
No dia 23 de abril é celebrado o ‘Dia Nacional do Choro’, uma resposta fisiológica e emocional que acompanha o ser humano ao longo da vida. Chorar é algo comum — especialmente em momentos de alegria ou tristeza —, mas você já se perguntou por que isso acontece? Segundo o psicólogo e coordenador do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, Danilo Calixto, a resposta é simples: trata-se de uma forma de o corpo processar e expressar emoções intensas.
“Quando sentimos algo com grande intensidade o cérebro aciona áreas ligadas à emoção, como o sistema límbico, e uma série de reações hormonais e neurológicas levam à produção de lágrimas. Muitas pessoas dizem ‘chorar fez bem’, e isso tem base científica. As lágrimas emocionais contêm substâncias que ajudam a equilibrar o estado químico do corpo”, destaca.
Além disso, o choro exerce um papel social importante. Desde os primeiros meses de vida, aprendemos que essa é uma forma de comunicação. “O choro chama atenção, mobiliza cuidado e conecta pessoas. Ele é uma linguagem universal que muitas vezes fala mais do que palavras”, afirma o psicólogo.
O choro excessivo pode ser um sinal de alerta
Mas e quando o choro se torna frequente ou desproporcional? O psicólogo alerta que é importante observar o contexto. “Se a pessoa sente vontade de chorar o tempo todo, sem motivo claro, ou se o choro interfere na vida social e profissional, pode ser um sinal de sofrimento emocional mais profundo, como ansiedade ou depressão. Nestes casos, procurar apoio psicológico é fundamental”.
O especialista ressalta que quando choramos, o corpo passa por uma série de reações físicas e químicas, como se todo o organismo se mobilizasse para lidar com a emoção. Veja as principais reações:
1. Ativação do sistema nervoso parassimpático
É o sistema responsável por acalmar o corpo depois de um momento de estresse. Após o choro, ele entra em ação, desacelerando os batimentos cardíacos e trazendo uma sensação de relaxamento.
2. Aumento dos batimentos cardíacos e da respiração
Durante o choro, o coração bate mais rápido e a respiração fica mais curta e irregular. Isso acontece porque o corpo está em estado emocional intenso, como se estivesse em alerta.

3. Produção de três tipos de lágrimas
- Lágrimas basais: lubrificam e protegem os olhos;
- Lágrimas reflexas: surgem quando algo irrita os olhos;
- Lágrimas emocionais: liberadas por emoções intensas, contêm hormônios ligados ao estresse.
4. Liberação de hormônios
Durante o choro, o corpo libera hormônios como a ocitocina e as endorfinas, que ajudam a aliviar a dor física e emocional, proporcionando uma sensação de conforto e bem-estar. Por outro lado, em momentos de estresse, há aumento de adrenalina e cortisol — substâncias que também são, em parte, eliminadas por meio das lágrimas emocionais.
5. Tensão muscular seguida de relaxamento
O corpo fica tenso enquanto choramos, especialmente a face, o pescoço e os ombros. Depois, esses músculos relaxam, o que contribui para aquela sensação de “leveza” pós-choro.
6. Congestão nasal e olhos vermelhos
As glândulas lacrimais produzem muitas lágrimas que podem escorrer para o nariz, causando aquele famoso nariz entupido. Os vasos sanguíneos nos olhos se dilatam, deixando-os avermelhados.
Por Camila Souza Crepaldi