivos.
Prazo para retorno é superior a quatro anos
Para o ânimo dos novos empresários, nos últimos dois anos começaram a brotar no país sites que aproximam startups de pessoas comuns dispostas a apostar em um novo negócio, em busca de uma miríade como o aplicativo Uber ou o site Airbnb, hoje avaliados em bilhões, mas que um dia foram pequenas startups. É o chamado equity crowdfunding, criado na Inglaterra e maturado nos Estados Unidos.
Pelo modelo, os empreendedores detalham seus projetos e informam o valor que pretendem captar. Os internautas avaliam se entram na partilha, e, se o valor for alcançado, o negócio é fechado. Os investidores ficam com uma parte do lucro ou um naco de uma eventual venda futura.
– É um modelo que simplifica o contato de quem tem boas ideias com quem está disposto a investir em projetos inovadores – avalia Leandro Pompermaier, gerente da incubadora Raiar, da PUCRS.
Se para empresários é uma boa oportunidade de levantar capital, para investidores é a chance de diversificar as aplicações e arriscar uma valorização robusta no médio prazo – embora sempre haja o risco de a empresa não decolar. Conforme Brian Begnoche, sócio-fundador da EqSeed, site brasileiro de investimento coletivo, o prazo para obter retorno é superior a quatro anos, e é possível começar com investimentos a partir de R$ 1 mil por campanha.
– Além da possibilidade de multiplicar o valor aplicado, o crowdfunding possibilita que pequenos investidores participem de projetos inovadores, que proponham melhorias à sociedade – afirma.
Assine nossa newsletter
Quer receber as melhores dicas para manter seu orçamento em ordem? Assine aqui a newsletter da série Encare a Crise, enviada todas as terças-feiras. Além da reportagem da semana, você receberá, no seu e-mail, as notícias mais importantes de economia e dicas sobre como proteger seu dinheiro e acertar nos investimentos.