Para entender quais são as tendências, o que já está sendo feito e quais as estratégias de mercado dos grandes players de varejo no mundo, uma comitiva formada por integrantes da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL POA) e do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas Porto Alegre) participou, na última semana, da NRF, maior feira de varejo do mundo. O evento, promovido pela National Retail Federation, ocorreu de 14 a 16 de janeiro, em Nova York.
A tecnologia foi o ponto mais discutido da NRF. Entre os 600 expositores no centro de convenções Jacob Javits, foram apresentadas aplicações de sistemas inteligentes que facilitam a compra e melhoram a experiência do consumidor com as marcas. Leituras faciais que analisam o comportamento de consumo de cada pessoa, provadores virtuais que permitem que os clientes escolham modelo, cor, tamanho e estampa de uma roupa sem sequer tirar uma peça do corpo. Ou ainda, um carrinho-robô que acompanha o consumidor no supermercado e aponta onde exatamente estão os produtos da lista dele. Tudo calcado na revolução tecnológica, na inteligência artificial e na análise de dados.
Entre soluções e inovações – muitas já aplicadas por grandes marcas no mundo – uma das grandes certezas é que a viabilidade de tanta tecnologia se torna difícil em países de terceiro mundo, como o Brasil.
- No país, apenas os grandes players terão acesso à tecnologia destas soluções por dois motivos: uma porque eles têm massa crítica com conhecimento embarcado e outra por terem condições de obter crédito. O pequeno não tem conhecimento, preparação e condições financeiras para implementar essa tecnologia toda para competir no mercado. O ideal é que tivéssemos iniciativas do governo para essa inclusão digital – analisou o presidente da CDL POA.
A mesma opinião tem o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse.
- Existe uma certa distância. Acredito que as grandes empresas brasileiras irão fazer o investimento, pois sabem que, sem ele, não conseguirão chegar a lugar algum. Nós do Sindilojas, vamos unir nossos lojistas, pequenos e médios, para que façamos juntos ações de investimento na área de tecnologia que beneficiem a todos. Além disso, precisamos cobrar dos nossos governos o investimento na área de tecnologia, senão o Brasil realmente vai ficar para trás - afirmou.
A importância da integração multicanal foi outro ponto muito discutido durante os painéis. Ficou claro que, do online ao off-line, a necessidade dos lojistas se reinventarem pode ser o motivo de fechar o ano no positivo. Ao contrário do que muitos temiam, o evento também ajudou a apontar a perspectiva de que os e-commerces não irão acabar com as lojas físicas. A ideia é que os pontos de venda se repaginem para receber consumidores cada vez mais exigentes em qualidade de experiência e atendimento.
– Melhorar a experiência do cliente é importante para os varejistas físicos, mas o mais importante ainda é converter o tráfego em vendas. E é neste ponto que a tecnologia entra para ajudar – disse em um dos painéis Brian Kavanagh, diretor de Desempenho e Evolução de Varejo da The Hershey Company.
O presidente do Sindilojas Porto Alegre ressalta que as empresas precisam dar mais atenção à capacitação dos colaboradores.
- A experiência de compra para o cliente precisa ser incrível. Sem essa boa impressão, sem o engajamento dos colaboradores, a loja poderá ter problemas. As empresas precisam investir em seus negócios pensando no futuro. A nuvem barateou muito os custos e as pessoas não precisam ter medo. Todo comerciante que não participar de qualificação na área da internet e na área de atendimento é uma forte candidata de desaparecer do mercado - ressaltou.
Em ocasiões de pouco recurso, a dica dos painelistas do evento é apostar as fichas nas redes sociais. Elas são capazes de fornecer dados básicos, mas importantes para a análise do comportamento do consumidor. O foco de 2018 do Instagram, por exemplo, é fazer com que as empresas ganhem dinheiro. Marne Levine, Chief Operating Officer da rede social, afirmou que o “Stories”, recurso disponibilizado ano passado, pode ajudar muito.
– As empresas abraçaram esse formato, que permite um engajamento instantâneo do consumidor. Hoje, um terço dos posts publicados no Instagram Stories são feitos por empresas – afirmou.
Tecnologia é importante, mas o valor maior ainda está nas pessoas
Em um ambiente tão competitivo e complexo como esse que atuamos, essa conexão entre pessoas e marcas é muito importante. [...] Quando temos valores semelhantes aos dos nossos clientes, é mais fácil se conectar a eles.
LUIZ ALBERTO MARINHO
sócio-diretor da GS&MALLS
Por mais que a tecnologia consiga fornecer dados e informações valiosas para os lojistas, o foco central do sucesso ainda está em cima do fator humano. Com o poder de decisão em mãos, os consumidores serão cada vez mais bajulados pelas marca em busca de conquista.
- Se falou muito em relacionamento, na questão da proximidade com o consumidor, das marcas contarem uma história e terem uma causa. Não apenas vender o produto, mas ter identidade com o seu público. As pessoas não serão substituídas, elas continuam protagonistas em todo esse sistema revolucionário – ressaltou o presidente da CDL POA.
Experiências e aprendizados serão compartilhados com lojistas
Na volta ao Brasil, para propagar o que foi visto na NRF e incentivar o mercado gaúcho a estar preparado e aquecido para o futuro, o primeiro passo das duas entidades será realizar uma série de encontros com os lojistas. A ideia é que os participantes possam se inspirar nas tecnologias, tendências e soluções inovadoras apresentadas na feira para impulsionar seus negócios e, por consequência, a economia do Estado.
Os primeiros passos já foram dados: o Sindilojas Porto Alegre realizou na última quinta-feira, o Café com Lojistas Pós NRF, no Bourbon Walling. Já a CDL POA promoverá o ZOOM Pós NRF, no dia 30 de janeiro, a partir das 8h30 min, no Teatro CIEE. Já a CDL POA promoverá o ZOOM Pós NRF, no dia 30 de janeiro, a partir das 8h30, no Teatro CIEE.