Durante a menopausa, muitas mulheres enfrentam um desafio maior quando se trata de perder peso. Isso ocorre devido às mudanças hormonais significativas que tornam o metabolismo mais lento, exigindo, para o emagrecimento, uma abordagem mais cuidadosa e adaptada a essa fase da vida.
“Mesmo comendo bem e praticando atividade física, elas costumam notar maior acúmulo de gordura no abdômen e têm cada vez mais dificuldade em lidar com isso. Sabemos que a queda hormonal, principalmente do estrogênio e da testosterona, é um fator bem importante para essa relação”, explica o ginecologista Dr. Igor Padovesi, membro da North American Menopause Society (NAMS) e da International Menopause Society (IMS).
A nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), explica que, somado a essas mudanças, ocorre também a redução do metabolismo basal. “Porque a massa muscular reduzida resulta em menor gasto de calorias em repouso, que pode dificultar a manutenção do peso ideal, levar a alterações na composição corporal, com mudanças na distribuição da gordura corporal e aumento da gordura abdominal”, afirma.
Perigos da perda de massa muscular
O problema acaba sendo maior em mulheres que não praticam atividade física, segundo o Dr. Igor Padovesi. A alteração da composição corporal é percebida, segundo o médico, com o aumento do acúmulo de gordura aliada a uma redução da massa muscular.
Todavia, a Dra. Marcella Garcez destaca que a perda de massa muscular pode acarretar alguns problemas de saúde. “Os principais desafios nesse período estão relacionados à perda de massa muscular e à diminuição da força, que podem levar a uma pior qualidade de vida, pois a perda muscular está associada a uma série de problemas de saúde, como a redução da densidade óssea, aumento do risco de fraturas, diminuição do metabolismo basal e maior suscetibilidade a doenças cardiometabólicas, como diabetes, hipertensão arterial e obesidade”, explica.
Impactos da menopausa na saúde mental
Como o organismo está todo interligado, as mudanças hormonais podem fazer com que as mulheres se sintam mais cansadas, segundo o Dr. Igor Padovesi. “A menopausa aumenta muito o grau de ansiedade e de irritabilidade e aumenta a chance de depressão, já que há uma alteração dos neurotransmissores do cérebro”, explica a Dra. Deborah Beranger, endocrinologista, com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ).
Importância da terapia de reposição hormonal
Para enfrentar o desafio da perda de peso na menopausa, o Dr. Igor Padovesi esclarece que os hábitos saudáveis são importantes, mas o que mais ajuda é a terapia de reposição hormonal. “Ao repor esses hormônios nas doses certas e com os hormônios mais adequados (hoje usamos os bioidênticos), podemos ajudar a melhorar a composição corporal, facilitando o ganho de massa magra quando a paciente faz atividade física, e isso reflete na qualidade de vida. Obviamente a terapia hormonal também melhora vários outros sintomas que a mulher pode enfrentar nessa fase”, afirma.
O tratamento de reposição hormonal é feito conforme a necessidade do organismo de cada mulher. “O tratamento de reposição hormonal é individualizado em relação ao hormônio utilizado e a dose, que depende muito das queixas da paciente. E o tempo de duração, tanto para iniciar quanto para terminar, também varia”, explica a Dra. Deborah Beranger.
De qualquer maneira, a terapia de reposição hormonal deve ser realizada também com exercícios físicos e dieta. “Existem estudos que comprovam que a atividade física diminui muito a sensação de fogacho, então a paciente tem que fazer exercício regular, pelo menos três vezes na semana, por uma hora”, explica a endocrinologista.
Cuidado com a alimentação
Além da reposição hormonal e da prática de atividade física, elaborar um plano alimentar pode ser útil para prevenir a perda de massa muscular, especialmente com o consumo adequado de proteínas. “Proteínas de alto valor biológico, com todos os aminoácidos essenciais, como carnes magras, peixes, ovos, laticínios e leguminosas, devem estar presentes e distribuídas em todas as grandes refeições, diariamente. Porém, considerar a suplementação de proteínas ou aminoácidos específicos pode ser importante para bater a meta de consumo e preservar a síntese muscular”, diz a Dra. Marcella Garcez.
A nutróloga também ressalta que o consumo de carboidratos complexos, como grãos integrais, leguminosas, frutas e vegetais, ricos em vitaminas, minerais e fibras, podem contribuir para a saúde muscular. “Consumir alimentos ricos em antioxidantes, como frutas, vegetais, nozes e sementes, pode ajudar a reduzir o estresse oxidativo e apoiar a saúde muscular. Por fim, a hidratação adequada é essencial para o funcionamento muscular adequado”, finaliza.
Por Paula Amoroso